Nos tempos atuais em que a taxa de mortalidade diminui gradativamente, as mulheres passam mais ou menos um terço de suas vidas na menopausa. A medicina e a sociedade começaram a se preocupar com esta realidade. Precisamos salientar que hoje existem várias formas de a mulher passar melhor por esse momento tão especial de maneira mais saudável e feliz.
A mulher atual mudou completamente sua forma de vida. Se no passado ela apenas cuidava da casa e dos filhos, hoje realiza dupla jornada de trabalho. Tornou-se mulher profissionalmente ativa, mãe e esposa presente.
Hoje a grande maioria de nossas adolescentes cursa a universidade e ainda mantém o sonho da maternidade. Cabe a nós orientarmos essas “novas mulheres” desde a adolescência, para que tenham um alicerce mais firme para o futuro.
Comecemos pela adolescência: precisamos de mães com menos preconceitos, mais diálogo, e se não se sentirem aptas, deverão levá-las a um especialista para que oriente essas meninas, desde a simples prática de esportes (para aumento da massa óssea), até a prevenção de doenças sexualmente transmissíveis (quando em vida sexual ativa) e gestação não programada. Decorrida essa fase, geralmente a mulher se encontra numa estabilidade profissional e familiar.
Inicia-se um período a qual chamamos de climatério. O que é isto? O que acontece?
É a fase na qual a mulher começa a apresentar pequenas alterações no ciclo menstrual, tais como ciclos curtos ou longos, fluxo (quantidade de sangue) escasso ou abundante, ausência de ciclo ou mais vezes no mesmo mês. É nesse período que ela começa a procurar seu médico para entender o que está acontecendo, pois ao mesmo tempo começa a ter sintomas indesejáveis.
Precisamos desmistificar esta fase como “natural”, “Deus quis assim”, pois foi Ele mesmo quem nos deu a inteligência para descobrirmos tratamentos como: terapia hormonal, fitomedicamentos, medicina alternativa, yoga, reiki, acupuntura, e até mesmo nada, se a paciente assim o desejar.
Dentre os sintomas, o mais frequente é o de ondas de calor. As pacientes nos relatam que transpiram excessivamente ao longo do dia. Na grande maioria, essas ondas se acentuam no período noturno e impedem uma boa noite de sono, fazendo com que as mulheres acordem várias vezes “encharcadas de suor”, e sintam cansaço, irritabilidade, nervosismo, ansiedade, e perda da concentração e de memória no dia seguinte.
Ao longo do tempo alterações físicas começam a surgir, tais como:
1) Atrofia dos órgãos genitais: diminuição dos pêlos pubianos, clitóris pouco aparente, diminuição da gordura subcutânea labial – enrugamento e flacidez da pele da vulva, prurido (coceira) vulvar e ardor.
2) Alterações durante o ato sexual: diminuição da lubrificação vaginal, diminuição da elasticidade e rugosidade vaginal, estreitamento da vagina, levando à dispareunia (dor na relação sexual), sangramento, corrimento e coceira.
3) Alterações do sistema urinário: incontinência urinária (perda de urina), disúria (dor na micção), sensação de micção mais freqüente, sensação de esvaziamento incompleto.
4) Alterações das mamas: diminuição do tecido mamário, levando à diminuição do tamanho das mamas e flacidez.
5) Alterações dermatológicas (pele, unha, cabelo): ressecamento da pele, diminuição da elasticidade com surgimento de rugas, diminuição da pigmentação (cor) da pele com surgimento de manchas mais claras, unhas fracas e quebradiças, cabelos com tendência a queda e embranquecimento, pêlos do corpo diminuem e embranquecem.
6) Alterações da distribuição da gordura corporal: levando à obesidade, com acúmulo de gordura em determinadas regiões (abdômen, culote, etc.).
7) Alterações ósseas: perda de massa óssea, levando à osteoporose.
8) Alterações neurológicas: demência (Alzheimer).
Toda mulher deve realizar pelo menos uma vez por ano uma avaliação com um ginecologista. Cabe ao médico na primeira consulta efetuar o que chamamos de anamnese (quando ele fará perguntas relativas à vida da paciente desde o nascimento até a atual idade) e realizará exames físico e ginecológico completos.
No exame físico o médico fará medida da pressão arterial, peso, altura, exame de palpação das mamas, abdômen, órgãos genitais externos e internos (especular e toque). Exames laboratoriais fundamentais: colpocitologia oncótica ou Papanicolau (uma vez ao ano), colposcopia (uma vez ao ano), ultra-sonografia transvaginal (uma vez ao ano), mamografia (uma vez ao ano).
Outros exames, como densitometria óssea, e exames de sangue como: hemograma, colesterol, triglicérides, glicemia, TSH (tireóide), urina, e outros que o médico julgar necessários.
Dieta e Exercícios
Difícil é falar sobre dieta, pois as mulheres nesta fase consomem alimentos de forma e quantidade inadequadas. Muitas pensam que a única coisa que lhes resta é o prazer da comida, e falar-lhes em dieta equilibrada significa tirar-lhes a felicidade.
O que gostaríamos é que elas realizassem uma alimentação fracionada, em pequenas quantidades, com redução das gorduras, doces (açúcares), bebidas alcoólicas e cafeína (encontrada em café, chocolate, chá, coca-cola, e em alguns medicamentos como: Cheracap, Cibalena, Dorflex, Neosaldina, Tonopan, etc.).
As bebidas alcoólicas e a cafeína são chamadas de “ladrões de ossos”, pois quando há ingestão em maiores quantidades ocorre uma maior perda de massa óssea.
É preciso ingerir alimentos ricos em cálcio (iorgute, leite, queijo branco) e fibras (para melhorar a evacuação), além de muita água, é claro.
Imaginem agora falarmos sobre exercícios. Este vira o maior vilão, pois muitas mulheres só caminham dentro do supermercado ou na feira.
Vários são os tipos de exercícios benéficos nesta fase e os mais indicados seriam hidroginástica, natação, caminhada, e ao contrário do que muitos pensam, a musculação, que sob supervisão também é indicada, pois fortalece os músculos que irão proteger os ossos.
Em todos os exercícios usar sempre roupas adequadas, e lembrar-se da reposição de líquidos perdidos com o suor excessivo, em razão especialmente de exposição ao sol, que deve se dar de preferência pela manhã, antes das nove horas, ou após as dezesseis horas, com uso de proteção solar. O que muitas não sabem é que os exercícios liberam maior produção de endorfinas, serotonina e noradrenalina, hormônios que atuam diretamente na melhora do humor.
Sexualidade
Cabe-nos aqui distinguir sexo e sexualidade muitas vezes vistos da mesma forma.
Sexualidade seria qualquer mulher, mesmo após a menopausa, continuar “viva” em todos os aspectos, podendo namorar, dançar, viajar, sentir-se desejada, amada e importante na vida de um homem.
Se ela conseguir ter boa autoestima, ter sexualidade, com toda a certeza o sexo será melhor.
Devemos acabar com o mito de que a mulher na fase da menopausa não necessita mais de sexo. Nossa sociedade leva-a a pensar dessa maneira com palavras como: “É feio”; “Não precisa mais disso”; “Acabou-se o tempo”; “Fim de carreira”, etc. Até muitos médicos não falam mais desse assunto com suas pacientes, respeitando-lhes a privacidade. Tudo mentira! Essas mulheres poderão sim ter fantasias sexuais, bom desempenho sexual, intimidade, prazer. Claro que dependerão de parceiros interessantes e interessados.
O que vemos são mulheres com baixa libido graças principalmente ao desestímulo dos parceiros, à rotina da mesma cama e mesmo quarto, aos mesmos gestos e poucas carícias; nada muda, tudo é previsível.
O mais importante é essas mulheres dizerem a si próprias que ainda é possível se realizarem, e que nunca é tarde para o sexo e a felicidade.
Vencendo a menopausa
Hoje, com os avanços da medicina, temos diversas maneiras de passar por este período de forma mais tranqüila.
Dispomos de vários tipos de medicação que irão amenizar e até mesmo eliminar os sintomas desagradáveis do climatério. São tratamentos medicamentosos com grande resultado e excelente segurança, se orientados por médicos. Constituem a chamada:
– TH (Terapia Hormonal) em várias formas de administração:
1) Via oral: hormônios sintéticos produzidos por estrogênio e progesterona (principais hormônios produzidos pelos ovários). Existem dois tipos de administração, de forma contínua: estrogênio + progesterona diariamente sem interjeição); de forma cíclica: estrogênio + progesterona cíclica – mimetiza o ciclo menstrual, fazendo com que a mulher que usa este esquema menstrue regularmente.
2) Via transdérmica (TTS): adesivos colocados sob a pele, que vão liberar gradativamente os hormônios para a circulação sanguínea. Existem vários tipos de adesivos com diferentes doses de hormônios. A grande maioria das usuárias expressa boa tolerância e algumas podem apresentar reações alérgicas no local da aplicação.
3) Via percutânea: gel aplicado na pele, como se a mulher estivesse usando um creme hidratante. Depende muito da aplicação e da superfície escolhida para ser aplicada.
4) Via vaginal: são usados cremes vaginais, com a dose dependendo do grau de atrofia genital. Melhoram muito o “ressecamento vaginal”, os sintomas urinários e a relação sexual.
5) Implantes: pequenas cápsulas com hormônios colocadas na gordura subcutânea, com a duração de seis meses. Há dois tipos de implante:
a) implante de estrogênio (possui somente o hormônio estrogênio em sua composição);
b) implante de estrogênio + testosterona (usado em pacientes com queixa de diminuição da libido, depressão e apatia).
6) SERMS: são medicações que agem em locais específicos.
Raloxifeno age na osteoporose e o tamoxifeno para pessoas que já tiveram câncer de mama.
7) Fitohormônios: medicação feita a partir de um componente natural (exemplo: soja).
8) Drogas não hormonais: medicações que agem apenas nos sintomas (exemplos: ondas de calor, ansiedade e depressão).