Navegue pelo conteúdo do Post

Rejuvenescimento do ovário pela infusão de PRP (plasma rico em plaquetas)

Considerada uma técnica experimental, foi destaque em congresso na Espanha, mas ainda não é autorizada no Brasil

Por ser considerada uma técnica experimental, o rejuvenescimento do ovário ainda não é autorizado no Brasil. O IPGO só ministra tratamentos com Coenzima Q10 e outros tratamentos para casais com baixa reserva ovariana que você encontrará no final desta matéria.

Realizado agora em maio na cidade de Bilbao, na Espanha, o 7º Congresso Internacional IVI (Instituto Valenciano de Infertilidade) trouxe vários especialistas do mundo todo que apresentaram o que há de mais novo na área. Neste ano, uma das palestras mais aguardadas foi a do grego Konstantinos Pantos, realizada dia 11. O tema: Folliculogenesis reactivation in peri-menopausal women after autologous platelet-rich plasma treatment (Reativação da foliculogênese em mulheres na peri-menopausa após tratamento com plasma autólogo rico em plaquetas).

“Trata-se do Rejuvenescimento do ovário pela infusão de PRP (plasma rico em plaquetas), um procedimento médico com o objetivo de se obter novos óvulos (oócitos) dos próprios ovários de mulheres que não os produzem mais em quantidade ou com qualidade capaz de serem fertilizados. As principais indicações são a menopausa precoce, a idade materna avançada ou a baixa reserva de oócitos (óvulos). O benefício deste procedimento é uma possibilidade de se alcançar uma gravidez com os próprios óvulos, principalmente naquelas mulheres que não aceitam óvulos de doadoras”, explica o especialista em reprodução humana Arnaldo Cambiaghi, também diretor do IPGO (Instituto Paulista de Ginecologia e Obstetrícia).

No entanto, uma vez que se trata de um tratamento médico ainda experimental, deve ser entendido que não há garantia de sucesso de gravidez, natural ou proveniente de tratamentos de fertilização. Porém, os riscos deste procedimento são mínimos e, basicamente, os mesmos de um procedimento de coleta de óvulos no processo de fertilização in vitro. Os efeitos colaterais são aceitáveis e devem desaparecer em 1-2 horas após a realização do procedimento com uso de analgésicos. As complicações são raras, mas, excepcionalmente, podem resultar em hospitalização.

“O rejuvenescimento do ovário é um assunto atual que assume uma grande importância para a mulher moderna que, muitas vezes, adia a maternidade para uma época na qual seus óvulos já estão envelhecidos, ou seja, ao redor dos 40 anos”, afirma Cambiaghi.

A possibilidade de rejuvenescimento do ovário

Embora não seja possível produzir óvulos de forma natural, o tratamento proposto baseia-se em relato de caso recentemente apresentado em um outro congresso, na Alemanha, por um grupo de profissionais do Egito. Trata-se do caso de uma mulher de 49 anos, na pós-menopausa, que concebeu um bebê saudável e geneticamente normal depois de ter sido injetado em seus ovários uma preparação de suas próprias células sanguíneas, que recebeu o nome de PRP (Platelet Rich Plasma = Plasma Rico em Plaquetas) ou terapia com PDGF (Platelet Derived Growth Factors = Fatores de crescimento derivados da plaquetas).

“Embora, neste caso, a possibilidade de uma gravidez natural não possa ser descartada, o nascimento de uma criança saudável deve estar relacionado ao rejuvenescimento do ovário. A concepção espontânea era ainda mais improvável nesta mulher em particular porque não tinha menstruações há quatro anos e ela nunca tinha concebido em 30 anos de casamento”, lembra Cambiaghi.

Esse caso estimulou outros pesquisadores a testarem a técnica. Em 2016, no congresso anual da Sociedade Europeia de Reprodução Humana (ESHRE – European Society of Human Reproduction and Embryology), realizado em Helsinque (Finlândia), foi apresentado um novo trabalho utilizando esta técnica. Os autores (K. Pantos, N. Nitsos, G. Kokkali, T. Vaxevanoglou, C. Markomichali, A. Pantou, M. Grammatis, L. Lazaros, K. Sfakianoudis) são do Centro de Reprodução Humana Genesis, de Atenas, na Grécia. Neste trabalho, eles testaram a injeção de PRP em 8 mulheres na perimenopausa, que não tinham mais ciclos menstruais. Todas retornaram seus ciclos menstruais de 1 mês a 3 meses depois e conseguiram obter óvulo na coleta. Entretanto, os embriões não haviam sido ainda transferidos para sabermos os resultados de gravidez.

“Várias técnicas estão surgindo, mas a infusão de PRP no ovário é a mais simples e a mais segura, pois é realizada com o próprio sangue da paciente e a sedação é a mesma que se dá na coleta dos óvulos, diferente das outras, mais invasivas e com anestesia geral”, avalia o médico.

Fatores de crescimento

Os fatores de crescimento são produzidos naturalmente por certas células do sangue (plaquetas e glóbulos brancos). Quando o corpo está ferido, a fim de reparar naturalmente seus tecidos, ou quando alguém cai e “esfola” o joelho, observa-se, alguns dias depois,  uma substância amarela grossa sobre a área lesada. Isso,  na verdade, é  uma combinação de plaquetas, glóbulos brancos, coagulação do sangue e fatores de crescimento que impedem o sangramento,  previnem a infecção e, eventualmente, provocam a formação de nova pele, vasos sanguíneos, tecidos conjuntivos e nervos para substituir aqueles que foram destruídos como resultado da lesão.

Cambiaghi esclarece: “A base científica deste relato de caso de rejuvenescimento ovariano bem sucedido se baseia no fato que as células sanguíneas, que foram injetadas em seus ovários, produziram estes fatores de crescimento, os mesmos que o corpo normalmente cria para curar lesões internas e externas”.

Entre muitas outras funções biológicas e imunológicas importantes, os fatores de crescimento causam o desenvolvimento de novos vasos sanguíneos, tecidos conjuntivos e nervosos por meio da ativação de células estaminais ou totipotentes (células capazes de se diferenciar em outros tipos de células) que são normalmente encontradas em todas as partes do corpo humano.

No ovário, acredita-se que o PRP, com seus fatores de crescimento, estimula a vascularização ovariana e o recrutamento de folículos primordiais ainda existentes, mas que não conseguiam mais ser estimulados.

Além disso, recentemente foram detectadas células-troncos nos ovários. Elas podem, sob o estímulo biológico adequado, tranformar-se em qualquer tipo de célula no corpo humano, inclusive em óvulos. A presença de células-tronco nos ovários e sua transformação em oócitos (ou óvulos)  maduros têm sido demonstrada em ratos por pesquisadores de Harvard. No ovário humano, também foram demonstradas a presença de células-tronco, por isso é perfeitamente possível que estas células possam ser transformados em óvulos  por estes fatores de crescimento contidos nos próprios glóbulos brancos e plaquetas das mulheres que forem injetados no ovário.

PRP (Plasma Rico em Plaquetas)

O plasma rico em plaquetas (PRP) é produzido a partir do sangue da própria paciente em que será utilizado (sangue autólogo). O método é notavelmente simples e fácil de executar. A amostra é processada em uma centrífuga para aumentar as plaquetas, separando vários componentes de sangue, as células brancas e vermelhas do plasma e plaquetas.

As plaquetas são ricas em vários fatores de crescimento diferentes que vão atrair outras células de reparação (neutrófilos, monócitos, fibroblastos), também chamadas de células “trabalhadoras”, que permitem a proliferação tecidual. Este processo de preparação leva cerca de 45 minutos no total. O tempo e o número de centrifugações e a velocidade interferem na concentração final das plaquetas. Por meio desta ativação, as citocinas e os fatores de crescimento tornam-se bioativos e são segregados dentro de dez minutos após a coagulação.

Estes elementos incluem o fator de crescimento endotelial vascular (VEGF), o fator de transformação do crescimento beta (em inglês: transforming growth factor beta – TGF-β)) que controla a proliferação e diferenciação celular, e outras funções na maioria das células, o fator de crescimento derivado de plaquetas (PDGF) e o fator de crescimento epidermal (ou em inglês Epidermal Growth Factor – EGF).

Há alguns  anos, as injeções de PRP têm sido usadas clinicamente por alguns  médicos para o tratamento de lesões de tecidos e enxertos ósseos. Muitos atletas profissionais usam esta terapia para acelerar a cura de seus ferimentos causados durante a prática de esportes.

“Na infertilidade,  a infusão de PRP intrauterino  tem sido utilizada há algum tempo por clínicas de vários países,  e pelo IPGO, nos casos de endométrio fino com má resposta aos medicamentos habituais. Este tratamento tem demonstrado bons resultados ao promover o crescimento endometrial satisfatório e melhorar, nestas pacientes, o resultado da gravidez”, diz Cambiaghi.

Como é realizado o procedimento?

Em mulheres que não menstruam, o procedimento pode ser realizado a qualquer momento. Já em mulheres que menstruam regularmente, é recomendável que se realize o procedimento durante o período menstrual, ou no início do ciclo, antes do desenvolvimento de um folículo dominante. O procedimento pode ser realizado no dia da avaliação inicial.

O processo em si envolve dois passos. O primeiro é a preparação do PRP que começa com a retirada do sangue da paciente. Ele é retirado, centrifugado e os glóbulos brancos e as plaquetas separados dos glóbulos vermelhos. A próxima parte do processo de rejuvenescimento do ovário é a injeção do PRP nos ovários.

“Em minha opinião, a melhor opção para esta injeção é a abordagem não-cirúrgica. Nesta técnica, uma injeção guiada por ultrassom transvaginal é dada, sob sedação. Este é o mesmo procedimento usado  na coleta de óvulos nos tratamentos de  fertilização in vitro e pode ser considerado um procedimento seguro, com uma recuperação curta confortável”, admite o especialista.

Quem são as candidatas a este procedimento?

Qualquer mulher que esteja em boa saúde física e se enquadrem em uma ou mais das três categorias de pacientes:

1. Mulheres na menopausa ou perimenopausa com idade inferior a de 50 anos.

2. Mulheres inférteis com baixa reserva ovariana (diminuição de folículos antrais, aumento de FSH ou níveis baixos do hormônio antimulleriano).

3. Mulheres com insuficiência ovariana prematura (POF).

Os exames básicos para este procedimento são: clínico e ginecológico, com dosagens hormonais entre o 3º e 5º dia do FSH, LH, Estradiol e hormônio antimulleriano, além de um ultrassom vaginal para avaliar a reserva ovariana.

“Eu me preocupo com a fertilidade da mulher, tanto que incluí o tema ‘rejuvenescimento do ovário’ no curso de infertilidade para ginecologistas que o IPGO realiza no fim de cada ano. Além disso, criamos o site www.rejuvenescimentodoovario.com.br no qual as pessoas podem tirar quaisquer dúvidas”, finaliza Cambiaghi.

Outras opções

Por ser considerada uma técnica experimental, o rejuvenescimento do ovário ainda não é autorizado no Brasil. O IPGO só ministra tratamentos com Coenzima Q10 e outros tratamentos para casais com baixa reserva ovariana, são eles:

• Mini-FIV: é indicado para mulheres com baixa reserva ovariana que desejam usar seus próprios óvulos ao invés de óvulos de doadoras;
• “Armazenamento” ou coletânea de embriões: como alternativa, as induções podem ser repetidas, isto é, os óvulos são coletados em duas ou três induções diferentes ( em meses seguidos ou não), fertilizados, congelados (vitrificados) e transferidos, de uma só vez, em um ciclo seguinte;
• Ciclos naturais ou Naturais modificados: Fertilização in vitro pode ser realizada em ciclos naturais sem a estimulação ovariana;
• Ciclo Natural Modificado: da mesma forma que o descrito anteriormente, não utiliza medicação para a estimulação ovariana inicial e, por isso, somente um único óvulo escolhido pelo organismo materno é recrutado;
• DHEA (Dehidroepiandrosterona): hormônio normal no organismo fabricado no ovário e nas glândulas suprarrenais. Sua ingestão por via oral em um período não inferior a dois meses tem demonstrado aumentar as chances de gravidez;
• Etinil Estradiol: hormônio natural que pode ajudar mulheres com mais idade, próximas a menopausa ou com falência ovariana precoce ficarem grávidas;
• Protocolo microflare: utiliza agonista do GnRH (acetato de leupror­relina ou triptorrelina);
• “Stop Lupron” para más respondedoras (pode também ser chamado de “stop Synarel” ou “stop Gonapeptyl”): algumas mulheres podem ficar “super bloqueadas” pelo proto­colo longo com o uso de agonistas do GnRh. O protocolo “stop Lu­pron” é uma opção para tentar obter uma melhor resposta à estimu­lação;
• Duostim – Protocolo dupla coleta em um único cicloDouble Stimulation (Dupla Estimulação), consiste num protocolo de estimulação ovariana onde são realizados 2 coletas de óvulos no mesmo ciclo menstrual, aumentando, assim, o número de óvulos coletados.

Compartilhe:
Share on whatsapp
Share on facebook
Share on twitter
Share on telegram
Share on linkedin

Tem alguma dúvida sobre esse assunto?

Envie a sua pergunta sobre assunto que eu responderei o mais breve possível!

Para mais informações entre em contato com o IPGO

Fale conosco por WhatsApp, e-mail ou telefone

Posts Recentes:
Newsletter
Inscreva-se na nossa newsletter e fique por dentro de tudo!