DUPLO GATILHO (DOUBLE TRIGGER)
Aumenta o número de óvulos maduros e as chances de gravidez nos tratamentos de fertilização in vitro
Arnaldo Schizzi Cambiaghi
Rogério B. F. Leão
Amanda Volpato Alvarez
Equipe IPGO
Indicado em pacientes com histórico de muitos óvulos imaturos nos ciclos de fertilização in vitro, com um número pequeno de óvulos (baixa respondedoras) ou aquelas que tenham, no máximo, 12 (para evitar o hiperestínulo). Estas pacientes poderão ser beneficiadas com um número significativamente maior de óvulos recuperados, um número maior de embriões transferidos e maiores taxas de gravidez.
Os tratamentos de fertilização causam expectativas incríveis. Uma das grandes preocupações dos casais, e principalmente das mulheres, que passam por este procedimento é a quantidade e qualidade dos óvulos que serão obtidos. É muito frustrante para eles, e mais uma vez, muito mais para a mulher, quando o esperado não é alcançado.
Ter óvulos maduros é um pré-requisito para a realização do processo de fertilização in vitro. Ter mais, pode ser melhor.
A gonadotrofina coriónica humana (hCG Ovidrel ou Choriomom) é o gatilho derradeiro que provoca a maturação final dos óvulos 34 a 36 horas antes do momento da coleta. Entretanto, este padrão utilizado no mundo todo como rotina, nem sempre é suficiente para maturar todos os óvulos, o que causa, muitas vezes, um grande número de óvulos inadequados para a fertilização, muito menos que o desejado. Outra alternativa para atingir a maturação dos óvulos, frequentemente utilizada quando a proposta é congelar óvulos ou embriões, ou em casos de perigo da Síndrome do Hiperestímulo, é o uso do
agonista do Hormônio Liberador de Gonadotrofinas (Gonapeptyl ou Lupron), entretanto, quando usado sozinho, tem limitações de maior taxa de perda da gravidez e de aborto.
A administração simultânea deste gatilho final para maturação dos óvulos (duplo gatilho) com um agonista GnRH (Gonapeptyl ou Lupron) e uma dosagem padrão de hCG (Ovidrel ou Choriomon) em respondedoras normais, em pacientes que tenham relatos anteriores de uma grande quantidade de óvulos imaturos ou no tratamento da síndrome do folículo vazio, aumenta o número de óvulos maduros e as taxas de gravidez. Melhora estatisticamente a taxa de implantação, gravidez clínica e de nascidos vivos
• Critérios, indicações e estratégias para o uso do duplo gatilho (0,2 mg de triptorelina e 6500 UI de hCG recombinante ou Choriomon 5000UI).
Existem duas situações importantes que devem ser individualizadas para a escolha do protocolo: as baixas respondedoras que produzem no máximo 2 ou 5 óvulos e as normorespondedoras que repondem com um número máximo, aos redor de 12 folículos ou óvulos. As hiper-respondedoras, ou pacientes com Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP), devem de excluídas por possuírem uma chance maior de terem a Síndrome do Hiperestímulo.
PROTOCOLO DO IPGO
• Paciente com poucos óvulos (baixa respondedora): A coadministração de GnRH-agonistas e hCG para a maturação final dos óvulos deve ser em horários diferentes, 40 e 34 horas, respectivamente, (trigger duplo) antes da coleta dos óvulos e não ao mesmo tempo. Isso melhora o resultado de fertilização in vitro em pacientes com alta proporção de oócitos imaturos. A coadministração de GnRH-agonistas e hCG para a maturação final do oócito, 40 e 34 horas antes da coleta, respectivamente, (duplo gatilho) é sugerida como uma nova ferramenta valiosa no arsenal para tratar pacientes com poucos oócitos de boa qualidade, apesar de um aparentemente normal desenvolvimento folicular e dos níveis de estradiol adequadosno dia do hCG.
• Paciente com uma quantidade razoável de óvulos (12): A coadministração de GnRH-agonistas e hCG para a maturação final dos óvulos deve ser
concomitante, no mesmo horário, 34 a 36 horas antes da coleta dos óvulos. Nestes casos, pacientes que receberam o gatilho duplo tiveram um número
significativamente maior de óvulos recuperados, um número maior de embriões transferidos e maiores taxas de gravidez.
CONCLUSÃO:
O “Duplo Gatilho” é sugerido como uma nova ferramenta valiosa no arsenal para tratar pacientes com baixo rendimento de óvulos maduros, apesar de um desenvolvimento folicular aparentemente normal e dos níveis de estradiol adequados. Mesmo sem o antecedente negativo, pode ser uma opção para aumentar o número de óvulos captados, óvulos maduros e embriões formados, com melhores taxas de gravidez.
CONTRAINDICAÇÃO
O duplo gatilho só deve ser evitado em pacientes com risco de Síndrome de Hiperestimulação ovariana, pois esta é desencadeada pelo hCG. Pacientes com risco desta síndrome são aquelas com múltiplos folículos, ou seja, que apresentam mais de 12folículos acima de 12mm e/ou níveis de estradiol acima de 3500 pg/mL. Nestes casos, deve ser usado o agonista do GnRH isoladamente e os embriões devem ser todos congelados.
** Leia na íntegra o nosso artigo “DUPLO GATILHO (DOUBLE TRIGGER) aumenta o número de óvulos maduros e as chances de gravidez nos tratamentos de fertilização in vitro www.ipgo.com.br/duplo-gatilho-double-trigger/
Referências bibliográficas
- 1. Lin MH, Wu FS, Lee RK, Li SH, Lin SY, Hwu YM. Dual trigger with combination of gonadotropin-releasing hormone agonist and human chorionic gonadotropin significantly improves the live-birth rate for normal responders in GnRH-antagonist cycles. Fertil Steril. 2013 Nov;100(5):1296-302.
- 2. Zilberberg E, Haas J, Dar S, Kedem A, Machtinger R, Orvieto R. Co-administration of GnRH-agonist and hCG, for final oocyte maturation (double trigger), in patients with low proportion of mature oocytes. Gynecol Endocrinol. 2015 Feb;31(2):145-7.
- 3. Haas J, Zilberberg E, Dar S, Kedem A, Machtinger R, Orvieto R. Co-administration of GnRH-agonist and hCG for final oocyte maturation (double trigger) in patients with low number of oocytes retrieved per number of preovulatory follicles– a preliminary report. J Ovarian Res. 2014 Aug 2;7:77