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A endometriose é uma doença enigmática

A endometriose é uma doença enigmática. Embora seja desconhecida para muitos, para outros é extremamente familiar. Os casais que buscam ajuda médica para conseguir a gravidez acabam conhecendo o seu significado num período muito breve. Na minha experiência, quando eu comento esta possibilidade diagnóstica, a grande maioria das pessoas faz uma expressão de muita preocupação e medo. É a mesma reação observada quando nas primeiras consultas é pronunciada a palavra HISTEROSSALPINGOGRAFIA. Quem já fez este exame sabe do que eu estou falando. A endometriose é uma doença que deve ser cuidadosamente diagnosticada, tratada e acompanhada, caso contrário poderá levar a paciente a repetidas cirurgias, muitas vezes desnecessárias, além do prejuízo da sua fertilidade. Acredita-se hoje que uma das grandes dificuldades no seu tratamento é o tempo de demora para ser diagnosticada. Até sete anos, em média. Esta demora pode trazer prejuízos importantes à anatomia do aparelho reprodutivo, causando danos à fertilidade da mulher. Por isso, sempre que esta hipótese diagnóstica for apresentada como uma alternativa, o aprofundamento da pesquisa para confirmação do diagnóstico e o tratamento deverão ser feitos por profissionais que tenham experiência nesta doença, caso contrário, tanto o momento como a maneira de intervir e tratar poderão ser inadequados.

Portanto, o mito de que a endometriose não tem uma cura não deve ser considerado verdadeiro. O maior problema é que algumas pacientes não são tratadas adequadamente.

Os dois casais: Anne e Fred, e Adriana e Enrico ilustram os problemas e a evolução da endometriose. E o mais importante é que independentemente da força da doença, a fertilidade venceu e eles estão com os seus filhos.

Anne e Fred vieram da cidade de Manaus e estão entre os pacientes que recebo de outras cidades. Estes pacientes, quando desejam uma consulta, são encaixados quase que prontamente. Isto porque eu e a minha equipe entendemos que a distância, o custo do transporte e o tempo perdido no deslocamento agem contra o desejo da gestação. Anne tinha desde o início um quadro característico de endometriose e a intervenção cirúrgica demonstrou uma alteração importante de anatomia dos órgãos reprodutivos. Nesta intervenção os problemas foram corrigidos de maneira adequada. Entretanto, as trompas quando sofrem alterações importantes como estas, dificilmente voltam totalmente à normalidade, o que pode causar a gravidez tubária. E foi o que aconteceu com ela.

Quando se optou pelo tratamento de Fertilização In Vitro, o resultado foi satisfatório. Numa vinda solitária de Fred, o esposo de Anne, ele decidiu comigo o que já tinha decidido com ela lá em Manaus: fariam a Fertilização In Vitro. Orientei, na época, que poderia aproveitar e coletar o sêmen naquele momento, que ficaria congelado até o dia da Fertilização. Assim não seria necessária a sua vinda no dia da coleta dos óvulos, evitando um tempo perdido e despesas de transporte desnecessárias. Algumas vezes, nós médicos temos que orientar também a distribuição do orçamento do casal.

A parte inicial do tratamento também foi feita em Manaus para que Anne ficasse o menor tempo possível fora de sua casa. Com os detalhes do tratamento arranjados pelo grupo de apoio da clínica para pacientes que não moram em São Paulo, o tempo de permanência fora de sua cidade foi de sete dias.

Adriana e Enrico são também um casal de fora de São Paulo, mas não tão distante como Anne e Fred.

Adriana passou por várias intervenções cirúrgicas, como contam em sua história, que demonstraram muitas aderências entre órgãos (os órgãos aderem uns aos outros e têm o seu funcionamento prejudicado) e uma provável endometriose. Esta endometriose já havia sido suspeitada anteriormente. Mas não foram realizado os exames necessários na época para confirmação diagnóstica. Somente anos mais tarde o diagnóstico foi confirmado. Este processo, resultou na perda de uma parte importante de um dos seus ovários. Mesmo assim conseguiu o seu bebê através das técnicas de Fertilização Assistida.

O fato de as histórias aqui contadas serem de tratamentos de Fertilização Assistida não significa que a endometriose impede sempre a gravidez natural. Ocorre com muita freqüência e com tal simplicidade que os casais não se sentem motivados a ponto de escrever suas histórias.

Depoimentos

“ELA COLORIU AS NOSSAS VIDAS”
Anne e Fred

Tudo começou desde a minha adolescência, que foi quando o desejo de ser mãe despertou em meu
coração. É claro que eu não pensava em ter filhos naquele exato momento, mas sonhava em um dia ter quatro crianças brincando e pulando ao meu redor.

Aos 23 anos me formei em Nutrição e imediatamente me mudei para Manaus, na intenção de me estabilizar profissionalmente. O desejo e a ansiedade pela chegada da maternidade nunca deixaram de estar presentes em meu coração, mas enquanto o momento não chegava, eu continuava levando a minha vida, buscando e realizando os meus outros sonhos e ideais.

Após seis anos na cidade conheci meu atual marido. Namoramos apenas quatro meses, tempo suficiente para vivermos momentos maravilhosos e termos a certeza de que tínhamos que ficar juntos para sempre. Foi então quando aos 29 anos me casei. Logo após nossa união, eu já queria engravidar. Meu marido não ficou muito confortável com a situação, pois além de termos namorado muito pouco tempo, ele já tinha dois filhos, proporcionados por um outro casamento que havia acabado recentemente.

Nós não evitávamos e nem usávamos métodos contraceptivos, mas o fato de a gravidez não chegar ainda não nos maltratava, pois tínhamos uma busca calma, sem desespero, sem pressa e com muita tranqüilidade. Eu acima de todas as coisas acreditava que engravidaria no tempo certo, pois tudo tinha sua hora para acontecer.

Passado um ano sem nenhum resultado, comecei a ficar um pouco incomodada, pois se tudo estivesse normal eu já teria engravidado. Na minha cabeça se existisse algum problema, este estaria no meu marido, pois eu tinha certeza de que comigo tudo estava bem. Certo dia ele teve uma irritação no escroto e decidimos procurar um médico. Chegando no urologista, expliquei que eu não sabia ao certo se o impedimento por eu não engravidar vinha da parte do meu marido e se aquela irritação poderia comprometer uma possível gravidez. O médico foi bem claro quando me disse que não, mas me orientou a procurar um especialista em reprodução humana para que eu também fosse examinada e diagnosticada, me indicando uma médica.

Chegando na consulta, a mesma solicitou os exames necessários para detectar uma possível causa, e para minha surpresa, recebi a notícia de que tinha pólipos no útero, trompas com fimose e enoveladas, além de endometriose. Foi um choque, pois jamais passou pela minha cabeça que eu pudesse ter algum tipo de problema que comprometesse a capacidade e possibilidade de me tornar mãe. Fui orientada a realizar uma videolaparoscopia com a promessa que depois da cirurgia tudo daria certo.

Meu marido se opôs dizendo que eu não faria nada em Manaus, pois me levaria a São Paulo, para que eu fosse tratada por profissionais mais qualificados e experientes. Assim que cheguei na cidade, me dirigi ao hospital Santa Joana, e na recepção pedi que me indicassem o melhor médico para resolver o meu problema. A recepcionista me passou o contato de dois especialistas, um deles era o Dr. Arnaldo. Liguei primeiro para a clínica do outro médico, mas quando atenderam eu desliguei. Fui movida por uma intuição que é difícil explicar em palavras, mas algo me dizia que era com o Dr. Arnaldo que eu tinha que me tratar. Imediatamente liguei para a clínica IPGO e falei que era de Manaus e que precisava marcar uma consulta quanto antes, pois não ficaria muito tempo em São Paulo. Pra minha surpresa, foi possível fazer um encaixe na tarde daquele mesmo dia. Aquele com certeza foi um dos dias mais felizes da minha vida, pois eu estava encontrando a pessoa que realizaria o meu sonho.

Chegando lá, expliquei ao Dr. Arnaldo todo o meu histórico, repleto de tristeza e frustração. Os exames do meu marido também foram analisados, mas nada de anormal foi encontrado. O problema realmente estava comigo, em mim, no meu corpo. Percebendo a minha angústia e também a minha pressa, devido ao fato de eu não ser de São Paulo, ele me instruiu a realizar a videolaparoscopia naquela mesma semana. Toda a minha confiança foi depositada naquele homem que estava na minha frente, tentando encontrar uma maneira de me tornar mãe.

Com a cirurgia realizada, o Dr. Arnaldo me disse que dentro de um ano eu engravidaria. Voltei para Manaus confiante e já com o coração desesperado pela chegada do grande dia. Foi o ano de maior ansiedade da minha vida. Todo mês eu fazia os testes de gravidez comercializados em farmácias, mas sempre dava negativo. A minha busca incessante e a minha espera continuavam, sem nenhuma interrupção.

Passados quatro meses, meu marido apresentou uma redução na taxa de espermatozóides e logo nos dirigimos ao consultório de um amigo. O que parecia resolvido voltou a nos preocupar, dessa vez um novo obstáculo fora colocado em nossos caminhos. Meu marido foi orientado a realizar a varicocele, mas três meses após a cirurgia, ele simplesmente parou de produzir espermatozóides. A situação foi insuportável e o desespero tomou conta do desejo louco que eu alimentava em meu coração. Cheguei a culpar o médico, acreditando que ele tinha causado aquilo e definitivamente destruído todas as possibilidades existentes para a realização de um sonho que tanto me consumia.

Fomos informados que aquele diagnóstico
estava dentro da normalidade e que no máximo em três meses tudo estaria no seu devido lugar. Realmente tudo voltou ao normal e o meu marido voltou a produzir bons espermatozóides, porém a gravidez nunca vinha. Decidi convencê-lo a ir para São Paulo e procurar o melhor médico, assim como eu fiz. Foi exatamente o que ele fez, porém o especialista pediu que aguardássemos um pouco, pois em no máximo quatro meses eu engravidaria.

Passados exatamente dois meses, fui surpreendida com sangramentos inconstantes. Eu não sabia o que estava acontecendo, mas tinha certeza que aquilo não era normal. Mesmo muito apreensiva, não tive outra escolha além de esperar, já que só consegui marcar uma consulta médica para depois de um mês.

Depois de alguns dias, fui passear com meu marido no shopping. Ao provar uma roupa, fiquei muito chateada por notar que meu manequim havia aumentado. Percebi que tinha engordado e fiquei até triste por conta disso. Quando chegamos em casa, ele pediu que eu colocasse a roupa que havia comprado para ele ver e para o meu espanto, ela não serviu. Fiquei completamente sem graça e achei estranho porque não era possível eu ter engordado em tão poucas horas. Muito desconfiado ele me disse: “Acho que você está grávida!” Aquilo foi um susto para mim, pois naquele momento a possibilidade de estar grávida era remota e praticamente nula em meus pensamentos. Ele comprou um teste de farmácia e pediu que eu fizesse, mas neguei fazê-lo afirmando não querer criar expectativas para algo que naquele momento estava tão distante de acontecer. Quase não consegui dormir naquele dia, pois aquela pergunta não saía da minha cabeça. A esperança cresceu e eu não conseguia parar de pensar na hipótese de finalmente realizar o meu sonho. O teste ficou guardado e no dia seguinte eu o fiz: positivo.

Difícil explicar o que eu senti naquele momento. Fiquei muito radiante, porém preocupada, pois se eu realmente estivesse grávida, poderia estar com um princípio de aborto, já que o sangramento não cessava. Fui ao laboratório e fiz um novo exame, que confirmou o resultado anterior. Estava muito feliz, contagiante, e não queria por nada que aquele dia chegasse ao fim.

Fui trabalhar um pouco indisposta no dia seguinte e pedi que meu marido me levasse ao hospital, pois eu estava grávida e precisava tomar todo tipo de cuidado. Chegando lá, fiz um ultrassom para detectar o tempo de gravidez e para o meu susto ouvi da médica que eu não estava grávida. Como aquilo era possível? Expliquei a ela que já tinha realizado o exame e que o resultado havia dado positivo, mas pelo laudo do ultra-som era negativo.

Voltei ao laboratório em que tinha realizado o exame e o refiz. Novamente deu positivo. Eu estava ficando louca com aquela situação. Não sabia o que fazer e disse ao meu marido que o que eu mais queria naquele momento era poder falar com o Dr. Arnaldo para que ele analisasse o meu caso. Foi então que eu liguei para ele e contei tudo o que estava acontecendo. Perguntei se era preciso que eu fosse para São Paulo e ele me disse que através de uma consulta poderia descobrir imediatamente o que estava acontecendo.

Eu e meu marido decidimos viajar para São Paulo para descobrir de vez o que estava acontecendo e acabar com aquela angústia de não saber o que se passava. Após colher sangue e realizar um novo ultra-som, o teste positivo foi confirmado, porém com um detalhe: tratava-se de uma gravidez ectópica. O embrião iria se desenvolver fora do útero, mais precisamente na trompa esquerda.

Tomei um remédio específico para inibir o crescimento do embrião, mas não obtive resultado. Então realizei uma nova videolaparoscopia, onde o retirei juntamente com a minha trompa esquerda. Infelizmente não existia a possibilidade de manter a gravidez. Saí do consultório muito chateada e decepcionada. Cheguei perto do sonho, mas ele escapou entre meus dedos. Perguntei ao Dr. Arnaldo se eu ainda tinha chance de ter filhos e ele me disse: “Enquanto existir útero, a mulher pode ter filhos.” Aquela frase jamais saiu da minha cabeça e com certeza foi muito construtiva e motivadora durante todo o meu processo.

Ele me explicou que caso eu engravidasse novamente poderia perder a outra trompa, e por este motivo, juntamente com o meu marido, decidimos realizar uma Fertilização In Vitro. Fiquei chateada somente no momento em que tudo aconteceu, mas logo depois voltei a ficar animada e cheia de esperança, porque eu sabia que ainda tinha outras possibilidades para realizar o meu sonho. Não posso dizer que o meu tratamento foi sofrido e doloroso. É claro que nestas circunstâncias, por mais racionais que possamos ser, é praticamente impossível não se magoar. Porém, eu confiava demais no meu médico, que sempre me deixou muito segura. Sempre falo que minha trajetória foi dividida em duas partes: antes do Dr. Arnaldo e depois do Dr. Arnaldo.

Logo recompus minhas energias e dei início ao procedimento para a Fertilização In Vitro. No mesmo momento meu marido já fez a coleta de sêmen e fui orientada a começar tratamento somente após o próximo ciclo menstrual. Voltei para Manaus radiante, já com os remédios para todo o tratamento. Passados alguns dias o Dr. Arnaldo me ligou avisando que eu devia dar início à medicação e novamente eu fiquei muito feliz, já fazendo contagem regressiva para o grande dia.

No dia da transferência eu estava muito confiante, certa de que engravidaria logo na primeira. O Dr. Arnaldo alertou que eu tinha apenas dois embriões, mas isso não diminuía a confiança em um resultado positivo. Durante todo o procedimento eu conversei bastante com Deus, clamava para que tudo desse certo.

Após 24 horas, durante o sono, fui surpreendida com um sonho. Ouvia nitidamente um bebê gritar “mamãe”. Acordei assustada e fui ao banheiro. Me deparei com o mesmo sangramento que tive anteriormente, durante a outra gravidez. Imediatamente liguei para a clínica e pedi para que avisassem o Dr. Arnaldo que eu estava grávida. Ao questionarem o porquê de tanta certeza, contei que havia tido um sinal e expliquei o que havia acontecido.

Retornei para Manaus e os dias de espera pelo resultado foram terríveis. Foram tão angustiantes que não consegui esperar, e faltando apenas dois dias decidi fazer um teste de farmácia. Para o meu desespero o resultado foi negativo e eu não consegui me conter. Chorei muito e meu marido não sabia o que fazer para me acalmar. Jamais esquecerei a dor, angústia, decepção e tristeza que senti naquele momento.

Chegado o dia do resultado me dirigi ao laboratório, e quando peguei o exame minhas pernas tremiam e eu mal conseguia parar em pé. Fui até o trabalho do meu marido, que rapidamente abriu o exame. Ele me perguntou: “Você quer saber do resultado?” e eu pedi que esperasse um pouco, pois ainda não estava preparada para ouvir. Ele não agüentou e me contou que eu estava grávida! Aquele momento para mim foi indescritível, pois era como acordar de um pesadelo. Eu fiquei parada, anestesiada e não conseguia ter nenhuma reação. Apenas pedia que meu marido desse a notícia para o Dr. Arnaldo.

Naquele dia eu e meu marido saímos para curtir o momento. Decidimos não contar para ninguém, assim como fizemos durante todo o tratamento. Tomamos essa decisão para evitar qualquer tipo de transtorno, pois eu ainda corria o risco de sofrer um aborto. Omitimos a gravidez até o final do terceiro mês.

Neste período tivemos um grande susto. Ao realizar um exame fui surpreendida com um descolamento do saco gestacional. Mais uma vez entrei em pânico e tive muito medo de perder o bebê. Fiquei em repouso absoluto por 15 dias e logo tudo voltou ao normal. Quando tudo já estava normalizado, decidimos dar a boa notícia para a família e amigos. Ninguém sabe do tipo de tratamento que realizamos, pois esse procedimento aqui ainda não é normal.

Tirando o susto no início da gestação, minha gravidez foi maravilhosa. Ver minha barriga crescendo me deixava muito feliz, pois eu sabia que era o fruto de uma busca e de uma luta incessante. Achava o máximo ficar com aquele barrigão e se tivesse escolha ficaria daquele jeito por um bom tempo. Ver que eu estava realizando o meu sonho era tão perfeito e tão inacreditável que às vezes passava pela minha cabeça que eu poderia não estar grávida. Cheguei a imaginar que minha barriga crescia por conta de um mioma. Tinha muito medo de acordar daquele sonho maravilhoso que eu estava vivendo.

Hoje, com a minha filha bem aqui, pertinho de mim, tudo está mais bonito. A nossa casa está muito mais alegre, colorida e tudo parece ser mágico. A sua chegada ao mundo foi triunfal e realizou o grande sonho da minha vida. Sou mãe e nada pode ser melhor do que isso! Mesmo depois de tudo o que eu passei, tenho planos de realizar uma nova Fertilização In Vitro. Imaginar ter de passar por tudo novamente não me assusta. A ansiedade, as chateações e as tristezas se tornam pequenas, depois que vemos o resultado.

“Para alcançar o objetivo é preciso ter certeza do que você quer. Não desista em nenhum momento, pois nenhuma dor pode ser mais forte do que o sonho de ser mãe. Tenha muita fé e sempre que desanimar, lembre-se que: ‘Enquanto existir útero, existirá uma possibilidade!’ ”

“DEUS SABE O MOMENTO CERTO”

Adriana e Enrico

A maternidade é um sonho para a maioria das mulheres. Acho que minha vontade de ser mãe apareceu desde quando me vi como mulher, capaz de dar continuidade à minha geração. Quando criança dizia que iria ter dois filhos, uma menina e um menino. Sempre me imaginei toda barriguda, usando roupas largas e sentindo a doce sensação de amamentar.

Quando conheci meu marido, passei a ter certeza que realizaria meu grande sonho, pois ele também sempre me falava sobre o seu desejo de ser pai. Aos 20 anos me casei, mas inicialmente tínhamos o plano de curtir um pouco, terminar a faculdade, para depois termos filhos. Não estávamos dando prioridade para outras coisas, pois o desejo estava dentro dos nossos corações, mas acreditávamos que aquele ainda não era o momento. Queríamos nos estruturar melhor, até mesmo para dar uma boa condição de vida para os nossos filhos.

Após sete anos, quando finalmente decidimos ter filhos, fui surpreendida com fortes dores na barriga que me levaram ao hospital. Por meio de alguns exames realizados e durante um ultra-som foi constatado um líquido na cavidade abdominal. Logo fui alertada de que era um sinal de apendicite. Fui internada no mesmo dia e operada erroneamente, onde o cirurgião retirou o apêndice perfeito, sem nenhum problema. Ainda na sala de cirurgia o médico começou a me questionar se eu já era mãe e se eu tinha intenção de ter filhos, pois havia alguns indícios de que eu poderia ter endometriose.

Eu nunca tinha ouvido falar nesta doença e o médico não me deu muitas explicações. Pediu apenas que eu procurasse um ginecologista para realizar novos exames e analisar com mais precisão o meu diagnóstico. Passei por várias clínicas, mas em nenhuma delas fui orientada sobre o que estava acontecendo. Ouvia apenas que se realmente eu tivesse endometriose, dificilmente engravidaria. Foi muito difícil ouvir especulações desse tipo, pois cada palavra pronunciada destruía o sonho que por toda a minha vida foi preservado em meu coração. No meio desse desespero total, um médico amigo da família indicou um especialista em endometriose. Este me tranqüilizou dizendo que realmente teríamos que investigar o problema.

Com apenas quatro meses após a minha cirurgia de apendicite, realizei uma videolaparoscopia, O resultado da endometriose foi negativo, mas eu tinha muitas aderências e o que eles chamam de pélvis congelada (todos os meus órgãos eram grudados). Fui alertada que dificilmente engravidaria pelos métodos naturais, o que me deixou muito preocupada. Sentia-me frustrada por saber que talvez não seria capaz de ter um filho e realizar o nosso sonho.

Demos início a um tratamento, mas após 10 meses a gravidez ainda não havia chegado. Além do desgaste emocional e psicológico que sofri, estava tendo muitas dores abdominais e sentindo cólicas menstruais que ficavam cada vez mais intensas. Diante dessas circunstâncias, meu médico solicitou um ultra-som, no qual foi constatado um cisto com aproximadamente 7 cm. Novamente fiquei chocada! Além de chateada por ver que a maternidade estava cada vez mais distante, ficava preocupada com a minha própria saúde, pois nunca imaginei que pudesse ter algum problema semelhante ao que eu estava tendo. Era uma mistura de sentimentos muito grande e meu coração se mantinha apertado e confuso. Para aumentar ainda mais o meu desespero, durante a cirurgia foi confirmada a presença da endometriose. Dei início a um tratamento com injeções que inibiam a ovulação. Esse processo durou nove meses e foi muito, mas muito difícil.

Mas em todos os momentos recebi muita força do meu marido. Sempre que eu dizia: “Eu tenho um problema”, ele falava: “Não! NÓS temos um problema!” Quando eu perdia as esperanças, ele me enchia de força para continuar. Essas atitudes me davam muita força para continuar, pois eu sabia que tinha alguém do meu lado, me segurando para que eu não caísse. Depois da última injeção eu e meu marido ficamos aliviados, acreditando e tendo fé que tudo havia se resolvido.

Novamente demos início ao tratamento, tomando algumas medicações receitadas pelo médico. Tudo parecia perfeito, mas após quatro meses as cólicas voltaram e meu médico identificou um cisto de 4,7 cm no ovário esquerdo e outro menor no ovário direito. Realizei uma nova videolaparoscopia, que deixou meu coração muito angustiado. Após a realização de uma nova cirurgia, parte do meu ovário esquerdo foi retirada com os cistos. Quando recebi a notícia do médico, perdi o controle da situação e me desesperei. Saí do consultório chorando muito e com as esperanças esgotadas. Quando perdi a minha fé e parei de acreditar que seria mãe, passei a me culpar por não ter tido filho antes, já que havia me casado muito nova, com o organismo muito melhor para uma gravidez. Me sentia a pior pessoa do mundo e não entendia porque estava tendo que passar por tudo aquilo. A fase foi muito difícil, mas o amor e o apoio do meu marido dedicados a mim não me deixavam desistir, me fazendo sempre crer que o nosso sonho seria realizado.

Iniciei novamente o tratamento com as injeções. Tínhamos esperança que eu me curaria, pois o médico havia feito uma limpeza da endometriose durante a cirurgia. Novamente para a nossa decepção, no primeiro ciclo as dores voltaram com muita intensidade. Procurei o médico, um novo exame de ultra-som foi feito e novamente foi encontrado um cisto em cada ovário. Eu fiquei inconsolável! Mais uma vez a conduta recomendada pelo médico foi de uma nova cirurgia, mas eu não aceitei e relutei, pois aquelas tinham sido as recomendações dos últimos três anos. Ao perceber que nada me faria mudar de idéia, ele foi taxativo dizendo que a Fertilização In Vitro seria a única solução para o meu caso. A situação já estava insuportável. Todas as noites eu sonhava com o meu filhinho em meu colo, sentindo a sensação maravilhosa de amamentá-lo. Deixamos de viver e passamos a sobreviver diante de todos os impedimentos que nos mantinham longe do nosso maior desejo.

Passamos a procurar hospitais que pudessem fazer o procedimento gratuitamente, mas vimos que isso era impossível, até mesmo porque não tínhamos muito tempo. Se eu demorasse muito a endometriose poderia se agravar. Víamos as portas se fechando à nossa frente e o desânimo nos dominava. Foi então quando um colega de trabalho comentou com o meu marido que sua esposa estava realizando um tratamento com o Dr. Arnaldo, que imediatamente nos foi indicado. Marcamos a consulta na clínica IPGO e fomos atendidos por uma médica da equipe que nos tranqüilizou muito, principalmente em relação aos meus cistos. Saí de lá muito confiante, porém nervosa. Havíamos encontrado a solução, mas não tínhamos como arcar com o custo da mesma. Falei ao meu marido que não sabia como, mas que iríamos fazer o tratamento naquela clínica.

No dia seguinte o Dr. Arnaldo me ligou e conversamos um pouco sobre o meu diagnóstico. Ao questionar a parte financeira do tratamento, simplesmente ouvi: “Falamos disso depois! Estamos aqui para realizar o seu sonho e é isso que iremos fazer!” Naquele momento tive a certeza que estava no caminho certo, pois percebi que o meu sonho era o deles também. Aquelas palavras me confortaram e jamais saíram da minha memória.

No mês seguinte demos início ao tratamento, mesmo com o problema da falta de recursos. Estávamos decididos! Resolvemos pôr à venda um único terreno que tínhamos e demos início à Fertilização In Vitro, sem muita certeza do que faríamos com relação ao dinheiro necessário. Estávamos com muita fé e esperança e logo as portas que se mantinham fechadas, começaram a se abrir. As coisas pareciam estar melhorando e tudo se resolvendo. Estávamos renovados, acreditando em um resultado positivo. Não era fácil, pois os momentos de euforia e preocupação se alternavam, mas tínhamos convicção que boas notícias chegariam em breve.

Chegado o dia da transferência, nossos corações explodiam de tanta ansiedade. Tínhamos quatro embriões e decidimos implantar três deles. A sensação de tê-los junto a mim era indescritível, e desde então já me sentia grávida. Eu e meu marido não sabíamos que a pior parte ainda estava por vir. A espera angustiante pelos 12 dias foi na verdade 12 anos. Por mais que tentássemos, não conseguíamos pensar em outra coisa.

Após a terrível espera, me dirigi ao laboratório para a coleta de sangue. Em pouco tempo o resultado ficou pronto, mas não tive coragem de buscá-lo. Pedi que meu marido fosse até o laboratório para retirar o resultado e juntos teríamos a mais desejada resposta dos últimos dias. Chegando em casa, abrimos o envelope e fomos dominados pela emoção de saber que estávamos grávidos. Mal conseguíamos falar, apenas sentíamos aquele momento entre lágrimas que estavam longe de cessar.

Foi maravilhoso a primeira vez que ouvimos o coração da nossa filhinha pulsar, batendo forte, seguindo seu destino e crescendo a cada dia. Minha gravidez foi maravilhosa. Curtimos muito a espera e nos tornamos as pessoas mais felizes do mundo. Eu ficava horas e horas me olhando no espelho, namorando a minha barriga e agradecendo a Deus por ter concedido o maior tesouro das nossas vidas.

A emoção de pegar a minha filha pela primeira vez em meus braços foi inexplicável. O primeiro choro, o primeiro olhar, o primeiro toque. Foram sem dúvida momentos emocionantes, fortes e marcantes, que jamais serão apagados da minha memória e do meu coração. Hoje sei que valeu a pena e faria tudo de novo. As dores, as tristezas, os momentos de angústia, tudo isso deu espaço apenas para muita alegria e hoje sou uma mulher realizada e feliz, mas muito feliz!

“Não desanime! Procure os melhores profissionais e confie muito em Deus! Hoje, mais do que nunca, entendo que Ele sabe o momento certo para nos abençoar com o que queremos ou necessitamos.”

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