“Embora a infertilidade seja considerada um problema secundário pelos serviços de saúde pública e seguros-saúde do mundo todo ela pode interferir no bem-estar social e na economia”, afirma Willian Ledger.
Esta afirmação foi feita pelo professor Willian Ledger, do Centro de Reprodução Humana de Sheffield, na Inglaterra, durante o 21º Congresso Anual da Sociedade Européia de Reprodução Humana (ESRH), realizado em Copenhague, Dinamarca, na última quinzena de junho. Segundo o professor as DSTs – Doenças Sexualmente Transmissíveis, como a clamídia, vem aumentando e afetando a fertilidade de homem e mulher, além de causar um aumento de consultas médicas e tratamentos de infertilidade por este motivo.
Outro problema freqüente é a obesidade que esta cada vez mais freqüente nos últimos anos acarretando a diminuição da fertilidade pelo excesso de gordura e trazendo o aumento da Síndrome dos Ovários Policísticos, uma doença ovariana que provoca uma desordem hormonal em 15% das mulheres em fase reprodutiva podendo levar a infertilidade em 50% delas.
Também encontramos na busca da mulher pelo espaço profissional, uma realidade mundial que adia a maternidade para uma idade mais avançada, outro problema. A mulher a partir dos 35 anos tem sua fertilidade progressivamente diminuída a cada ano e a somatória destas dificuldades, segundo dr. Ledger, atingirão as conseqüências sociais e econômicas destes casais , pois quase sempre desejam filhos e a busca por tratamento especializado aumentam na mesma proporção.
Segundo dr. Arnaldo Cambiaghi, especialista em infertilidade do Centro de Reprodução Humana do IPGO – Instituto Paulista de Ginecologia e Obstetrícia, presente nesta conferência, o estudo do professor Ledger traduz a verdade de todos os países inclusive o Brasil.
“Apesar das campanhas para o uso do preservativo, ainda observo uma grande resistência dos jovens em usá-lo. O número de crianças obesas que provavelmente serão os adultos obesos de amanhã está aumentando. A cada dia aumenta o número de casais buscando tratamento de infertilidade, principalmente mulheres com idade ao redor de 40 anos”, complementa dr. Cambiaghi.
“No Brasil as conseqüências podem ser ainda piores. Ao contrário de outros países da Europa que limitam o número de embriões transferidos para outros (lá muitos tratamentos são gratuitos), aqui a maioria dos casais tem que pagar pelo tratamento. Por serem caros e o orçamento ser quase sempre limitado, este número de embriões é maior. Isso aumenta o número de gestações múltiplas sendo maiores as chances de complicações e um custo econômico mais alto” finaliza dr. Cambiaghi.