As relações sexuais entre o casal podem diminuir no período da gravidez. Esse fato pode estar associado ao vínculo conjugal que esse casal possui, às expectativas dos cônjuges quanto à (ao) filha (o) esperada (o)/desejada (o), ao contexto socioeconômico no qual estão inseridos, aos planos pessoais geralmente prejudicados em razão da chegada da (o) filha (o) e ainda, às crenças, mitos e tabus passados de geração em geração.
Algumas mulheres grávidas enfrentam períodos de angústia e de muita ambivalência, ora estão bem, ora estão mal. Socialmente, o papel de mãe se sobrepõe ao papel de mulher. A idealização do papel materno dificulta a associação da maternidade com a feminilidade. A mãe é vista como um ser puro e, consequentemente, “assexuado”, o que vale dizer que a mulher grávida já cumpriu sua função reprodutiva, portanto, não cabe a ela ter relações sexuais e nem sequer desejos.
Nossa sociedade é influenciada por uma cultura judaico-cristã que teve, por longos anos, a concepção de que a atividade sexual está a serviço da Reprodução Humana. Logo, a figura de mãe, que é um papel complementar ao de mulher, superou-se em importância e, por isso, a maternidade se tornou “condição de ser mulher”. A imagem da Virgem Maria passou a ser expoente que concebeu seu filho Jesus por obra do Espírito Santo, ou seja, sem relação sexual, mantendo-se pura, virgem, santa e imaculada.
Constrói-se, então, um ideal de feminilidade atrelado à maternidade, descaracterizando toda a identidade feminina e transformando-a num subproduto do universo maternal. Surge a dicotomia da “mulher-santa e mulher-puta”, a primeira respeitada e protegida, a segunda considerada devassa, portanto, perseguida. Muitos homens acabam se influenciando por esse fenômeno e chegam a relatar: Alguns aspectos históricos e sociais do exercício da sexualidade “ela está esperando a (o) minha (meu) filha (o)… como posso desejar fazer isso (sexo) com ela?”. O sexo com a “mulher-esposa-mãe” passa a ser visto como uma ameaça à reputação da mesma, então o cônjuge a evita com receio de corrompê- -la. O vínculo conjugal geralmente se rompe, originando sequelas que mais tarde prejudicarão a relação do casal.
Este texto foi extraído do e-book “Gravidez na Sexualidade”.
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