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Ansiedade e Depressão

“As patologias são, em um certo sentido, o espelho da cultura de uma época.” Este capítulo pretende discutir duas experiências emocionais bastante comuns nos dias atuais: os Transtornos Ansiosos e os Transtornos Depressivos. Sabemos que uma abordagem que visa a compreender o homem como um ser biopsicossocial é necessária para entendermos o contexto dos problemas mentais. Nunca o ser humano viveu uma época de sua história tão complexa e agitada como vive atualmente.
O estresse diário e os diversos problemas sociais e econômicos exigem cada vez mais do indivíduo no seu ambiente de trabalho e nas esferas pessoal e familiar. No trabalho temos maior competitividade e menor tempo para processar informações. Estamos na era da internet e da globalização e somos obrigados a conviver constantemente com a sensação de que é sempre impossível acompanhar o ritmo das mudanças. Imperam os ideais de beleza, felicidade e consumo, e quem não os alcança sente-se frustrado e excluído de um sistema que valoriza o status econômico e a imagem perfeita.

As mulheres também vêm sofrendo dos males atuais, quase sempre tendo o dobro de chance de apresentar algum Transtorno Ansioso ou Depressivo quando comparadas aos homens. Assistimos à transformação do papel feminino na sociedade, desencadeando ao mesmo tempo novas angústias. Mesmo já ocupando um lugar mais garantido no mercado de trabalho, a mulher sofre com as decisões entre sua vida profissional e pessoal, principalmente no que diz respeito ao momento de ter filhos e iniciar uma família. Poderíamos traçar inúmeras situações externas que criam um cenário bastante propício para que medos inexplicáveis, ansiedades intensas e diversas angústias provoquem uma exagerada inquietação psíquica. Aliviar este desconforto mental, lidar com o estresse da vida moderna não é tarefa fácil, e algumas pessoas até adquirem comportamentos nocivos à própria saúde, como: o uso inadequado das drogas, a descompensação alimentar e a ingestão abusiva de álcool, apenas para citar alguns deles.
Na verdade, estamos o tempo todo expostos a sentir as ansiedades normais desencadeadas pela época em que vivemos. Estas vivências associadas a fatores internos, ou seja, à nossa personalidade, e à nossa história familiar, aos nossos medos e fantasias acabam por transformar as ansiedades normais em algo mais patológico, e com isto trazem muito sofrimento quando não cuidadas adequadamente. Algumas características e sintomas físicos da Ansiedade e da Depressão, males tão atuais, serão descritos de forma simples e objetiva. Toda sintomatologia é algo necessário para compreendermos a dimensão biológica da doença. No entanto, não podemos dissociar o corpo e o psíquico, pois estes estão em constante interação. Até os mais inesperados e inexplicáveis sintomas apresentam seu representante emocional, mesmo que estes permaneçam inacessíveis à consciência, os quais precisam de atenção e cuidados com igual nível de importância no endereçamento desses males.

Ansiedade e Transtorno do Pânico

A ansiedade é um sentimento de apreensão desagradável, vago, acompanhado de sensações físicas como vazio (ou frio) no estômago (ou na espinha), pressão no peito, palpitações, transpiração, dor de cabeça, ou falta de ar, dentre várias outras.
A ansiedade é um sinal de alerta, que adverte sobre perigos iminentes e capacita o indivíduo a tomar medidas para enfrentar ameaças. Normalmente a ansiedade normal prepara o indivíduo para lidar com situações potencialmente danosas, como punições ou privações, ou qualquer ameaça à integridade pessoal, tanto física como moral. Desta forma, a ansiedade prepara o organismo a tomar as medidas necessárias para impedir a concretização desses possíveis prejuízos, ou pelo menos diminuir suas conseqüências. Portanto, a ansiedade é uma reação natural e necessária para a autopreservação.

No entanto, a ansiedade do dia-a-dia pode se transformar aos poucos em uma ansiedade patológica, desproporcional, e trazer prejuízos e doenças ao indivíduo, denominando-se assim os Transtornos de Ansiedade. O mais conhecido dos transtornos é o Transtorno de Pânico (TP), um conjunto de alterações fisiológicas, comportamentais e emocionais. A característica básica do TP é a presença de ataques de pânico recorrentes e inesperados, seguidos de pelo menos um mês de preocupação persistente acerca de ter um outro ataque. Toda essa situação provoca enorme sofrimento aos indívíduos que tentam se livrar dessas crises, principalmente aqueles que não estão fazendo o tratamento adequado.

O psiquiatra Mario Eduardo Pereira, especialista no trabalho com o Transtorno do Pânico, descreve as angústias de um ataque:


“Devido a seu caráter de afeto extremo e excessivo, o Ataque de Pânico conduz à paralisia das funções anímicas ao mesmo tempo que desencadeia no plano motor a fuga desatinada. A intensidade da característica dos sintomas corporais dão ao sujeito a convicção de que uma catástrofe orgânica está em pleno processo de instalação. Dessa forma fica claro imaginar o carácter aterrorizante de ameaça imediata contra a vida, como se alguma coisa muito grave do ponto de vista corporal estivesse acontecendo. O medo de sufocar e de morrer persiste por muito tempo, mesmo após terminada a crise. Esses temores parecem os correspondentes de uma experiência corporal insuportável e incompreensível.”

O indivíduo que sofre um ataque de pânico passa por um sofrimento agudo e uma ansiedade generalizada, visto que o início do ataque é súbito e aumenta rapidamente, atingindo um pico, em geral, em 10 minutos ou menos. Esses ataques são acompanhados de um sentimento de perigo ou catástrofe iminente e um anseio por escapar. Alguns dos sintomas somáticos ou cognitivos são: palpitações, sudorese, tremores ou abalos, sensações de falta de ar ou sufocamento, sensação de asfixia, dor no peito, náusea, tontura, medo de perder o controle ou de “enlouquecer”, medo de morrer, calafrios e ondas de calor.

De maneira geral, após o ataque de pânico o indivíduo sente-se envergonhado, desmoralizado, mais ansioso e muito cansado. Qualquer comunicação com a pessoa durante a crise é dificultada por seu estado de desespero e medo, e sentimento de desamparo.
Existem três tipos de ataques de pânico: inesperados (não é possível associar o início a um ativador interno ou externo); esperados (ocorrem quando a pessoa é exposta ao ativador do ataque, geralmente um ativador fóbico), e os predispostos por uma situação (estão associados a um ativador mas não necessariamente em todos os ataques).

A incidência do TP nas pessoas é de 3.5% a 3.8% ao longo da vida. Acomete em média o dobro das mulheres em relação aos homens e mais adultos jovens, em média dos 25 aos 44 anos de idade. A maior incidência na fase adulta, de maior produtividade implica também maiores prejuízos no trabalho, o que leva muitos homens a procurarem tratamento.

A Ansiedade generalizada, a Depressão e a Agorafobia também são doenças que podem estar associadas ao Transtorno do Pânico. A Agorafobia caracteriza-se por uma ansiedade acerca de estar em locais ou situações das quais escapar poderia ser difícil (ou o indivíduo se sentir envergonhado), ou nas quais o auxílio pode não estar disponível na eventualidade de um ataque de pânico. A ansiedade e o medo podem levar o indivíduo a se esquivar de inúmeras situações que possam ser temidas, restringindo e comprometendo os relacionamentos sociais, profissionais e familiares. Alguns exemplos podem ser descritos como: medo de estar sozinho ou em meio a uma multidão; viajar de automóvel, ônibus ou avião; andar de elevador, por exemplo. Assim, o TP quando não tratado pode provocar uma segunda doença.

Origem e Tratamento do Transtorno do Pânico

Não há um consenso a respeito das explicações sobre a origem do TP, variando entre aspectos biológicos e psicológicos diversos. Uma das teorias mais conhecidas na literatura médica relaciona o problema a disfunções neuroanatômicas. Uma vez que se trata de uma perturbação no sistema fisiológico que regula as crises, acredita-se em um desequilíbrio nos neurotransmissores. Alguns estudos também evidenciaram a predominância de uma herança genética.

O tratamento do TP é realizado na maioria das vezes através de medicações que controlam a incidência dos ataques. O uso frequente de antidepressivos de todos os tipos associados à tranquilizantes é bastante eficaz no controle das crises. Os tratamentos medicamentosos podem levar de 6 meses a 2 anos, e apenas 12 % dos indivíduos ficariam assintomáticos e sem recaídas.

Conjuntamente ao tratamento medicamentoso, faz-se uso também da Psicoterapia. A terapia comportamental e a Psicanálise oferecem importantes e diferentes contribuições à compreensão dos sintomas do pânico. A pessoa que sofre do TP precisa receber ajuda e tratamento o mais rapidamente possível para que possa aliviar seu sofrimento, solucionar seus conflitos e readquirir segurança nas suas atividades.
É sabido que os pacientes que apresentam TP tendem a focar o problema apenas no plano físico, resumindo suas queixas aos diversos sintomas. A tendência em minimizar os problemas emocionais é comum, porém somente a compreensão do foco emocional do problema poderá levar a uma completa remissão dos sintomas.

É importante que a família e o grupo de amigos mais próximos ao sujeito que sofre desses ataques não ridicularizem ou menosprezem os sintomas, pressionando ainda mais o indivíduo e afastando-o do convívio normal. O TP é uma doença atualmente conhecida, com tratamentos eficazes que podem seguramente ajudar a pessoa a restabelecer seu bem-estar e melhor qualidade de vida.
Alguns pesquisadores da área de saúde mental já evidenciaram uma relação significativa entre o pânico e as crises de ansiedade disparadas pelas situações de separação na infância. Uma boa parte das pessoas que desenvolvem Síndrome do Pânico não conseguiu construir uma referência interna do outro (inicialmente a mãe) que propiciasse segurança e estabilidade emocional. Esse quadro na idade adulta é associado freqüentemente à ansiedade de separação manifestada durante a infância, isto é, crianças que apresentaram uma intolerância maior à separação dos pais e de pessoas afetivamente importantes. Esta falta de confiança nos cuidadores da infância pode trazer, em momentos críticos, vivências profundas de solidão, desespero, desconexão e desamparo, que são as mesmas evidenciadas nos adultos com TP.

O trabalho psicoterápico tem a função de acompanhar o indivíduo que sofre o TP na tentativa de restabelecer conexões entre sintomas e representações mentais. É muito comum as crises acontecerem sem que a pessoa possa associar qualquer sentimento ou emoção desagradável. O fato desse conteúdo mental estar reprimido não significa que não esteja atuando somaticamente.
Clinicamente é muito comum a associação entre pânico e depressão, e esta correlação vem sendo muito discutida recentemente nos trabalhos psiquiátricos e psicológicos. Em seguida iremos discutir alguns tópicos referentes ao Transtorno Depressivo.

O que é Depressão

Depressão é uma palavra usada freqüentemente para descrever nossos sentimentos. Todos nós temos altos e baixos emocionais, e alguns sentimentos são normais em determinadas fases da vida. Muitas vezes confundimos o sentimento de tristeza com a depressão. Tristeza é um sentimento normal do ser humano, uma emoção que pode ser notada diante da realidade que nos frustra. E como no mundo moderno é muito comum vivermos situações que provocam decepções, perdas e frustrações, este sentimento é experenciado inúmeras vezes na vida e não tem nada de patológico.

Segundo a Organização Mundial de Saúde, a depressão é uma das doenças mentais cuja incidência mais tem crescido nos últimos anos, principalmente nos países industrializados. A depressão sob o aspecto de evento psiquiátrico é uma doença que se caracteriza por afetar o estado de humor da pessoa, deixando-a particularmente com um estado anormal de tristeza. Ou seja, é uma doença caracterizada sobretudo pela perturbação do humor. Não é simplesmente estar na “fossa”, ou uma condição que pode ser superada com força de vontade ou pensamento positivo.
É uma doença que acomete o físico e o psíquico, provocando enorme sofrimento.
Segundo o manual Diagnóstico de Transtornos Mentais (DSMIV-TR), os Transtornos de Humor incluem os Transtornos Depressivos (ou depressão unipolar), Transtornos Bipolares (que incluem pelo menos um episódio de hipomania), e dois transtornos baseados na etiologia – Transtorno de Humor, baseado em uma condição médica geral, e Transtorno do Humor, induzido por substâncias.

Em geral, a pessoa deprimida sente-se triste a maior parte do dia, praticamente todos os dias, desanimada, abatida, com o conhecido “baixo-astral”. A característica essencial de um episódio depressivo é um período mínimo de duas semanas, durante as quais há um humor deprimido ou perda de interesse ou prazer por quase todas as atividades. O indivíduo também deve experimentar pelo menos quatro sintomas adicionais, extraídos de uma lista que inclui alterações no apetite ou peso, no sono, na atividade psicomotora, diminuição de energia, sentimentos de desvalia ou culpa, dificuldades para pensar, concentrar-se ou tomar decisões, ou pensamentos recorrentes sobre morte ou idéias suicidas.
Homens e mulheres, independentemente da faixa etária, podem ser atingidos pela doença. No entanto, as mulheres apresentam um risco duas vezes maior de terem depressão em algum momento de suas vidas. Algumas mulheres relatam uma piora dos sintomas depressivos nos dias que precedem a menstruação ou em algum momento da adolescência ou da menopausa.

Os sintomas da Depressão

A sintomatologia da depressão é muito variada, e ainda assim podemos contar com diferentes manifestações, dependendo da personalidade de cada indivíduo. Existem alguns sintomas básicos evidenciados nos quadros depressivos:

Humor deprimido

O humor é descrito pela pessoa como deprimido, triste, desesperançado e desencorajado. Alguns indivíduos relatam queixas somáticas em vez da tristeza. Em crianças e adolescentes este humor pode ser manifestado pela irritabilidade, raiva exagerada ou ataques de ira.

Perda de interesse

Este sintoma está quase sempre presente, com diferentes intensidades. Há um menor interesse por atividades rotineiras e anteriormente consideradas prazerosas. Pode ocorrer uma diminuição de interesse ou desejo sexual.

Alterações do Apetite e do Sono

O apetite geralmente está reduzido ou aumentado para alguns alimentos específicos, podendo ocorrer perda ou ganho significativo de peso.
O distúrbio do sono mais comum é a insônia, geralmente a do tipo intermediária (em que a pessoa acorda durante a noite e não consegue dormir) ou terminal (aqueles que despertam muito cedo, com incapacidade de conciliar o sono novamente). Alterações Psicomotoras
Incluem agitação ou retardo psicomotor.

Diminuição da energia, cansaço e fadiga

É comum o relato de fadiga constante, mesmo quando não há atividade que exija um esforço físico considerável.

Sentimento de desvalia

Pode-se observar que o indivíduo faz uma avaliação negativa e irrealista do próprio valor, tem muitas preocupações com sentimento de culpa ou ruminações acerca de pequenos fracassos do passado.

  • Prejuízo na capacidade de pensar, concentrar-se ou tomar decisões.
  • Idéias suicidas ou tentativa de suicídio.

Causas da Depressão

Apesar de existir uma predisposição genética para os casos de depressão, este fator por si só não determina a ocorrência de uma crise depressiva. Sabe-se que intensas emoções, o estresse do dia-a-dia e fatores sociais podem provocar e desencadear fortes alterações no funcionamento cerebral que levam à depressão.

Pesquisas já evidenciaram na depressão a alteração de uma série de neurotransmissores, níveis alterados de neuropeptídios, perturbações hormonais, como alterações no hormônio da tireoide, além de mudanças no fluxo sanguíneo

Toda doença orgânica tem o seu representante psíquico, e com a depressão não seria diferente. Do ponto de vista emocional, pode-se observar uma certa constância no tipo das vivências emocionais dos indivíduos que apresentam depressão. É claro que a personalidade de um indivíduo está sempre vinculada à sua história e ao modo como se criou, se desenvolveu e adquiriu sua maneira de ser. Mas em geral as pessoas que apresentam depressão têm maior “rigidez” mental, isto é, apresentam para si exigências e limites muito maiores do que seria necessário para se viver bem. Com padrões mais altos de como as coisas e a vida deveriam ser vividas, gasta-se muita energia mental para mantê-los e sobra menos disposição de conseguir a satisfação de viver de forma mais prazerosa. Maiores exigências provocam mais e repetidas frustrações.

Diversos estudos da área psiquiátrica e psicológica encontraram uma associação significativa entre traumas por perdas na infância e depressão na vida adulta. Os autores destes estudos acreditam que o trauma incidindo sobre um indivíduo geneticamente vulnerável pode desencadear o episódio depressivo.

Existem alguns fatores estressores que podem propiciar o início da depressão. Esses fatores desencadeantes de um episódio podem ser: mudanças de emprego, de cidade ou de país, separações, divórcio, perda de ente querido, descoberta de doenças graves, entre outros.

Muito frequentemente ouvimos falar da depressão após a morte de um ente querido. Entretanto, é preciso compreender que mesmo que os sintomas do quadro depressivo existam, temos que associar este episódio depressivo ao período de luto normal do indivíduo. Estudos psicológicos já demonstraram que todos nós passamos por algumas “fases” emocionais após perder uma pessoa querida. Estas fases incluem sentimentos de muita tristeza, perda do interesse e prazer em viver, além de raiva, frustração e revolta. Esses momentos emocionais são esperados e fazem parte deste processo normal de elaboração psíquica da perda e devem ser observados ao tentarmos elucidar um caso “real” de depressão.

O parto também pode se transformar em um evento desencadeante de um episódio depressivo. Aqui também é necessário distinguirmos a depressão do conhecido “baby blues”, ou a tristeza pós-parto, que dura aproximadamente 10 –15 dias e afeta quase 70% das mulheres. Este tipo de sentimento é normal e até esperado nesse momento da vida. Além da tristeza, mesmo estando diante do novo bebê, as mulheres se deparam com uma grande insegurança, muitas dúvidas e medos sobre sua capacidade de compreender e atender às demandas da maternidade.

Tratamento

Atualmente já existem muitos medicamentos capazes de tratar a depressão, sem expor o indivíduo de maneira agressiva aos efeitos colaterais das drogas. O tratamento medicamentoso só deverá ser feito pelo médico psiquiatra, diante de uma estudo e acompanhamento minucioso do caso.

As terapias psicológicas também vêm se revelando cada vez mais como um grande aliado nos tratamentos médicos. Busca-se no tratamento psicoterápico a compreensão de aspectos da personalidade e da forma de se comportar e viver do indivíduo, que podem estar interferindo na sua melhora e no seu bem-estar.
É importante lembrar que o tratamento da depressão se dá de forma gradativa. No início do uso da medicação é comum uma melhora considerável do indivíduo, mas outras fases regressivas poderão surgir. Deve-se ter em mente que esses altos e baixos podem ocorrer durante o tratamento, e que gradativamente o indivíduo vai encontrando um equilíbrio. O uso correto da medicação associado ao trabalho psicológico vai proporcionando momentos de maior bem-estar e disposição, fases que com o tempo vão se tornando mais constantes até que se atinja uma certa normalidade.

A medicalização do sofrimento

Diversos pesquisadores em saúde mental vêm alertando para o problema da medicalização excessiva ou da imagem difundida de que os medicamentos podem resolver todos os problemas e sofrimentos psíquicos. A busca pelo alívio imediato dos sintomas, de preferência indolor, nos remete a características da nossa atual cultura e sociedade. O consumo exagerado, imediatista, a opressão pelas conquistas de ideais de beleza e de felicidade acabam abafando a possibilidade do contato humano como forma de tratamento.

Vale lembrar que os medicamentos têm a função de auxiliar o indivíduo na melhora de seu funcionamento físico, o que inclui o funcionamento cerebral. Porém, não tratamos somente de cérebros, e sim de pessoas que também reagem a um tratamento humano como o desempenhado pela psicoterapia e psicanálise. Ao abrirmos essa possibilidade do encontro humano, podemos oferecer uma nova escuta da dor mental e, consequentemente, um alívio das angústias na medida em que o homem passa a conhecer melhor os seus conflitos e a sua própria história.

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