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Síndrome do Coração Partido

Os primeiros relatos sobre a Síndrome do Coração Partido surgiram no Japão, no início dos anos 90. Em 2001, um estudo foi publicado na revista do American College of Cardiology sobre a Acinesia Apical Transitória, nome científico dessa síndrome. Aqui no Brasil já foram diagnosticados vários casos.

Os sintomas simulam um infarto do miocárdio. O paciente tem dor no peito, menos intensa que o habitual. Existem alterações no eletrocardiograma e nas enzimas cardíacas. Como podem ocorrer arritmias graves na fase aguda, o paciente deve ser internado numa UTI. Tudo parece ser um infarto do miocárdio, mas o ecocardiograma e a cinecoronariografia revelam falhas na contração da ponta do ventrículo esquerdo. As coronárias permanecem normais, sem qualquer obstrução. Por isso o diagnóstico diferencial com o infarto do miocárdio é importante. Parece ter havido um acidente vascular, mas o que houve foi algo que dá uma sintomatologia muito semelhante, mas que tem uma recuperação do coração espontânea e total, sem sequelas e com raríssimas repetições do quadro.

Causas? Desconhecidas por enquanto. Várias teorias falam da liberação da adrenalina e da noradrenalina em casos de estresse. Estas atuariam sobre a enervação da ponta do coração, impedindo sua contração.
É, portanto, uma doença que simula um infarto, com dores no peito depois de uma situação de estresse. Afeta principalmente mulheres, com 80% dos casos confirmados. Por quê? Não sabemos as respostas. Teria ligação com as situações que “partem” o coração? Também não sabemos. Por enquanto. Quais são estes relacionamentos, possíveis causas dessa síndrome? São, na minha opinião, relacionamentos em que ocorre uma desilusão.
Vimos quanto a imposição de limites é fundamental para a conquista de um ajustamento e de relacionamentos maduros e saudáveis. O que acontece com os relacionamentos sem limites? Vamos ver dois deles. A Simbiose e a Paixão.

Simbiose

A forma mais resumida que podemos usar para descrever o ajustamento humano é dizer que o ser humano censura as emoções que não correspondem aos seus valores. Ele tem um conflito constante entre o que deseja e o que deve fazer. Platão tem uma forma metafórica de descrever tal conflito. Compara o ser humano a uma carruagem puxada por cavalos – as emoções. Cada cavalo deve realizar sua função. O agressivo quer matar, o afetivo quer estar junto, o sexual quer transar, etc. Seria o caos se não houvesse o cocheiro – a razão, que vê para onde os cavalos devem ir e, com as rédeas – a vontade, dirigir os cavalos para onde ele deseja.

Embora cada caso seja um caso, acho que desajustes podem ser divididos em dois grandes times. O primeiro é o dos que hipertrofiam o cocheiro e atrofiam os cavalos. O time dos lógicos, racionais. Eu os chamo de formigas. O outro time, complementar, é constituído dos que eu chamo de cigarras, que hipertrofiam os cavalos e atrofiam o cocheiro. A simbiose é um termo “roubado” da biologia: sin = junto, bio=vida. A fusão da alga com o fungo dá origem ao líquen. Em psicologia ambos – a cigarra e a formiga – formam uma unidade, um passando a viver no outro a parte que tem atrofiada em si mesmo, formando uma unidade em que um deles passa a ser o cocheiro do casal – aquele que pensa e decide, e o outro passa a ser os cavalos nessa nova unidade – a parte que vive e sente. Daí em diante, um não pode viver sem o outro.

Mas a formiga passa a viver na cigarra uma parte que ela condena em si mesma – as emoções. Passa-se algum tempo e ela começa a condená-las na cigarra. Com esta acontece o mesmo: vive no outro algo que condena em si mesma, o controle. E dentro de algum tempo estará condenando-o também no outro. Ambos começarão a fazer força para que o outro deixe ser da forma que os atraiu. Não podem viver sem o outro, mas também não podem viver com o outro. A ruptura deste vínculo é dolorosa porque, quando eu o faço, estou perdendo uma parte de mim mesmo. Além disso, é inútil porque, como eu continuo sendo uma metade, vou refazer a simbiose com a primeira metade complementar que passar na minha frente.

Tenho consciência de que a apresentação feita até aqui é radical. Acredito que em todos os vínculos existe um pedaço simbiótico que dá o equilíbrio ao casal. O metódico e organizado se equilibra com a emocional e espontânea, e vice-versa. Isto é normal. Torna-se patológico quando um parceiro abafa totalmente uma parte de si mesmo para vivê-la integralmente no outro – ao mesmo tempo que o condena.

Existe também uma outra forma de relacionamento sem limites, que é a paixão.

Paixão

Sem dúvida alguma, é o período do relacionamento em que as emoções são sentidas com a maior intensidade. Intenso amor, imenso tesão, muito medo, raivas profundas, imenso tesão, intenso amor. A paixão é o que desencadeia a maior parte dos vínculos e, por isso, é desejada por todos. Eu a vejo como um tipo de relacionamento sem limites.

Na visão freudiana é narcísica. A conhecida história do homem que se apaixona pela própria imagem refletida num lago é a visão que tenho da paixão. É um relacionamento da pessoa consigo mesma projetada no outro. Descrevo a paixão da seguinte forma: uma pessoa conhece um frango. Começa a enfeitá-lo com penas de pavão. E se apaixona… pelo pavão que ela mesma criou. Isto explica a segunda característica da paixão. Ela é garantida pela impossibilidade. Todas as histórias de paixão têm, embutidas em si, a impossibilidade de realização. A mais famosa, a de Romeu e Julieta, tem a impossibilidade garantida pelo ódio entre os Capuletto e os Montechio.

Entre Tristão e Isolda, interpunha-se a impossibilidade criada pelo fato de ser Isolda a esposa do tio de Tristão. Nesta história, aliás, vemos com clareza a impossibilidade como manutenção da paixão. Tristão e Isolda foram amantes ardorosos na corte. Descobertos, fugiram para uma floresta. Passa-se o tempo e acaba o efeito da poção de amor que a mãe de Isolda lhe dera e que havia desencadeado a paixão que os uniu. Eles acabam voltando para a corte, a impossibilidade se restabelece e…. a paixão volta, agora sem o artifício da poção do amor.

É a impossibilidade que garante a paixão pelo pavão. Se esta impossibilidade deixar de existir e houver a posse, a convivência faz com que as penas comecem a cair e a pessoa se veja diante de um frango. Desiludida, porque tinha se iludido. Resta a possibilidade do amor. Ou a desilusão. Estamos condenando a paixão? Não! Ela continua sendo o período em que as emoções são sentidas com a maior intensidade, o período de maior descarga de endorfinas, a droga da felicidade. Eu teria pena de alguém que passasse a vida sem senti-la. Mas tenho pena de quem a situa no seu ego idealizado. De quem só se sente vivendo se está apaixonado, porque esta pessoa jamais vai construir um vínculo sólido. Apaixona-se, conquista o objeto da paixão, esta acaba como consequência do convívio e parte em busca de nova paixão, novo vínculo

Sem qualquer condenação da paixão, é o amor que deve estar no ego idealizado, naquilo que tenho como objetivo conquistar. Um relacionamento de duas pessoas que se estimulem para um crescimento mútuo, que não se completem numa nova unidade. Quando as penas do pavão, que causavam a intensidade dos sentimentos, começam a cair, é que começa o relacionamento real, diuturno, com o outro, que foi metaforizado neste artigo como o frango. Por este é possível sentir uma emoção mais sólida, mais firme, mais intensa. Ou não sentir nada. Ou, os dois mecanismos, simbiose e paixão, se somam, e o que resta é o esforço para que o outro deixe de ser da maneira que me atraiu.

Em resumo, nos dois mecanismos, o que “parte o coração” é a desilusão. Que só pode acontecer quando a gente se ilude.

Dicas do Autor do Livro para quem quer se DESAPAIXONAR

a cura do “coração partido”
Por: Dr. Arnaldo Schizzi Cambiaghi

Tenho comentado em todas as minhas publicações que a minha escolha pela especialidade médica de ginecologia não foi ao acaso. Ela foi fundamentada no desejo de fazer o que há de melhor pela mulher e de procurar protegê-la de todos os desconfortos da vida. O meu envolvimento tem sido sempre com os cuidados da saúde física, psicológica e emocional, mas o que até hoje eu não havia ainda revelado é a preocupação que tenho com a saúde afetiva das mulheres. Acredito que o bem-estar afetivo delas corresponde ao quarto pé de uma mesa, que sem ele dificilmente conseguirá o equilíbrio e a estabilidade. O capítulo “Síndrome do Coração Partido” teve a sua inclusão neste livro inspirada naquilo que observo no dia-a-dia na minha vida particular e na rotina do consultório: namoros interrompidos, casamentos desfeitos, mulheres traídas e abandonadas, além de muito choro e muito desgosto. Embora o homem também passe por isso, o público masculino não é alvo da minha sensibilidade e, além do mais, tenho certeza que o conteúdo que está sendo agora relatado servirá para ambos os sexos. É muito triste ver uma mulher frustrada por ter sido deixada pela pessoa que ama.

Neste período o comportamento da mulher mostra desconcentração de assuntos importantes da vida, palavras sem nexo, pensamentos confusos e tremores nas pernas, falta de ar, o coração dispara, tendo a sua mente direcionada o tempo todo para a pessoa amada. Sente saudades 24 horas por dia, e em todo lugar que vai imagina como seria se estivesse junto dela. A sensação, além da perda da pessoa amada, é de perceber que as tarefas e os planos que eram compartilhados deverão ser, de agora em diante, realizados e sonhados individualmente. É frustrante. Lembrar dos momentos em comum, ouvir as músicas do casal, olhar fotos dos bons tempos e reviver com saudades o passado que se foi pode ser um hábito difícil de abandonar, mas é importante tentar tornar este processo menos doloroso. É um período de luto quase obrigatório após o fim de um relacionamento, mas deve-se ter em mente a necessidade de reerguer-se. Neste período de “coração partido” existem manifestações orgânicas reais de que participam substâncias hormonais: adrenalina, serotonina, dopamina e noradrenalina, que podem causar palpitação, nó na garganta, aumento da pressão arterial, aceleração dos batimentos cardíacos, desequilíbrio do humor, do sono, ansiedade, e até agressividade.

Mas tudo isso não significa que estar apaixonada não vale a pena. A paixão é um sentimento ímpar que pode ter duração mínima ou ser eterno, tornando-se com o tempo o amor verdadeiro. Feliz é aquele que pelo menos uma vez na vida experimentou este sentimento, pois quando está presente e é correspondido provoca muito prazer, dá a motivação para um novo dia e a alegria de viver. Entretanto, se não for correspondido, ainda assim vale a pena, apesar de ser dolorido. Neste caso é melhor esquecer. E quanto mais rápido, melhor.
Por isso, aqui vão algumas dicas obtidas com a minha experiência de vida que podem exterminar com eficácia esta sensação desagradável do desprezo.

10 dicas

  1. Procure uma companhia interessante e não busque qualidades do seu amor perdido, porque certamente ela não as terá. Cada um tem seus próprios encantos. Tente encontrá-los.
  2. Procure focar os defeitos que ele tem. Não existe ninguém perfeito. Tente sempre lembrar os inconvenientes que esta relação proporcionou a você. Sempre tem.
  3. Não busque nos pequenos gestos de carinho que o amado ainda possa ter com você uma esperança de retorno ao romance. Estas atitudes podem significar simplesmente respeito, admiração, amizade, e conforme o seu comportamento, até pena de você. Sem dúvida, um sentimento medíocre que ninguém merece. Além do mais o tempo se encarregará de fazer que você o esqueça e que ele reconheça o quanto você é especial. Pena (para ele): será tarde demais!!! O “tempo” é ainda o melhor remédio.
  4. Converse sobre o assunto somente com pessoas de sua intimidade. Falar de um amor frustrado afasta possíveis pessoas interessadas em você e ainda passa a impressão de você ser uma perdedora.
  5. Não tenha medo de ir aos mesmos lugares que você frequentava com ele. Com o tempo as lembranças vão sendo substituídas pelos acontecimentos mais recentes.
  6. Não mude em nada a sua rotina. Curta a vida e lembre-se: Quando um relacionamento acaba é porque outro vai se iniciar. Será melhor! Se uma porta se fecha aqui, outras portas se abrem ali.
  7. Fique sempre linda e maravilhosa todos os dias e horas da semana e do mês. Mantenha o bom humor.
  8. Evite atitudes radicais como mudar o corte e a cor do cabelo ou o seu tipo de roupa achando que assim irá agredi-lo. Além de não causar nenhum efeito positivo a seu favor, você poderá fazer um papel ridículo. A não ser que isto a ajude melhorar sua autoestima.
  9. Lembre-se de alguns provérbios populares como: “Rei Morto, rei posto” e “A fila tem que andar”.

E mais…

10. Aproveite os momentos de saudades e faça reflexões sobre seu relacionamento com ele. Pense sobre os eventuais erros que você cometeu e tire proveito disso para não repeti-los num próximo romance. Não se aflija e nem se arrependa de nada, pois nesse mundo ninguém é perfeito. Todos erram e procuram se corrigir.

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