O diagnóstico de câncer é considerado um dos mais sofridos na vida de qualquer pessoa. Entretanto, novas técnicas trazem esperança para preservar ou recuperar a fertilidade em meninas e mulheres que são submetidas a tratamentos contra o câncer. Entre elas estão o congelamento de óvulos, embriões, tecido ovariano e transposição dos ovários em caso de radioterapia. Nos meninos e homens o congelamento do sêmen e tecido testicular são as opções.
Após o pânico inicial, a notícia que os tratamentos para este mal estão cada vez mais eficazes traz algum conforto. O questionamento dos pacientes, principalmente as que ainda não têm filhos e desejam ter, passa a ser justamente sobre o prejuízo de fertilidade após a recuperação. O congelamento de óvulos é a mais importante de todas as técnicas e a que oferece os melhores resultados de gravidez futura.
O especialista em reprodução humana Arnaldo Schizzi Cambiaghi declara “É importante que o médico tenha conhecimento e informe o paciente, seus pais ou responsáveis caso sejam menores de idade que, mesmo se submetendo a tratamentos invasivos, existe a possibilidade de preservação de sua fertilidade”. E conclui: “Desta forma garante, após a cura de seu paciente, a possibilidade de ter filhos e construir sua família”.
Há muitas opções para a preservação da fertilidade em pacientes com câncer. A estratégia a ser escolhida dependerá de três fatores: a idade da paciente; o tempo disponível para que as medidas possam ser tomadas, sem atrapalhar o sucesso do tratamento oncológico; e o tipo de câncer. O médico ajudará a encontrar a melhor alternativa.
Informações complementares:
Estima-se que em 2010, um em cada 250 adultos será sobrevivente de tratamentos de câncer (1), pois a radioterapia e a quimioterapia, além das cirurgias eficazes podem curar até 90%. Isto torna a responsabilidade do médico oncologista ainda maior pois, esquecer este detalhe tão importante, poderá reservar um futuro muito frustrante para estes pacientes. Quanto as mulheres calcula-se que a cada ano, 650 mil são atingidas pelo câncer invasivo e 8% delas (52 mil) tem idade inferior a 40. Estima-se que uma em cada 52 mulheres deverão ter câncer antes dos 39 anos (2). A cada ano são registrados um aumento de 0,3% de casos se câncer e por outro lado o índice de cura vem aumentando 0,6% por ano (3), mas poderá haver prejuízo da fertilidade.
A radioterapia, quando for realizada no baixo abdômen, poderá danificar ou até destruir os ovários, dependendo do tamanho e da localização do tumor e da intensidade da irradiação necessária para a cura. Quando isto ocorre a mulher pára de produzir hormônios e entra na menopausa, impedindo que venha ter filhos com seus próprios óvulos. O mesmo pode ocorrer com a quimioterapia que, dependendo das drogas utilizadas e das doses necessárias para a cura da doença, poderá, além de extinguir o tumor, prejudicar também a função ovariana. As cirurgias castradoras são, muitas vezes, a melhor opção para a cura da mulher, entretanto poderão definir para sempre o futuro infértil da mulher.
(1) Blau J. Pregnancy out come is long term survivors of child hood cancer. Med. Pediatr. Onc. 1999, 33, 29-33.
(2) Greenlee RT, Murray T, Bolden S, Wingo PA. Câncer Statistics, 2000. CA A Cancer Journal for Clinicians 2000 50 (1): 7-33
(3) Preservation of Fertility. Togas Tulandi MD, Roger G. Gos den PhD/DSC. Taylor e Francis – Capítulo. Fertility preservation in female cancer patients Sönmezer and K. Oktay – 177; 190 capítulo 13.
Sobre o Dr. Arnaldo Schizzi Cambiaghi – diretor do Centro de Reprodução Humana do Instituto Paulista de Ginecologia, Obstetrícia e Medicina da Reprodução (IPGO). Formado pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, pós-graduado pela AAGL, Ilinos, EUA em Advance Laparoscopic Surgety e Membro-titular do Colégio Brasileiro de Cirurgiões, da Sociedade Brasileira de Cirurgia Laparoscópica, e da European Society of Human Reproductive Medicine.
É autor de vários livros na área médica entre eles: Fertilidade Natural (Ed.LaVida Press), Grávida Feliz, Obstetra Feliz (Ed. LaVida Press), Fertilização um Ato de Amor (Ed. LaVida Press), Ser ou Não Ser Fértil – Eis as Questões e Respostas (Ed.LaVida Press), Bem-Estar da Mulher – a essência da vida – Guia da saúde feminina para todas as idades (Ed. LaVida Press), Gravidez: Caminhos Tropeços e… Conquistas – Depoimentos de casais que contam como venceram as dificuldades de engravidar (Ed.LaVida Press) e Manual da Gestante (Ed. Madras).
Apresenta seu trabalho em Congressos no exterior, o que lhe confere um reconhecimento internacional. Como especialista em Medicina Reprodutiva sua carreira é dedicada principalmente aos casais que têm dificuldade em engravidar, tanto que sua clínica é considerada uma das mais conceituadas para tratamentos de infertilidade.
Entretanto, preocupa-se com a saúde da mulher em todos os aspectos: físico, emocional e afetivo. Pensando no universo feminino criou os sites: www.ipgo.com.br; www.trigemeos.com.br; www.bemestardamulher.com.br; www.fertilidadenatural.com.br; onde esclarece dúvidas e passa informações sobre a saúde feminina, especialmente sobre infertilidade.