Quando eu soube que só poderia ser mãe com a ajuda de medicações e de métodos de fertilização assistida, senti uma força enorme crescer dentro de mim, tornando-me forte e corajosa para vencer mais esse desafio. Conversei com o meu médico sobre a minha decisão.
Iniciamos então o programa preparatório: um roteiro enorme e “assustador” de medicações que deveriam ser ministradas em horários pontuais, mas que de “assustador” não tinha absolutamente nada.
Logo no início do tratamento, as injeções já começavam a fazer parte do meu dia. As medicações de uso oral andavam comigo, na minha bolsa, o tempo todo. Eu não saia de casa sem elas. Poderia esquecer de usar o relógio, o colar, mas as medicações eu nunca esqueci. Nada na minha vida mudou. Nem meus horários e nem minha rotina. Até que eu conheci gente nova, como na farmácia onde eu realizava as aplicações. Era bom para compartilhar idéias.
Depois de um certo tempo, eu comecei ir ao consultório fazer ultrassom, um dia sim um dia não, para o Dr. Arnaldo acompanhar o crescimento dos folículos. Mas, como os folículos eram lentos para crescer, o Dr. Arnaldo teve que aumentar as doses nas injeções. Mesmo quando eu chegava na sala de espera do consultório, e via aquelas “barrigudas” e meus folículos não cresciam, eu vou ficar barriguda também. Vamos continuar.
Até que chegou o 1º grande dia, o dia da pulsão.
Foi um procedimento muito rápido, não senti absolutamente nada. Isso porque tinha ouvido muitas “futuras mamães” na sala de espera do consultório dizendo que doía, o horror da anestesia. Eu não vi nem senti nada disso. Nem o frio que fez naquele dia incomodou. Logo acordei com o café da manhã na cama, e o Dr. Arnaldo chegando em seguida, dizendo que havia colhido 8 óvulos. Uma hora depois, eu já estava no trabalho resolvendo problemas cotidianos. No sábado a equipe da clínica me telefonou informando que 6 óvulos haviam fecundado.
Até que chegou o 2º grande dia, o dia da transferência.
O dia mais esperado. Antes de iniciarmos o procedimento, o Dr. Arnaldo me chamou numa sala e disse que os meus embriões eram “feios” (que pareciam ser mais feios), que eles não haviam se dividido como deveriam, e que ele iria fazer a transferência de apenas 4 óvulos feios. Foi nesse momento que eu disse para ele que se eu cheguei até aqui, vou continuar sim. Poderia ser apenas 1 óvulo, mas eu ia até o fim. E fui. Em perfeita harmonia, uma música de fundo e o Dr. Arnaldo realizando o meu sonho.
Acreditem, hoje estou grávida de gêmeos. Ainda não sei o sexo mas, com 3 meses de gestação, são LINDOS.
O mais importante foi acreditar em mim mesma. E no Dr. Arnaldo também.
PAULA
O nome foi trocado para preservar a identidade da paciente.