A Epigenética: O efeito nas receptoras de óvulos

A Epigenética: O efeito nas receptoras de óvulos

Os filhos das mães receptoras são fisicamente semelhantes à mãe?

O EFEITO DA EPIGENÉTICA NAS RECEPTORAS DE ÓVULOS

Uma das maiores preocupações das mulheres que  receberão óvulos doados é se o filho que será gerado terá semelhança física e comportamental, pois temem que, no futuro, possa duvidar ou desconfiar da origem dos óvulos. É claro que, de início, o IPGO deixa claro que tomamos todos os cuidados para que todos os critérios de semelhança com a futura mãe receptora sejam considerados, como por exemplo, a própria compatibilidade do tipo de sangue, para que nunca haja dúvida de que o óvulo foi originado de outra mulher, a não ser que esta receptora deseje contar a verdade no futuro. Isto será uma opção dela. É sempre bom lembrar que, em uma família de vários irmãos, nem todos serão sósias um do outro e nem todos serão idênticos ao pai ou à mãe.

Do ponto de vista genético, é interessante saber que 99,9% dos nossos genes são idênticos. Isto significa que as diferenças que percebemos ao nascimento entre uma criança e outra não dependem apenas de ela ter genes específicos herdados da mãe ou do pai, mas também da influência do ambiente na determinação de como o código genético será expresso. Em outras palavras, o DNA (ácido desoxirribonucleico) não é o único responsável pelas características do ser humano. Independente da origem do óvulo,  os efeitos do ambiente como o útero, a irrigação sanguínea, a nutrição e até mesmo o modo “como a futura mãe pensa” são fundamentais para formação e desenvolvimento do novo ser e podem afetar a expressão dos genes do embrião. Os genes podem se expressar ou permanecer adormecidos, dependendo de sinais provenientes do exterior da célula. Nosso código genético possui verdadeiras “chaves de liga/desliga”, que ativam ou inativam a ação dos genes. Quem determina quais genes serão ativados ou não é o que chamamos de fatores epigenéticos. A expressão dos genes começa no útero. A mulher grávida, com seu útero representando o meio ambiente, é responsável pela forma como os genes do bebê serão expressos. Esta fase inicial da vida, as primeiras 40 semanas ou mais, começam a moldar as características da criança ao nascer.

Mas o que é epigenética (do grego EPI = além de + genética)?

Os Genes são as unidades fundamentais da hereditariedade e são formados por uma sequência específica de DNA, que contém as instruções genéticas que coordenam o desenvolvimento e funcionamento de todos os seres vivos. A sequência de DNA são como letras de um texto complexo, e as etiquetas epigenéticas como os espaços, a pontuação e os parágrafos que fazem a sequência do texto adquirir um significado. Tais etiquetas epigenéticas são como chaves de liga/desliga que ativam ou inativam a ação dos genes. A expressão destes genes, que chamamos de “imprinting genômico”, ocorre já na fase de  formação dos gametas masculino e feminino, e prossegue durante a fertilização e o desenvolvimento embrionário. Evidências científicas têm demonstrado que os genes e o DNA não são responsáveis pela especificidade final dos seres humanos, e sim, os imprintings genéticos que fazem com que genes sejam expressos ou permaneçam adormecidos, dependendo dos sinais provenientes do exterior da célula.

O ambiente, no caso de uma gestação, é o útero da mulher. Assim, tudo o que ocorrer durante a gestação pode influenciar a ativação ou inativação de genes do futuro bebê. Dessa forma, uma criança nascida do útero de uma receptora será emocional, física e psicologicamente diferente do que se a mesma criança fosse concebida no útero da doadora do óvulo. Um bebê concebido de um óvulo doado recebe as “instruções” sobre a expressão dos seus genes da mulher que o carrega. Em outras palavras, a mãe que gesta influencia na epignética do seu filho.

O útero assume, portanto, muito mais do que o papel de uma incubadora, e o desenvolvimento do feto dependerá em tudo do corpo da mulher que o carrega: o oxigênio, os nutrientes, a excreção,  o estilo de vida, o uso de hormônios, a exposição a agentes , a alimentação e a forma como tudo isso é ofertado irá influenciar diretamente a ativação e expressão gênica do embrião. Assim, a receptora determina, sim, como será seu filho até em nível genético!!! A criança que nasce será física e emocionalmente diferente da mulher doadora. Em outras palavras, a mãe que gesta influencia o que a criança será e assim, em nível genético, é seu filho.

Talvez o maior mito que envolva a gravidez diga respeito ao fato de que o útero seria simplesmente uma incubadora. Nada poderia estar mais longe da verdade. O aspecto mais importante de todas as gestações – incluindo a decorrente de doação de óvulos – é que o crescimento de cada célula do corpo do feto em desenvolvimento é construído a partir do corpo da mãe grávida. O tecido de revestimento do seu útero (o endométrio) irá contribuir para a formação da placenta. O feto usará proteínas de seu corpo; o feto usará seu cálcio, seus açúcares, nitratos e fluídos. Assim, você não é passiva neste processo.

Portanto: a receptora determina como será seu filho.

Referências na Literatura Médica e na web:

  • Feigenberg MI, Choufani S, Butcher DT, Roifman M, Weksberg R. Basic concepts of epigenetics. Fertil Steril 2013;99:607-15;
  • Fauque P. Ovulation induction and epigenetic anomalies. Fertil Steril 2013;99:616-23;
  • Hajj N, Haa T. Epigenetic disturbances in vitro cultured gametes and embryos: implications for human assisted reproduction. Fertil Steril 2013;99:632-41;
  • Horsthemke B, Ludwig M. Assisted reproduction: the epigenetic perspective. Hum Reprod Update 2005;11:473-82;
  • “Maternal epigenetics and methyl supplements affect agouti gene expression in Avy/a mice”. GL Wolff, RL Kodell, SR Moore, CA Cooney – The FASEB Journal, 1998;
  • Epigenetics (wikipedia) – Em Inglês: http://en.wikipedia.org/wiki/Epigenetics.

Informações e dúvidas: (11) 3885-4333 / 3884-3218

e-mail: mariana@ipgo.com.br

Compartilhe:
Share on facebook
Share on whatsapp
Share on telegram
Share on twitter
Share on linkedin
Share on facebook
Share on whatsapp
Share on telegram
Share on twitter
Share on linkedin
Veja também:
Compartilhe:
Share on facebook
Share on whatsapp
Share on telegram
Share on twitter
Share on linkedin

Pesquisa da Fertilidade

DOUTOR, EU NÃO CONSIGO ENGRAVIDAR!!! Esta é a primeira frase que o ginecologista escuta da paciente que deseja engravidar e

Para mais informações entre em contato com o IPGO

Fale conosco por WhatsApp, e-mail ou telefone

Rua Abílio Soares, 1125 – Paraíso
CEP 04005-005 – São Paulo – SP

©2021 IPGO — Todos os Direitos Reservados

Desenvolvido por Rod Rosolen