Um teste genético pode ser realizado antes do tratamento de fertilização in vitro com óvulos doados para avaliar o risco de doenças genéticas na prole. Um estudo com doadoras de óvulos, no qual este teste era realizado antes do tratamento, demonstrou que, em 2% dos casos, havia o risco de transmissão de doenças genéticas, sendo necessária a escolha de outra doadora.
Receptoras de óvulos
Casais que vão conceber com óvulos de uma doadora, normalmente são muito preocupados com sua origem, uma vez que a doadora é sempre anônima. Não é fácil aceitar este tipo de tratamento e, por isso, muitos casais desejam um maior número de informações daquela que será a doadora. O teste genético pré-concepção pode ser uma opção que trará mais segurança e tranquilidade para o casal.
O teste genético preconcepcional (TGP) é um teste capaz de identificar e prevenir a transmissão hereditária de doenças genéticas. Doadoras de óvulos podem, eventualmente, carregar mutações de doenças genéticas recessivas que só se manifestam quando os dois genes (recebidos do pai e da mãe) estão alterados. Quando apresentam somente um gene alterado, isso não trará problema para elas, mas caso o pai também tenha essa mutação, a criança poderá receber os dois genes com mutação e, assim, manifestar a doença. A maior frequência dessas alterações ocorre quando se combinam cargas genéticas similares, como, por exemplo, nos casamentos consanguíneos, pois aumenta a chance dos dois parceiros terem a mesma mutação. O TCP é capaz de evitar essas doenças no futuro do bebê, antes do tratamento de fertilização, pela identificação de genes e as possíveis mutações.
O teste genético
O teste genético corresponde à análise do DNA do indivíduo, que é considerado um banco de dados químico que carrega instruções para as funções do corpo. É usado para identificar pessoas que tenham uma cópia de uma mutação do gene que, quando presente em duas cópias, causa uma doença genética. Portadores geralmente não têm risco de desenvolver a doença, mas um risco de transmitir a mutação genética para seus descendentes.
Os testes genéticos podem revelar mudanças ou alterações nos genes que podem detectar a vulnerabilidade para determinadas doenças hereditárias. Os resultados de um teste genético podem confirmar ou descartar uma condição genética suspeita ou ajudar a determinar a chance de uma pessoa desenvolver ou transmitir uma doença genética.
O teste da doadora (portadora)
O teste é usado para identificar doadoras que carreguem uma determinada cópia de uma mutação do gene que, quando estiver presente em duas cópias (óvulo da doadora e sêmen do pai), causa uma doença genética. Essas doenças genéticas são classificadas como recessivas. Isto quer dizer que para que se desenvolva, precisa haver alteração nos dois genes (aquele herdado do pai e da doadora). Se apenas um deles estiver mutado, não haverá doença e este indivíduo será considerado apenas portador.
O teste de portador deve ser realizado na doadora antes do processo de fertilização. Caso apresente mutação em algum gene, o marido poderá pesquisar também se possui essa mutação específica ou uma nova doadora deverá ser escolhida.
Exemplos:
• Afro-americanos podem ser triados para anemia falciforme (doença do sangue na qual as células sanguíneas são em forma de foice e têm dificuldade de viajar livremente através dos vasos sanguíneos, causando dor e anemia).
• Pessoas com ascendência mediterrânea, africana e do sudeste asiático podem ser rastreados para a talassemia (grupo de doenças genéticas de sangue, todas relacionados com a hemoglobina, a parte dos glóbulos vermelhos que transporta oxigênio).
• Judeus Ashkenazi, de ascendência europeia, são normalmente testados para garantir que não são portadores da doença de Tay-Sachs (afeta as células nervosas do cérebro e pode ser fatal).
• Teste de fibrose cística é particularmente importante para aqueles que são caucasianos de ascendência europeia – 1 em 25 é portador da doença. Também importante ser pesquisado no casal quando o homem tem azoospermia por defeito no ducto deferente.
• Casais com história familiar de doenças hereditárias – como a distrofia muscular ou hemofilia – podem ser testados para riscos específicos.
Painel de Alelos Recessivos
A triagem de portadores de alelos recessivos permite identificar se o casal é portador de alelos alterados que causam doenças genéticas com padrão de herança recessiva.
Triagem de 171 doenças:
• Hipertireoidismo gestacional familiar
• Hipoglicemia hiperinsulinêmica familiar tipo 4
• Favismo
• Deficiência de galactoquinase com catarata
• Deficiência de galactose epimerase
• Galactosemia
• Doença de Gaucher Tipo I
• Doença de Gaucher Tipo II
• Doença de Gaucher tipo III
• Doença de Gaucher Tipo III C
• Acidúria Glutárica Tipo II A
• Acidúria Glutárica Tipo II B
• Acidúria Glutárica Tipo II C
• Acidúria Glutárica Tipo I
• Deficiência de Glicina N-Metiltransferase
• Doença de Armazenamento de Glicogênio Tipo I A
• Doença de Armazenamento de Glicogênio Tipo II
• GM2 Gangliosidose
• Hawkinsinuria
• Disormogênese tireoidiana Tipo IIA
• Disormogênese tireoidiana Tipo III
• Resistência ao Hormônio Tireoidiano
• Deficiência de Transcobalamina Tipo II
• Deficiência de Proteína Trifuncional
• Tirosinemia, Tipo I
• Tirosinemia, Tipo II
• Tirosinemia, Tipo III
• Acidúria Metilmalônica responsiva à vitamina B12
• Deficiência da Desidrogenase de Acetil-Coa de cadeia muito longa
• Síndrome de Wohwinkel
• Retardo Mental Ligado ao Cromossomo X, com Acidemia Metilmalônica com Homocistinúria
• Imunodeficiência combinada grave, ligada ao cromossomo X (SCID)
• Deficiência de Omitina Transcarbamilase
• Queratodermia Palmoplantar com Surdez
• Deficiência Parcial de Adenosina Deaminase
• Síndrome de Pendred
• Doença de Gaucher Perinatal Letal
• Fenilcetonúria
• Acidemia Propiônica
• Imunodeficiência Grave Combinada (SCID) devido à deficiência de adenosina deaminase (ADAD)
• Anemia Falciforme
• Variantes de Anemia Falciforme
• Doença Falciforme, hemoglobina C
• Doença Falciforme, hemoglobina B
• Doença Falciforme, hemoglobina E
• Suscetibilidade à encefalopatia induzida por infecção aguda
• Suscetibilidade à doença tireoidiana autoimune tipo II
• Deficiência Primária Sistêmica de Carnitina
• Doença de Tai-Sachs
• Disormonogênese Tireoidiana tipo 6
• Disormonogênese Tireoidiana tipo 1
• Deficiência de Acetil-Coa desidrogenase de cadeias curtas (SCAD)
• Deficiência de 17 Beta hidroxiesteróide Desidrogenase III
• Deficiência de 2-metilbutiril-Coa desidrogenase
• Deficiência de L-3-hidroxiacil Coa desidrogenase
• Deficiência de 3-Metilcrotonil-Coa carboxilase 1 (MCC1D)
• Deficiência de 3-Metilcrotonil-Coa carboxilase 2 (MCC2D)
• Acidúria 3-Metilglutacônica Tipo I (MCGA1)
• Acidúria 3-Metilglutacônica Tipo III
• Acidúria 3-Metilglutacônica Tipo V
• Adenoleucodistrofia
• Acidúria Alfametilacetoacética (deficiência de 3-cetotiolase)
• Argininemia (deficiência de arginase)
• Acidúria Argino succínica
• Citrulinemia tipo II de início adulto
• Surdez dominante autossômica tipo 3ª
• Surdez dominante autossômica tipo IIB
• Surdez dominate autossômica tipo IIIB
• Hipermetioninemia dominante persistente autossômica devido à deficiência de metionina adenosiltransferase I/IIII
• Surdez autossômica Recessiva
• Surdez autossômica Recessiva tipo IA
• Surdez autossômica Recessiva tipo IB
• Surdez autossômica Recessiva tipo IV
• Deficiência autossômica Recessiva de metionina adenosiltransferase
• Síndrome de Barth
• Síndrome de Bart-Pumphrey
• Talassemia Beta maior
• Hiperfenilalaninemia com deficiência de BH4A
• Hiperfenilalaninemia com deficiência de BH4B
• Hiperfenilalaninemia com deficiência de BH4C
• Hiperfenilalaninemia com deficiência de BH4D
• Hemoglobina de Bart
• Hemoglobina C (HbC)
• HbC Beta negativo talassemia
• HbC Beta positivo talassemia
• Doença de HbD (Hb DD)
• HbD beta negativo talassemia
• HbD beta positivo talassemia
• HbE beta negativo talassemia hb
• HbE beta positivo talassemia
• Hb EE
• HbH (deleção de 3 genes)
• HbH (Doença de Constant Spring)
• HbS beta negativo talassemia
• HbS beta positivo talassemia
• Variante Hb beta negativo talassemia
• Variante Hb beta positivo talassemia
• Variantes Hb
• Deficiência de Glucose-6-fosfato desidrogenase
• Deficiência de Camitina palmitoil transferase hepática tipo I
• Deficiência de Camitina palmitoil transferase hepática tipo II
• Persistência hereditária de hemoglobina fetal
• Pseudodeficiência de Hex a
• Deficiência de HMG-coaliase
• Deficiência de holocarboxilasesintetase
• Homocistinúria devido à deficiência de MTHFR
• Homocistinúria, tipos responsivos e não responsivos a B6
• Trombose Hiperhomocisteinemia
• Hipermetinionemia provocada por deficiência de S-adenosil homocisteína hidrolase
• Síndrome da ictiose-surdez semelhante à hystrix
• Deficiência de Isobutrinil-CoA desidrogenase
• Deficiência de Biotinidase
• Síndrome de Bloom
• Doença de Canavan
• Deficiência de Carnitina-Acilcartinida translocase (CACT)
• Homocistinúria e anemia megaloblástica, tipo cblg
• Acidúria metilmalônica responsiva a vit b12, por defeito na síntese de adenosilcobalamina, tipo complementação cblb
• Homocistinúria do tipo complemento cblD (Variante 1)
• Homocistinúria do tipo complemento CblD (Variante 2)
• Acidúria Metilmalônica e homocistinúria CblD
• Acidúria cblj tipo metilmalônica e homocisteinúria
• Citrulinemia
• Displasia ectodérmica 2, tipo Clouston
• Ausência Congênita bilateral dos vasos deferente (CVAD)
• Acidemia combinada malônica e metilmalônica
• Hiperplasia Adrenal Congênita por deficiência de 21-hidroxilase
• Disormonogênese da tireóide, tipo Hipotireoidismo congênito
• Hipotireoidismo congênito sem bócio 1
• Hipotireoidismo congênito sem bócio 4
• Hipotireoidismo congênito sem bócio 6
• Miopatia por deficiência de carnitida-palmitil-transferase
• Fibrose Cística
• Surdez digênica GJB2/GJB3
• Surdez digênica GJB2/ GJB6
• Deficiência de dihidrolipoamida desidrogenase
• Distonia DOPA responsiva (com ou sem hiperfenilalaninemia)
• Eritroqueratodermia simétrica progressiva
• Doença de Fabry
• Cardiomiopatia dilatada familiar
• Disatonomia familiar
• Acidemia isovalérica
• Síndrome de Ceratite-Ictiose-Surdez
• Doença de Krabbe
• A 3 hidroxiacil-CoA desidrogenase de cadeia longa (LCHAD)
• Deficiência de Carnitida-palmitoil transferase II (CPTII)
• Deficiência de malonil-CoA descarboxilase
• Doença da urina de xarope de bordo tipo II
• Doença da urina de xarope, tipo IA
• Doença da urina de xarope, tipo IB
• Deficiência de desidrogenase das Acetil-CoA de ácidos graxos de cadeia média (MCAD)
• Síndrome de retardo mental ligado ao cromossomo X (MRXS 10)
• Acidúria metilmalônica e homocistinúria tipo cblc acidemia metilmalônica devido à deficiência de metilmalonil-CoA mutase
• Deficiência de metilmalonil-coenzima A epimerase
• Mucolipidose tipo IV
• Mucopolissacaridose tipo I-H
• Mucopolissacaridose tipo I-HS
• Mucopolissacaridose tipo IS
• Hipertripsinemia neonatal
• Citrulinemia tipo II, de inicio neonatal II
• Doença de Niemann Pick, tipo A
• Doença de Niemann-Pick, tipo B
• Doença de Niemann-Pick, tipo C
• Doença de Niemann-Pick, tipo C1
• Doença de Niemann-Pick, tipo C2
• Doença de Niemann-Pick, tipo D
• Hipertireoidismo não autoimune
• Hiperplasia congênita da suprarrenal não clássica por deficiência de 21-hidroxilase
• Hiperfenilalaninemia não-PKU
• Atrofia óptica 3 com catarata
Referências:
- Martin J, Asan, Yi Y, Alberola T, Rodríguez-Iglesias B, Jiménez-Almazán J, et al. Comprehensive carrier genetic test using next-generation deoxyribonucleic acid sequencing in infertile couples wishing to conceive through assisted reproductive technology. Fertil Steril. 2015 Nov;104(5):1286-93
• Franasiak JM, Olcha M,, Bergh PA, Hong KH, Werner MD, Forman EJ et al. Expanded carrier screening in an infertile population: how often is clinical decision making affected?.Genet Med. 2016 Nov;18(11):1097-1101.