Mais do que congelar óvulos!
A preservação da fertilidade por meio do congelamento de óvulos não é apenas um serviço social ou um procedimento eletivo simples. Trata-se de um processo médico altamente especializado, que exige os mesmos cuidados de um ciclo completo de fertilização in vitro (FIV).
Etapas essenciais:
Índice
Toggle-
- História clínica detalhada.
-
- Preparação criteriosa do ciclo.
-
- Estimulação ovariana correta.
-
- Acompanhamento rigoroso para maximizar resultados.
Objetivos principais:
-
- Pré-tratamento com andrógenos para melhorar a resposta.
-
- Suplementação específica (hormônio de crescimento, vitaminas, reposição tireoidiana quando indicado).
-
- Escolha criteriosa do protocolo de estimulação.
-
- Ajuste preciso do momento do trigger.
-
- Uso de imunossupressores quando necessário.
- Correção de outros fatores que interfiram na resposta.
Medicina de Precisão na Reprodução Assistida
Cada paciente deve ter um protocolo personalizado, considerando histórico, exames e condições clínicas.
O pré-tratamento pode incluir:
-
- Vitaminas pré-natais e antioxidantes.
-
- Ajustes alimentares e hábitos de vida
-
- Vacinação, quando indicada.
- Correção de deficiências hormonais ou nutricionais (vitamina D, IGF-I, hormônios tireoidianos).
Ajustes no ciclo para mulheres com POA
- Evitar medicamentos que suprimam os ovários (anticoncepcionais orais, antagonistas/agonistas longos antes da estimulação).
- Ajustar a dose de gonadotrofinas conforme idade e reserva ovariana.
- Aplicar a estratégia HI-ER (Highly Individualized Egg Retrieval): adaptação do momento da coleta para não ultrapassar o diâmetro folicular ideal — especialmente importante em mulheres com POA e idade entre 40–42 anos.
Sinais de alerta para causas imunológicas
- Histórico clínico ou familiar de doenças autoimunes.
- Exames laboratoriais compatíveis.
- Perdas gestacionais repetidas ou tardias.
Uma hiperatividade imunológica não tratada pode comprometer não só a coleta e qualidade dos óvulos, mas também aumentar o risco de aborto no momento de utilização dos embriões.
Conclusão
A preservação da fertilidade exige mais do que congelar óvulos — requer avaliação integral da paciente, diagnóstico preciso da função ovariana e, especialmente, atenção para causas imunológicas que possam comprometer tanto a quantidade e qualidade dos óvulos quanto o sucesso gestacional futuro.
O uso de protocolos individualizados, associados a intervenções imunológicas quando indicadas, pode melhorar a resposta ovariana e reduzir complicações, oferecendo maiores chances de sucesso reprodutivo no futuro.
Perguntas e Respostas: Por que o Sistema Imunológico é Essencial para a Preservação da Fertilidade?
É um tratamento médico para guardar óvulos (ou espermatozoides/embriões) para uso no futuro, mantendo a possibilidade de ter filhos mesmo depois de alguns anos.
Não. É um processo complexo, parecido com um ciclo de fertilização in vitro (FIV), que exige exames, preparo e acompanhamento médico especializado.
Não. Cerca de 10% das mulheres têm envelhecimento ovariano precoce (POA), mesmo sendo jovens, o que significa menos óvulos e de menor qualidade.
É quando os ovários perdem óvulos mais rápido do que o esperado para a idade. Isso não dá sintomas, e muitas mulheres só descobrem quando fazem exames.
Sim. Problemas no sistema imunológico podem acelerar a perda de óvulos e atrapalhar a qualidade deles. Também podem aumentar o risco de abortos no futuro.
Por meio da sua história clínica, histórico familiar, exames de sangue e, em alguns casos, analisando se houve perdas gestacionais anteriores.
Sim. Dependendo do caso, o médico pode indicar hormônios, vitaminas, suplementos, ajustes de alimentação e até medicamentos para controlar a imunidade.
Porque cada mulher é única. Idade, exames, histórico e saúde geral influenciam na resposta ao tratamento. Protocolos personalizados aumentam as chances de sucesso.
Cuidar da alimentação, tomar vitaminas indicadas pelo médico, evitar hábitos prejudiciais, fazer exercícios e manter vacinas em dia.
Sim. Quanto antes for feito, maiores as chances de preservar óvulos de boa qualidade para o futuro. O importante é ter um plano de tratamento adequado.
Referências Bibliográficas
- 1. Gleicher N, Kushnir VA, Barad DH. Prospectively assessing risk for premature ovarian senescence in young women. J Assist Reprod Genet. 2013;30(7):917-922. doi:10.1007/s10815-013-0022-1
- 2.Monteleone P, Giovanni Artini P, Simi G, Cela V, Genazzani AR. Premature ovarian failure: the role of autoimmunity. Gynecol Endocrinol. 2011;27(3):175-182. doi:10.3109/09513590.2010.507291
- 3.Gleicher N, Barad DH. Immunology and its impact on ovarian function. Reprod Biol Endocrinol. 2011;9:13. doi:10.1186/1477-7827-9-13
- 4.La Marca A, Sighinolfi G, Radi D, Argento C, Baraldi E, Artenisio AC, Stabile G, Volpe A. Anti-Müllerian hormone (AMH) as a predictive marker in assisted reproductive technology (ART). Hum Reprod Update. 2010;16(2):113-130. doi:10.1093/humupd/dmp036
- 5.Carp H. Immunotherapy for recurrent pregnancy loss. Best Pract Res Clin Obstet Gynaecol. 2019;60:77-86. doi:10.1016/j.bpobgyn.2019.05.006