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72º Congresso em Reprodução Humana da American Society for Reproductive Medicine (ASRM)

Realizado de 15 a 19 de outubro de 2016 – Salt Lake City – Utah – EUA

Por Dr Arnaldo Schizzi Cambiaghi

Saiba mais sobre outros congressos.

Como todos os anos, e mais uma vez, estive presente no Congresso da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (esta foi a 72ª edição). Essa edição, foi um pouco diferente das outras, pois a preocupação foi maior em reafirmar conceitos antigos, as VERDADES e os MITOS. Este congresso é considerado um dos mais importantes encontros científicos internacionais quando o assunto é reprodução humana. Aconteceu nos Estados Unidos, entre 15 a 19 de outubro de 2016 – em Salt Lake City – Utah – EUA. Foram apresentados trabalhos de revisão científica importantes para confirmar, atualizar e melhorar ainda mais os nossos resultados. Desta vez, chamou a atenção o número reduzido de participantes brasileiros e de outros países também. Se no passado esse número chegava perto de 12 mil, esse ano foi 8.843. Seria um desinteresse natural, falta de novos assuntos ou a tal da crise? A resposta fica para o futuro.

Salt Lake City

Salt Lake City é uma cidade interessante mas, para mim, está entre aquelas que eu conheci e  não me cauisou emoção e, por isso,  não faço questão de voltar. Diferente de outras que já fui muitas vezes, e não me canso de retornar, como aquelas situadas em PORTUGAL, ESPANHA e ITÁLIA.

Salt Lake City é uma cidade interessante mas, para mim, está entre aquelas que eu conheci e  não me cauisou emoção e, por isso,  não faço questão de voltar. Diferente de outras que já fui muitas vezes, e não me canso de retornar, como aquelas situadas em PORTUGAL, ESPANHA e ITÁLIA.

Salt Lake é a capital do estado norte-americano de Utah. O nome da cidade, que muitas vezes abreviado para SLC, deve-se a região estar situada às margens do Grande Lago Salgado. A cidade foi fundada em 1847 no Great Salt Lake City por um grupo de pioneiros mórmons liderados por seu profeta, Brigham Young, que fugiu da hostilidade e violência do meio-oeste dos Estados Unidos. Hoje, Salt Lake City abriga a sede da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. De acordo com dados do governo, atualmente 78% da população da cidade é adepta da religião mórmon.

Segundo o censo nacional de 2010, possui 186.440 habitantes e é a 126ª maior cidade do país. Com cerca de 1 milhão de habitantes em sua região metropolitana, é a 196ª maior região metropolitana do mundo em população. A cidade também está situada em uma grande área urbana chamada Frente Wasatch, área que possui em torno de 2.238.697 habitantes. Salt Lake City é um dos centros bancários industriais dos Estados Unido e sediou os Jogos Olímpicos de Inverno de 2002.

OS 7 ASSUNTOS QUE CHAMARAM A ATENÇÃO

1 – DOADORAS DE ÓVULOS: A IDADE É SOMENTE UM NÚMERO? UMA COMPARAÇÃO DE DOADORES DE OÓCITOS – (DONOR) AGE IS ONLY A NUMBER: A COMPARISON OF OOCYTE DONORS

Autores: M. K. Pierce, T. A. Molinaro, P. A. Bergh; Nursing, RMA of NJ, Basking Ridge, NJ, Reproductive Medicine Associates of New Jersey, Eatontown, NJ, RMA, Basking Ridge, NJ.

Para um casal receptor quanto mais jovem for a idade da doadora melhor será o resultado. Será? Os pacientes com infertilidade frequentemente esperam que as doadoras de óvulos mais jovens lhes proporcionem o resultado mais bem-sucedido. Este estudo procurou comparar os dois extremos nas idades das doadoras de óvulos para determinar se existem melhores resultados do ciclo para as receptoras com doadoras de óvulos mais jovens (idade 21-23) versus doadoras “mais velhas” (idade 28-31).

A análise foi realizada em 485 pacientes doadoras de óvulos. Grupo A, idade 21-23; Grupo B idade 28-31, e demonstrou que os extremos da idade da doadora de oócitos não prevêem os resultados do ciclo. Doadoras na faixa 21-23 no momento da doação de oócitos produziram número comparável de oócitos e blastocistos quando comparadas a doadoras na faixa 28-31. Mais importante ainda, os dois grupos apresentaram taxas de prenhez clínicas comparáveis e taxas de aneuploidia. Dado o pedido frequente dos receptores de oócitos doadores de utilizar doadores mais jovens, os resultados deste estudo são de importância clínica prática para o aconselhamento do paciente. É importante salientar que a idade máxima do estudo foi de 31 anos, e faltam estudos comparando a faixa etária dos 31-35 anos.

2 – O IMPACTO DO MEDICAMENTO ELAGOLIX SOBRE A QUALIDADE DE VIDA EM MULHERES COM DOR ASSOCIADA A ENDOMETRIOSE: RESULTADOS DE DOIS ESTUDOS CONTROLADOS POR PLACEBO COM RANDOMIZADO USANDO O QUESTIONÁRIO DE PERFIL DE SAÚDE DA ENDOMETRIOSE – THE IMPACT OF ELAGOLIX ON QUALITY OF LIFE IN WOMEN WITH ENDOMETRIOSIS-ASSOCIATED PAIN: RESULTS FROM TWO RANDOMIZED, PLACEBO-CONTROLLED STUDIES USING THE ENDOMETRIOSIS HEALTH PROFILE QUESTIONNAIRE

Autores: H. S. Taylor, E. Surrey, A. M. Soliman, J. Castelli-Haley, J. P. Rowan, K. Chwalisz, J. W. Thomas, B. Schwefel, L. A. Williams, R. I. Jain; Yale School of Medicine, New Haven, CT, Colorado Center for Reproductive Medicine, Lone Tree, CO, AbbVie Inc., North Chicago, IL.

Elagolix é um novo tratamento medicamentoso por via oral eficaz para controle da dor da endometriose que poderá substituir os similares e conhecidos por via intramuscular (Zoladex, Lupron e outros). Este estudo teve o objetivo de avaliar o efeito do hormônio Elagolix na qualidade de vida (QV) em mulheres com dor moderada/severa associada à endometriose. Elagolix está sendo estudado também em pacientes com miomas uterinos. É um antagonista não peptídico do receptor do hormônio libertador de gonadotropina (GnRH) altamente potente, seletivo, oralmente activo, de curta duração. Elagolix é o primeiro de uma nova classe de inibidores de GnRH que foram denotados como segunda geração, devido à sua natureza não-peptídica e biodisponibilidade oral. Além disso, quando descontinuado o Elagolix, seus efeitos são rapidamente reversíveis. Devido à supressão dos níveis de estrogênio pelo elagolix ser incompleta, os efeitos colaterais são mínimos.

3 – INFERTILIDADE SEM CAUSA APARENTE (ISCA): O QUE FAZER PRIMEIRO: A VIDEOLAPAROSCOPIA OU FERTILIZAÇÃO IN VITRO. – UNEXPLAINED INFERTILITY: LAPAROSCOPY FIRST OR ART. DIRECTLY.

Autores: A. Algergawy, A. Alhalwagy, A. Shehata, H. Salem, A. Abd Alnaby; Obstetrics and Gynecology Department, Faculty of Medicine, Tanta University, Tanta, Egypt, Obstetrics and Gynecology Department, Clinical Pharmcist, Tanta, Egypt

FIV ou laparoscopia? Nem sempre esta é uma resposta simples e depende de uma avaliação completa do caso e de uma ampla discussão com a paciente em questão. Este estudo avaliou o resultado de duas abordagens para o tratamento da infertilidade inexplicada: 1. Cirurgia laparoscópica (diagnóstica e terapêutica) ou 2. Reprodução assistida.

Foram estudados 423 pacientes com diagnóstico de infertilidade inexplicada com base nos parâmetros normais do sêmen, achados normais da histerossalpingografia, testes de ovulação e perfil hormonal normal, de acordo com sua vontade em dois grupos: Grupo I – 205 pacientes tratados por estimulação ovariana controlada e IUI até 3 tentativas e, se não obtivessem gestação, a FIV era realizada. Grupo II – 218 pacientes tratados com laparoscopia com objetivo de diagnóstico e tratamento. Os resultados da gravidez cumulativa foram calculados para cada grupo após um ano.

RESULTADOS: No Grupo I, 86 casos (41,95%) ficaram grávidas, 26 casos (12,6%) por IUI. E 60 casos (29,26%) por ICSI. No Grupo II, a laparoscopia revelou o seguimento de endometriose mínima à moderada em 68 casos (31,1%) e endometriose moderada a grave em 36 casos (16,5%). Após o tratamento cirúrgico (ressecção de focos, lise de aderências e excisão de endometriomas) a taxa de gravidez, após um ano, foi de 55,88% (38 casos) e 38,9% (14 casos), respectivamente. Em 33 casos (15,1%) foram observadas adesões periadnexais e pélvicas significativas, sem sinais de endometriose e, após tratamento cirúrgico, foi obtida gestação em 18 casos (54,5%). Em 27 casos (12,3%) a laparoscopia revelou tubas hipoplásicos e em 54 casos (24,7%) não tiveram achados laparoscópicos. Nestes dois últimos grupos, a conduta expectante resultou em gestação em 22,2% (6 casos) e 14,8% (8 casos), respectivamente.

Como complicações das intervenções houve no Grupo I hiperestímulo em 3 casos, gravidez múltipla em 13 casos, e aborto em 6 casos, enquanto que no Grupo II  houve 2 casos de gravidez ectópica sem complicações significativas em ambos os grupos.

CONCLUSÃO: o desempenho da laparoscopia na infertilidade inexplicada forneceu resultados diagnósticos que são úteis e permite que um número significativo de pacientes tenha gravidez espontânea comparável à taxa de gravidez em tratamentos de reprodução assistida, evitando os encargos psicológicos, físicos e econômicos associados a esses tratamentos.

4 – PLASMA RICO EM PLAQUETAS (PRP) AUTÓLOGO PARA REGENERAÇÃO ENDOMETRIAL: UMA NOVA ABORDAGEM – PLATELETS FOR ENDOMETRIAL REGENERATION: A NOVEL APPROACH

Autores: L. Aghajanova, S. Houshdaran, S. Balayan, J. Irwin, H. Huddleston, L. Giudice; Obstetrics, Gynecology and Reproductive Sciences, University of California San Francisco, San Francisco, CA.

Este trabalho nos trouxe uma opção interessante para casos de dificil preparo endometrial, apesar do uso de vários protocolos medicamentosos diferentes.

A principal causa de destruição do endométrio é a Síndrome de Asherman, que acomete principalmente mulheres que foram submetidas a várias curetagens ou procedimentos cirúrgicos endometriais. A Síndrome de Asherman compromete o interior do útero e é caracterizada por aderências no seu interior. É um desafio importante na prática dos tratamentos de fertilização assistida . O plasma rico em plaquetas (PRP) autólogo é utilizado para ajudar a reparação tecidual e algumas especialidades. Este estudo baseou-se na  hipótese de que o PRP estimula os processos celulares envolvidos na regeneração endometrial relevantes para o tratamento de um revestimento fino intrauterina.

PRP foi preparado usando um método de dupla rotação e ativados com trombina e cloreto de cálcio de vimentina.

Este foi o primeiro estudo para avaliar o efeito do PRP na regeneração em diferentes células endometriais humanas. PRP aumentou a migração e proliferação de todas as células estudadas. Estes dados fornecem uma prova inicial in vivo na utilização de PRP autólogo para promover a regeneração endometrial na Síndrome de Asherman e os seus resultados podem ser extrapolados para pacientes com garndes dificuldades no preparo endometrial

5 – PODEMOS PREVER A IDADE DA MENOPAUSA COM MEDIDAS REPETIDAS DE HORMÔNIO ANTIMULLERIANO (AMH)? – CAN WE EXPECT TO IMPROVE AGE AT MENOPAUSE PREDICTIONS WITH REPEATED AMH MEASUREMENTS?

Autores: A. C. de Kat, Y. T. van der Schouw, R. Eijkemans, M. Verschuren, F. J. Broekmans; Reproductive Medicine and Gynecology, University Medical Center Utrecht, Utrecht, Netherlands, Julius Center for Health Sciences and Primary Care, University Medical Center Utrecht, Utrecht, Netherlands, National Institute for Public Health and the Environment, Bilthoven, Netherlands.

O nível de hormônio antimulleriano (AMH) é considerado um indicador do envelhecimento do ovário, mas ainda não permite definir o tempo que a mulher tem pela frente até  a chegada da menopausa. Este trabalho demonstrou a trajetória de declínio longitudinal da AMH com a idade. Aqui, objetivamos relacionar os níveis longitudinais de hormônio antimulleriano (AMH) com o tempo até a menopausa na população geral, a fim de estabelecer as bases para a idade na predição da menopausa com múltiplas medidas de AMH.

Este estudo incluiu 1.857 mulheres inscritas no projeto de avaliação. A AMH foi medida com o ensaio pico AMH num total de 7.666 amostras de plasma. Este estudo confirmou a associação global dos níveis de AMH com o tempo até a menopausa, levando em conta as alterações individuais do AMH com o tempo. Estes resultados sugerem ainda que as medições repetidas de AMH podem melhorar a predição da idade na menopausa para um grupo selecionado de mulheres. Com base nesses estudos, deve-se criar curvas para populações individuais para que possamos estabelecer aproximadamente a idade da menopausa de nossas pacientes, com base na curva de AMH.

6 – EFEITOS DO RESVERATROL NA SÍNDROME DE OVÁRIOS POLICÍSTICOS – EFFECTS OF RESVERATROL ON POLYCYSTIC OVARY SYNDROME

Autores: A. Duleba, B. Banaszewska, J. Wrotyńska-Barczyńska, R. Z. Spaczynski, L. Pawelczyk; Reproductive Medicine, University of California, San Diego, La Jolla, CA, Gynecology, Obstetrics and Gynecological Oncology, Poznan University of Medical Sciences, Poznan, Poland.

O hiperandrogenismo é característico da síndrome do ovário policístico (SOP). Estudos sobre as células isoladas do ovário demonstraram que o resveratrol, um polifenol natural, antioxidante inibe a expressão de mRNA e reduz a produção de andrógenos. Este estudo avaliou efeitos endócrinos e metabólicos do resveratrol em mulheres com SOP. Elas foram diagnosticadas de acordo com os critérios de Rotterdam (N = 34) e foram randomizadas para receber resveratrol (1,5 g / dia) ou placebo. As avaliações foram realizadas no início do estudo e após três meses. O nível total de testosterona (desfecho primário) diminuiu apenas no grupo resveratrol; a diferença entre os grupos foi significativa. De forma semelhante, o hormônio DHEAS diminuiu significativamente no grupo resveratrol, enquanto o nível no grupo placebo aumentou 10,5% (P = 0,08). A diferença entre os grupos foi significativa. A melhora da hiperandrogenemia no grupo do resveratrol foi paralela ao declínio da insulina em jejum e ao aumento do Índice de Sensibilidade à Insulina. No entanto, o resveratrol não teve efeito significativo sobre IMC, volume ovariano, gonadotropinas, perfil lipídico ou marcadores de inflamação e função endotelial.

Este estudo é o primeiro ensaio clínico avaliando os efeitos do resveratrol sobre SOP. É evidente que o resveratrol reduz significativamente os níveis séricos de testosterona e DHEAS, sugerindo um efeito na produção de ovários e adrenais andrógeno. Estes efeitos podem estar, pelo menos em parte, relacionados a uma melhora da sensibilidade à insulina e um declínio do nível da mesma.

7 – ESTRESSE AFETA O RESULTADO DA FERTILIZAÇÃO IN VITRO (FIV)?

Autores: M. F. Costantini-Ferrando, M. Joseph-Sohan, E. Grill, E. Rauch, S. D. Spandorfer; Reproductive Medicine Associates of New Jersey, Basking Ridge, NJ, Weill Cornell Medical College, New York, NY.

O objetivo deste estudo foi avaliar o impacto do sofrimento psicológico (depressão, ansiedade e estresse) nos resultados dos ciclos de fertilização in vitro. Este estudo prospectivo tinha como objetivo avaliar por medidas objetivas e subjetivas e descrever o padrão de sofrimento psíquico ao longo do curso do tratamento de FIV. Os dados psicológicos coletadas em quatro pontos no tempo, durante o tratamento de fertilização in vitro: início da fertilização, recuperação de oócitos, transferência de embriões e dia de teste de gravidez.

CONCLUSÃO DO ESTUDO: sofrimento psíquico não afetou o resultado da gravidez e, embora seja um momento difícil na vida do casal, é importante tranquilizar o paciente afirmando que seu nível de estresse provavelmente não terá impacto sobre as chances de sucesso da FIV.

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