É inevitável. Quando abordamos o assunto sexualidade, geralmente ele fica circunscrito ao ato sexual. Infelizmente, herdamos uma cultura repressora, que lidava com o assunto de forma reducionista, enfocando apenas os aspectos reprodutivos, supervalorizando o ato sexual em detrimento das preliminares. Numa consulta ao dicionário, encontramos o termo “preliminar” definido como aquilo “que antecede (o principal); prévio, preambular, introdutório; que antecede o ato sexual (jogos e carícias)” (HOUAISS, 2001, p.2286), ou seja, até mesmo a definição do termo reforça a ideia de que o ato sexual, a penetração, o sexo genitalizado tem maior importância na relação sexual.
Vamos ao que interessa?
A maioria das disfunções sexuais (problemas de ordem sexual) se origina desta postura que acabamos de citar. A anorgasmia (dificuldade em ter orgasmo) e o desejo sexual hipoativo (diminuição ou ausência completa de fantasias eróticas e de desejo de ter atividade sexual), são as disfunções sexuais mais comuns entre mulheres.
Existe a probabilidade destas disfunções sexuais estarem relacionadas a problemas orgânicos, mas geralmente as causas estão ligadas a fatores psicológicos, que vão desde traumas sofridos na infância e/ou adolescência, às condições desfavoráveis para uma relação sexual satisfatória. Dentre as condições desfavoráveis encontramos a supervalorização do ato sexual.
Algumas práticas sexuais podem ser introduzidas na vida sexual da mulher, de modo que sejam tão importantes quanto o ato sexual em si. Não pretendemos fornecer uma lista extensa de práticas sexuais, mas relacionamos algumas extremamente funcionais:
masturbação feminina; a prática é essencial para o autoconhecimento da mulher e podemos tranquilamente afirmar: a mulher que se masturba, obtém orgasmo com mais facilidade; muitos casais adotam a masturbação mútua como uma prática sexual altamente prazerosa;
sexo oral; a estimulação da vagina com sexo oral é altamente estimulante para a mulher, principalmente quando acompanhada por toques em outras regiões do corpo, os seios e outras regiões em que a mulher sinta prazer;
jogos sensuais e sexuais; performances corporais (danças, strip tease, etc.) e fantasias envolvendo conteúdo erótico são estimulantes sexuais em potencial, facilitam o desejo e a excitação sexual; vídeos eróticos, principalmente aqueles que possuem enredo, estimulam muito a criatividade;
carícias; são fundamentais, não somente nos órgãos sexuais ou próximo deles, mas por todo o corpo; a prática de massagear o corpo, dos pés à cabeça, com movimentos suaves e repetitivos, é muito estimulante.
Nossa intenção com este artigo foi demonstrar que é possível uma relação sexual altamente prazerosa, através do contato e exploração de todo o potencial do corpo para atividade sexual, descobrindo outras formas de despertar o desejo e facilitar a excitação, independentemente que ocorra o ato sexual, a penetração.