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Pesquisa feita pelo IPGO concluiu que o volume e a motilidade do sêmen diminuem com o aumento da idade

Enquanto a fertilidade feminina chega a um fim irrevogável com a menopausa (com idade média de 51 anos), os homens não são limitados pelo envelhecimento biológico semelhante. Estudos mostram que a contagem de espermatozoides pode diminuir e os danos no DNA das células espermáticas podem aumentar com o tempo, mas o fato de celebridades, atores idosos e astros do rock tendo filhos com mais de 60 anos, perpetua o mito de que a fertilidade masculina pode durar para sempre.

No entanto, as evidências publicadas mostram que os homens são realmente regulados por um relógio biológico. Estudos demonstraram um declínio na fertilidade masculina natural e um aumento na taxa de aborto à medida que os homens envelhecem. Até o momento, ainda não se sabe se a idade paterna afeta os resultados de fertilização in vitro e ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoides) – ou se existe (ou deveria haver) qualquer limite de idade para o tratamento.

“A relação da idade do homem com a fertilidade envolve muitos fatores, entre eles, os hormônios sexuais, disfunção sexual, função testicular, alterações genéticas do sêmen e a fragmentação do DNA do espermatozoide. Destas, as que são mais facilmente avaliadas, são as alterações da qualidade do sêmen e a fragmentação do DNA do espermatozoide”, afirma Arnaldo Cambiaghi, especialista em ginecologia e obstetrícia, com certificado de atuação na área de reprodução assistida, e responsável técnico do Centro de Reprodução Humana do IPGO.

Novos estudos

Agora, uma análise de quase 5.000 ciclos de fertilização in vitro / ICSI realizados em um único centro em Londres indica que as taxas de sucesso diminuem significativamente após a idade paterna de 51 anos. A taxa de aborto neste estudo não foi afetada pela idade do parceiro masculino. No entanto, os investigadores confirmam que a idade paterna acima de 51 anos afeta significativamente a chance de sucesso na reprodução assistida, acrescentando que isso exige um apelo a “uma mensagem de saúde pública para que os homens não atrasem a paternidade”.

Os resultados do estudo foram apresentados em junho deste ano, no European Society of Human Reproduction and Embryology, pelo Dr. Guy Morris, do Centro de Saúde Reprodutiva e Genética (CRGH) de Londres, onde foi realizado este estudo retrospectivo observacional. A equipe de pesquisa do CRGH e do Instituto de Saúde da Mulher da University College London analisou os registros de 4.271 homens envolvidos em 4.833 ciclos de tratamento de fertilização in vitro e ICSI para todas as causas de subfertilidade entre 2009 e 2018.

Os parceiros masculinos foram agrupados em faixas etárias de 35 e menos, 36-40, 41-44, 45-50 e mais de 51 anos para análise. As idades masculinas e femininas abaixo de 35 anos foram usadas como grupos de controle de referência para comparação.

A análise mostrou, primeiro, que menos homens com mais de 51 anos atingiram os valores de referência padrão de sêmen da OMS do que homens com menos de 51 anos (42,1% vs 61,1%). Da mesma forma, verificou-se – como esperado – que a taxa de gravidez clínica diminuiu com o aumento da idade materna acima de 35 anos – de 51,1% para menores de 35 anos para
21,7% para maiores de 40 anos. Ambas as tendências foram estatisticamente significativas.

O estudo também mostrou que as taxas de gravidez clínica diminuíram com o aumento da idade paterna – de 49,9% no grupo abaixo dos 35 anos, para 42,5% nos 36-40s, para 35,2% nos 41-45s, para 32,8% nos 46-50s; e para 30,5% nos mais de 51 anos. Esses resultados foram reanalisados em um modelo estatístico que incluiu a idade materna e verificou-se que, para todos os subgrupos de idade materna, a probabilidade de gravidez ainda diminuiu significativamente com a idade paterna acima de 51 anos.

Os pesquisadores observaram que 80% dos casais da coorte com parceiros masculinos acima de 51 anos foram tratados com ICSI, tratamento desenvolvido para a infertilidade masculina que exige apenas uma célula espermática viável para fertilização. No entanto, embora 42% desses parceiros masculinos mais velhos tivessem parâmetros normais de sêmen (contagem de espermatozoides, motilidade espermática), foi ressaltado que isso pode ter confundido os resultados e reduzido o efeito percebido do aumento da idade paterna.

Comentando esses resultados, Morris afirmou: “Pode muito bem haver uma percepção pública de que a fertilidade masculina independe da idade. Histórias de homens famosos que têm filhos até ou com mais de 60 anos de idade podem dar uma perspectiva distorcida dos riscos potenciais de adiar a paternidade. De fato, na concepção natural e na gravidez, apenas recentemente a evidência de riscos associados à paternidade posterior se tornou disponível. Esses estudos mais recentes contrastam com décadas de evidências do impacto que a idade materna tem nos resultados de fertilidade”.

Qualidade do sêmen

Para os pesquisadores, no contexto dessa evidência emergente do efeito deletério do aumento da idade paterna, os dados certamente apoiam a
importância de educar os homens sobre fertilidade e os riscos de adiar a paternidade.

Este estudo foi observacional e não foi projetado para investigar nenhuma explicação biológica para os achados. No entanto, os pesquisadores acreditam que os dados sugerem que a qualidade do sêmen diminui com o aumento da idade e que esse declínio reflete o também declínio no resultado da fertilização in vitro encontrado. É por esse motivo que alguns centros de tratamento do mundo limitam a idade de seus doadores de esperma (geralmente até os 40 anos). Embora algumas clínicas e autoridades de saúde estabeleçam um limite superior de idade para pacientes do sexo feminino com fertilização in vitro, esses limites não existem para homens.

Os valores de referência da OMS para a qualidade do sêmen são:

  • concentração espermática de 15 milhões de espermatozoides por ml ou mais
  • contagem total de espermatozoides 39 milhões de espermatozoides por
    ejaculação ou mais
  • motilidade total definida como 40% ou mais móvel, ou 32% ou mais com
    motilidade progressiva.

“O espermograma é o exame básico que avalia a fertilidade do homem. Estudos das alterações deste exame com a evolução da idade têm sido inconclusivos. Algumas publicações têm demonstrado diminuição de quase todos os parâmetros – concentração, volume, motilidade e morfológico. Porém, outras contrariam estas afirmações. O IPGO estudou 479 homens com idade entre 25 e 65 anos (médias 37,6 dividindo em 4 grupos de acordo com a idade). Ao redor de 25% foram homens com idade superior a 40 anos. Conclui- se, com este estudo, que o volume e a motilidade diminuem com o aumento da idade, o que não ocorre com a concentração nem a morfologia”, diz Cambiaghi.

Cambiaghi também alerta para que os homens procurem ter filhos antes dos 45 anos. E enfatiza que devem fazer espermograma em qualquer fase da vida. Isso porque muitas alterações diagnosticadas precocemente podem impedir que o quadro se agrave com o passar dos anos.

Doenças como varicocele ou anomalias cromossômicas como a microdeleção do cromossomo ‘Y’, podem determinar a queda progressiva do número de espermatozoides podendo chegar a zero (azoospermia). “O congelamento preventivo pode ser uma opção. O ideal é que tenham hábitos de vida saudável: não fumem, mantenham o seu peso dentro dos padrões ideais para sua estatura e constituição física, evite as DSTs, evitem café e bebidas em excesso, evitem drogas recreativas etc.”, finaliza Cambiaghi.

Para saber mais sobre o tema, o IPGO disponibiliza, gratuitamente, o e-book A Fertilidade do Homem
http://www.ebookfertilidadedohomem.com.br/ de autoria dos médicos
Arnaldo Cambiaghi e Rogério Leão.

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