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No IPGO, Mulher congela óvulos aos 46 anos e é mãe aos 50

Tratamento realizado no IPGO é apresentado pela Equipe no 6º Congresso Internacional IVI, na Espanha, um dos mais importantes da área de reprodução humana.

(Título do trabalho apresentado: A preservação da fertilidade deve ser oferecida a mulheres em idade avançada? – Relato de um caso de gravidez bem sucedida em que foram utilizados oócitos vitrificados de uma mulher de 46 anos de idade)

Já é sabido que mulheres não produzem novos óvulos após o nascimento e que a reserva ovariana decresce com a idade. Para algumas, a fertilidade já começa a diminuir a partir dos 30 anos. O grau de declínio varia de mulher para mulher, mas este envelhecimento é maior após os 35 anos e permanece de forma contínua até a menopausa. Muitas delas se afligem frente a esta realidade. O que sempre enfatizo é que o congelamento de óvulos é uma saída que pode minimizar esta angústia. Sempre lembrando que o ideal é que seja feito antes dos 35 anos.

A pergunta que nos é frequentemente feita é qual o limite de idade da mulher para que este procedimento possa ser realizado? Até quantos anos de vida ainda pode ser recomendado o congelamento (vitrificação) de óvulos? 36, 38? 40? 42?

Em maio de 2010, uma paciente aos 46 anos, após pesquisar suas opções, escolheu adiar a gravidez e congelar seus óvulos. Apesar da procura por esse procedimento não ocorrer nessa faixa etária, pois a premissa é que os resultados serão negativos, ela estava decidida. Como médico, fui bem franco e disse que suas chances eram praticamente nulas, que não havia casos semelhantes que obtiveram sucesso, mas ela insistiu. Percebi que estava bem consciente de sua escolha e resolvi atender seu pedido.

Ela me disse que optou por adiar o tratamento porque em alguns anos se aposentaria e sua intenção era ela própria cuidar dos filhos e não uma babá. Assim, postergou seu sonho por mais quatro anos. O protocolo para a estimulação ovariana foi seguido e quatro óvulos foram congelados. Quatro anos depois , quando ela estava com 50 anos de idade, me procurou decidida a iniciar a preparação do endométrio para tentar a transferência de embriões. No décimo dia de estimulação, o endométrio atingiu 10,8 mm e os ovócitos foram descongelados. Neste dia, os espermatozoides foram obtidos por aspiração percutânea (PESA), pois seu marido havia feito vasectomia há mais de 30 anos.

Três embriões foram formados e transferidos. Onze dias depois o teste de gravidez foi realizado: Beta hcg +. Dias depois, um ultrassom mostrou um embrião com batimentos cardíacos. A gestação teve desenvolvimento fetal normal e sem complicações clínicas. Às vésperas de completar 51 anos, a paciente deu à luz uma menina. A criança nasceu de cesárea, pesando quase quatro quilos e medindo 50 cm. Três dias depois, mãe e filha estavam ótimas, tiveram alta e foram para casa.

AFINAL, EXISTE IDADE LIMITE PARA O CONGELAMENTO DE ÓVULOS?

Após essa experiência, a conclusão a que chegamos é que a medicina está sempre nos surpreendendo. Apesar da maioria dos resultados de congelamento de óvulos em mulheres com idade avançada ser negativo, este limite ainda não está estabelecido e por isso pode, sim, ser oferecida a estas mulheres. No entanto, elas devem ser informadas sobre suas chances reduzidas de sucesso e é fundamental realizar uma avaliação clínica detalhada para garantir a segurança da gravidez.

CONHEÇA O RESUMO DO TRABALHO APRESENTADO

A preservação da fertilidade deve ser oferecida a mulheres em idade avançada? Relato de um caso de gravidez bem sucedida em que foram utilizados oócitos vitrificados de uma mulher de 46 anos de idade.

A criopreservação de oócitos humanos é uma técnica disponível para preservar a fertilidade nas mulheres que necessitem retardar a gravidez por inúmeras razões. A idade da mulher é fundamental para a qualidade do oócito, com taxas muito baixas de sucesso em idades avançadas. Nós relatamos um caso de gravidez bem sucedida após a vitrificação de oócitos realizada em idade avançada.

Uma mulher de 46 anos de idade, veio à nossa clínica em maio de 2010 pedindo a preservação da fertilidade. Apesar da baixa chance de sucesso nesta idade, ela decidiu vitrificar seus oócitos. O protocolo para a estimulação ovariana foi hMG, letrozol, acetato de cetrorrelix e hCG recombinante. Cinco oócitos foram recuperados em metáfase II. Todos eles foram vitrificados com o método cryotop. Em julho de 2014, com 50 anos de idade, ela decidiu iniciar a preparação do endométrio para tentar a transferência de embriões. No 10º dia de estimulação, o endométrio atingiu 10,8 mm e os oócitos foram descongeladas. Neste dia, os espermatozóides foram obtidos por aspiração percutânea de espermatozóides do epidídimo, uma vez que seu marido de 80 anos de idade tinha sido vasectomizado. Todos os oócitos sobreviveram e foi realizada injeção intracitoplasmática de espermatozoide. Três embriões foram formados e transferidos no 3ºdia. Beta-hCG foi 103,1 mUI / mL após 12 dias. O ultrassom mostrou um embrião com batimentos cardíacos. Exame morfológico de primeiro trimestre foi normal. A gestação seguiu bem, com desenvolvimento fetal normal e sem complicações clínicas. A criança nasceu de parto cesária com 39 semanas e pesando 3,910, sem intercorrências.

Conclusão: Apesar dos resultados ruins, a preservação da fertilidade pode ser oferecida a mulheres em idade avançada. No entanto, ela tem que ser informada das poucas chances e é fundamental uma avaliação clínica detalhada para garantir a segurança de uma gravidez.

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