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Infertilidade Masculina Ser ou não ser fértil

1) Qual a participação do homem como causa de infertilidade?

R: Quinze por cento dos casais em idade reprodutiva que estão desejando a gravidez e tem relações sexuais frequentes nos dias férteis deverão ter dificuldades em obter sucesso. Dessa parcela, um terço das causas cabe à mulher, um terço ao homem e um terço a ambos ou não têm justificativa. Portanto, de todas as causas de infertilidade, o homem é responsável pela metade delas.

2) É correto começar um tratamento sem a investigação da causa masculina?

R: É totalmente errado e injusto com a mulher. Se a ele cabe 50% das causas, não existe razão para submetê-la a exames e tratamentos que podem ser inúteis, caso o motivo da falta da gravidez seja o homem.

3) Quais são os exames mais importantes para a pesquisa da fertilidade do homem?

R: O mais simples e fundamental é o espermograma, colhido por meio da masturbação. Outros exames como o ultrassom da bolsa escrotal e a avaliação hormonal e cromossômica ou genética são solicitados quando o espermograma for alterado ou quando houver suspeita de outros diagnósticos. Obs: esses exames estão descritos em detalhes no capítulo 3.

4) Quais são as principais causas de infertilidade masculina?

R: A principal é a varicocele, que são veias dilatadas ao redor dos testículos, semelhantes a varizes. Essas veias dilatadas aumentam a temperatura local, interferindo na fabricação dos espermatozoides. Aparecem em 15-20% da população masculina em geral, 35-40% dos homens com infertilidade e 60-80% dos homens com infertilidade secundária, isto é, já tiveram filhos numa época anterior. Outras causas são as infecções e as causas genéticas.

5) A varicocele deve ser sempre tratada?

R: Nem sempre. Muitos homens com filhos tem varicocele e nem por isso foram tratados, nem mesmo tiveram esses diagnóstico na época que engravidaram as esposas. A varicocele nem sempre traz repercussões na fertilidade masculina. Ela é avaliada principalmente pelo exame clínico e ultrassom.
Existem três graus de varicocele. O grau I é considerado de pequena repercussão sobre a fertilidade. Os graus II e III são considerados importantes, e se estiverem causando repercussões na saúde reprodutiva ou dor, devem ser tratados cirurgicamente. O mais importante na avaliação é o exame clínico. A varicocele que é vista somente pelo ultrassom (subclínica) não tem indicação cirúrgica.

6) Como é a cirurgia de varicocele?

R: A cirurgia é feita em hospital sob anestesia geral ou raqui. A intervenção dura cerca de duas horas e a alta hospitalar é de 12 a 24 horas. As incisões são pequenas e próximas à pube.
Durante a cirurgia, as veias dilatadas são ligadas e não retiradas. A recuperação é de dois a três dias para atividades cotidianas como, por exemplo, o trabalho sentado, e de sete dias para trabalhos que exijam maior movimentação. Exercícios físicos poderão ser feitos somente 30 dias após a intervenção.

7) Quanto tempo demora para serem observados os resultados?

R: Demora de 6 a 18 meses. Os primeiros exames não costumam demonstrar melhora. Deve-se aguardar esse período para concluir se houve ou não sucesso da intervenção. Em média, os pacientes que engravidam após cirurgia aguardam 9 meses.

8) A cirurgia de varicocele (varicocelectomia) garante a melhora do sêmen?

R: Nem sempre. Mesmo sendo corretamente indicada e operada por um especialista, 30% desses homens não têm melhora da qualidade do sêmen, concentração, motilidade ou morfologia. O parâmetro de maior influência é a motilidade. Por essa razão, a indicação cirúrgica deve ser bem avaliada e se adequar à perspectiva do casal; à vontade do homem em se submeter à cirurgia, espera pela recuperação pós-operatória e às reais chances de sucesso.

9) Quando a varicocele for de Grau III, a cirurgia deverá ser sempre indicada?

R: Não. A não ser que esteja causando infertilidade ou se existe atrofias testicular. Há situações em que de nada adiantará a intervenção. Casais cuja mulher tem problemas tubários, que por si só impedem a gravidez, não terão chance maior de gestação.
Se a Fertilização In Vitro já estiver indicada, por problemas da mulher, a cirurgia não irá aumentar a chance de sucesso. Mulheres que estão ao redor dos 40 anos têm, a cada ano, chances menores de engravidar. As vantagens da cirurgia, nesses casos, normalmente não compensam o tempo de espera e a consequente diminuição da fertilidade feminina.

10) Quais são as infecções genitais mais comuns que interferem na fertilidade?

R: As mais importantes são: Neisseria Gonorréia, Clamydia Trachomatis, Ureaplasma Urealyticum e Mycoplasma Homimis.
Todos esses são diagnosticados por exames laboratoriais e tratados com antibióticos, sem dificuldades.

11) Quando deve ser solicitado o ultrassom dos testículos?

R: Quando for necessária uma avaliação complementar do exame clínico. Avalia-se a presença da varicocele, se houver necessidaEis as Questões e Respostas de, e o tamanho dos testículos. Este tamanho, no caso da falta de espermatozoides (azoospermia), nos dá a ideia inicial da capacidade que os testículos têm de fabricá-los. Este dado, associado ao resultado do espermograma, exame clínico e dosagens hormonais, indicará a necessidade de biópsia testicular (veja detalhes na pergunta de número 22).

12) O que é criptorquidia?

R: É uma situação congênita onde os testículos não migraram para a bolsa escrotal até o dia do nascimento da criança. Os testículos ficam dentro do abdômen ou no canal inguinal. Quando esse diagnóstico é feito, a criança deverá ser submetida a uma intervenção cirúrgica até os dois anos. Caso contrário, se esses testículos permanecerem dentro do abdômen por muito tempo, haverá alteração na produção dos espermatozoides.

13) O que é anticorpo antiespermatozoide?

R: É um anticorpo detectado no sêmen na realização do espermograma. O exame mais simples chama-se Immunobead Test (Teste das Imunoesferas). A presença deste anticorpo atrapalha a fertilização espontânea. Existem exames mais sofisticados como IgG, IgM e IgA, que avaliam os anticorpos. São caros, poucos laboratórios os fazem, mas, podem ser úteis.

14) Os maus-hábitos de vida podem interferir na qualidade do sêmen?

R: Sim. O maior vilão é o cigarro, que comprovadamente interfere na concentração do sêmen e também diminui as chances de resultados positivos nos tratamentos de Reprodução Assistida. Homens que fumam têm chance menor de gravidez. O álcool, estresse e exercícios em excesso atrapalham. Drogas como maconha, cocaína, heroína e anabólicos também. O uso de roupas apertadas na região da bolsa escrotal e a obesidade podem ser fatores prejudiciais. Corrigir os hábitos de vida é fundamental para qualquer indivíduo que esteja querendo ter filhos.

15) Vitaminas e sais minerais podem melhorar a fertilidade masculina?

R: Embora não haja comprovação científica, suplementos como vitamina E, vitamina C, ácido fólico, zinco, selênio, ômega 3 e outras com função antioxidante podem melhorar a qualidade do esperma. Os antioxidantes combatem os radicais livres, substâncias consideradas tóxicas para o organismo. Os alimentos principais fontes de zinco são: carne bovina, fígado de galinha, carne de peru escura, ostra, feijão e gérmen de trigo. Para ácido fólico, as principais fontes de alimentos são: feijão, lentilha, grão de bico, espinafre, alface romana, brócolis, fígado de galinha, laranja e abacate. Quanto a vitamina D, chamada a “vitamina do sol”, algumas publicações têm demonstrado que quando estiver abaixo dos níveis normais,
existe influência negativa na capacidade reprodutiva das mulheres. A dosagem é feita no sangue. Níveis de 250H vitamina D inferiores a 30 devem ser tratados por medicamentos via oral.

16) Existem outras drogas que podem melhorar a qualidade do sêmen?

R: O clomifeno, a anastrozole, letrozole e o pentoxifilina são muitas vezes receitados, mas as indicações são restritas e as vantagens limitadas. Até hoje não foi demonstrado aumento da taxa de gravidez com o uso destas drogas quando forem utilizadas sem indicação.

17) Existem drogas que podem prejudicar a qualidade do sêmen?

R: Algumas drogas podem prejudicar como Cimetidine, utilizada no tratamento de úlceras; a Sulfazaline, utilizada no tratamento de infecções intestinais; Quimioterapias, utilizadas no tratamento de câncer e a Finasterida, utilizada em tratamentos da próstata e alopécia (crescimento de cabelos).

18) Quais são os principais hormônios que devem ser dosados?

R: As dosagens hormonais são indicadas em exames que demonstram uma concentração baixa de espermatozoides. Os principais hormônios são: FSH, LH, Testosterona, Androstenediona, Sulfato de Hidroepiandrotenedeona, Prolactina e Estradiol.

19) Quando será indicada a avaliação genética ou cromossômica?

R: Quando houver uma quantidade baixa de espermatozoides, inferior a cinco milhões. Acima dessa concentração, as alterações genéticas e cromossômicas são praticamente inexistentes. Nos homens azoospérmicos (ausência de espermatozoides) essa pesquisa é obrigatória.

20) Quais as principais alterações cromossômicas que interferem na fertilidade?

R: Primeiro inicia-se a investigação pelo cariótipo, exame de sangue que dá um “mapa geral” dos cromossomos do indivíduo. Depois são solicitados exames específicos como Síndrome de Kallmann, Kartagener, Síndrome de Klinefelter, Microdeleção do cromossomo Y, Prader-Willi, Síndrome X Frágil, Fibrose cística, Kennedy Disease.

21) Quando é realizada a biópsia testicular?

R: É indicada para elucidar a origem da azoospermia – se obstrutiva (obstrução dos ductos que levam os espermatozoides do testículo para o exterior na ejaculação) ou não-obstrutiva (falha de fabricação dos espermatozoides no testículo). Com os novos recursos, que elucidam cada vez melhor os diagnósticos a cada dia, este procedimento hoje em dia é pouco realizado.

22) Quais são as maneiras de se obter espermatozoides diretamente do testículo ou do epidídimo (região que está perto do testículo)?

R: São 5 maneiras feitas sob anestesia local ou sedação profunda.
Cada técnica tem a sua indicação específica.
– TESA (Testicular Sperm Aspiration) – aspiração dos espermatozoides diretamente do testículo, realizada com uma agulha e seringa de injeção simples.
– PESA (Percutaneous Epididymol Sperm Aspiration) – é semelhante ao anterior, só que a aspiração é realizada diretamente do epidídimo.
– MESA (Microsurgical Epididymol Sperm Aspiration) – os espermatozoides são recuperados do epidídimo por meio de uma microcirurgia. É realizada uma incisão no epidídimo e, expostos, os espermatozoides são obtidos. A vantagem está na grande quantidade de espermatozoides obtidos.
– TESE (Testicular Sperm Estraction) – é realizada uma pequena incisão na bolsa escrotal, o testículo é exposto e os espermatozoides são retirados.
– MICRODISSECÇÃO – é uma cirurgia feita com microscópio e que proporciona uma melhor recuperação dos espermatozoides. É um procedimento mais avançado que o TESE, mas necessita de internação e equipamento mais sofisticado e tem um custo maior. Indicado nos casos de azoospermia não-obstrutiva.

23) O que é o Banco de Sêmen?

R: É um Banco onde ficam estocados e congelados o sêmen de doadores. Esses doadores devem ter as seguintes características: fertilidade comprovada, idade entre 21 e 40 anos, integridade física e mental comprovada e, sempre, anônimos.

24) Quem são os homens candidatos a usar Banco de Sêmen?

R: São homens azoospérmicos, que não têm espermatozoides no epidídimo ou no testículo. Portanto, não existe nenhuma possibilidade de se obter espermatozoides. Não são encontrados nem mesmo espermatozoides jovens que possam ser maturados em laboratório.

25) Como são escolhidos as amostras de sêmen?

R: O Banco de Sêmen fornece às clínicas de reprodução humana um catálogo numerado. Cada número corresponde a um doador que vem seguido das suas características físicas e pessoais: Raça, tipo de sangue, tipo físico, estatura, cor dos olhos, cabelo, pele, qualificações profissionais, hobby etc. A amostra escolhida deverá estar em harmonia com as características físicas e de personalidade do futuro papai.
Uma alternativa interessante são os “Bancos de Sêmen Internacionais”, que, quando comparados aos bancos no Brasil, oferecem um número maior de opções de doadores e com mais detalhes físicos e psicológicos de cada um deles.

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