1) O que é infertilidade?
R: A infertilidade é conceituada como a dificuldade de um casal engravidar decorrente de alterações do sistema reprodutor do homem ou da mulher. A princípio o casal é considerado infértil quando após 12 a 18 meses de relações sexuais frequentes e regulares, sem nenhum método contraceptivo, não consegue a gestação. O tempo de espera para que aconteça a gravidez depende da idade da mulher e da presença de alguma doença, previamente conhecida, de um dos membros do casal. Mulheres com mais de 35 anos devem esperar menos tempo para procurar um especialista.
2) É possível saber se uma pessoa é fértil ou não antes de tentar a gravidez?
R: Embora o conceito de fertilidade deva ser aplicado ao casal, alguns exames podem determinar previamente a fertilidade individual.
No homem, o espermograma, que é um exame simples, realizado em laboratório de análises clínicas, é indolor (veja detalhes nos capítulos 3 e 5 “Exames que avaliam a fertilidade” e “Infertilidade masculina”) e dá uma noção da fertilidade masculina. Se a concentração de espermatozoides for mínima ou até inexistente, ou se forem imóveis e de formato anômalo é possível considerá-lo infértil ou subfértil (atenção que esse conceito pode ser relativo). Para a mulher, se os exames demonstrarem alterações importantes de anatomia do útero, de ovário, ou ausência de funcionamento ovariano também se pode considerá-la infértil ou subfértil. Esses conceitos não significam que esse homem ou essa mulher jamais terão filhos, significa que provavelmente necessitarão de ajuda médica para conseguirem uma gestação.
3) É verdade que, na maioria das vezes, a culpada pela infertilidade é a mulher?
R: Não. Isso não é verdade. Estudos mostram que até 15% dos casais em idade fértil apresentam dificuldade para engravidar. Ao contrário do que se acreditava no passado, é um problema do casal e não exclusivo da mulher. Sabemos que 30% das causas são femininas, 30% são masculinas e em 30% dos casos ambos os fatores estão presentes. Ainda restam 10% sem motivos conhecidos, também chamada de ISCA (Infertilidade Sem Causa Aparente) (ver capítulo 4).
4) Qual é a melhor época do ciclo menstrual para uma mulher engravidar?
R: A melhor época é 14 dias antes da próxima menstruação. Por exemplo, se uma mulher menstrua a cada 30 dias, ela deve subtrair 14 de 30. Portanto, o dia provável da sua ovulação é o 16º do ciclo menstrual. Para haver maior chance de gravidez, o casal deverá ter relações sexuais até três dias antes da ovulação e três depois. É bom lembrar que os espermatozoides duram em média três dias no aparelho reprodutor feminino. Em situações especiais, podem durar até cinco dias.
5) Quando um casal deve procurar um especialista?
R: Se tanto o homem quanto a mulher não tiverem uma doença conhecida por eles como causadora de infertilidade, como por exemplo; falta de espermatozoides, doenças que alteram a anatomia dos órgãos ou problemas hormonais, o casal deverá aguardar o tempo necessário de acordo com a definição da primeira questão deste capítulo. Por isso, é importante que ambos façam exames previamente ao casamento, para que já se conheça os problemas que possam existir. De um modo geral, consideramos a tabela abaixo como o tempo de espera para que o casal procure ajuda médica.
6) Existe idade limite para a mulher engravidar?
R: Enquanto a mulher tiver menstruação e ovulação é possível conceber. Entretanto, após os 35 anos, a fertilidade diminui progressivamente tornando-se muito difícil após os 43, rara após os 45, e quase impossível após os 48 anos. Obviamente existem exceções.
É comum ouvir comentários de alguém da família ou de outras pessoas que ouviram falar de uma mulher que engravidou em idade avançada.
São casos raros que não devem servir de exemplo para incentivar o casal a aguardar um tempo indeterminado para tomar a iniciativa de procurar um profissional qualificado.
7) E para o homem, existe idade limite?
R: Nesse aspecto o homem é privilegiado. A queda da fertilidade no sexo masculino ocorre numa idade mais avançada. Homens com 50 a 60 anos podem ter filhos muitas vezes sem dificuldades. Existe uma diminuição na fertilidade que pode prejudicar um pouco a capacidade de ter filhos. Casos de atores famosos como Anthony Quinn, que foi pai aos 81; Charles Chaplin, aos 80, são exemplos mundialmente conhecidos.
8) Como é um profissional ou uma clínica especializada em infertilidade?
R: O especialista em infertilidade geralmente é um ginecologista. Existem urologistas que também exercem essa especialidade, mas são mais raros, uma vez que mesmo nas causas masculinas, grande parte do tratamento recai sobre a mulher. A necessidade de um especialista é pelo fato de cada vez mais os profissionais de qualquer área terem que saber muito sobre poucas coisas. É impossível saber muito sobre tudo. Como exemplo, um médico especialista em mamas não conhece tudo sobre infertilidade e um ginecologista não conhece tudo sobre mastologia. Por isso, é sempre recomendado um especialista que esteja atualizado, atento a todas as novidades desta área, frequente em congressos nacionais e internacionais e apto a responder todas as perguntas do casal. Tanto o homem como a mulher devem se sentir à vontade em fazer perguntas e tirar suas dúvidas com o médico escolhido.
9) Que tipos de serviços estes profissionais e clínicas devem oferecer?
R: Além do(s) profissional(is) médico(s), o serviço especializado deve contar com funcionários habilitados a responder perguntas básicas e orientar os pacientes todos os dias da semana, inclusive aos sábados, domingos e feriados. A clínica tem que ter no mínimo um aparelho de ultrassom e um laboratório capaz de fazer análises do sêmen e dosagens hormonais com mais rapidez, como estradiol, FSH, LH e progesterona.
10) Quem decide o melhor tratamento é o médico?
R: Geralmente não existe uma única possibilidade para tratar um casal, mas há alternativas que devem ser discutidas. Às vezes uma possibilidade de tratamento é simples, economicamente mais barata, mas oferece uma taxa de resultados baixa. Ao se ponderar sobre a escolha do tratamento, deve-se avaliar também o “custo x benefício” emocional. Não se deve esquecer que cada vez que um resultado é negativo o preço da frustração e decepção é incalculável. Um casal, em tratamento, já vem passando por desgastes emocionais desde que fizeram as primeiras tentativas em casa e não obtiveram êxito. A cada menstruação que vem o grau de frustração aumenta, exceto em casais que já têm um problema conhecido como a vasectomia, laqueadura ou outros. Por isso, o melhor caminho deve ser avaliado com o médico. A idade da mulher, os medos, o grau de expectativa e a disponibilidade financeira devem ser ponderadas. Depois dessas reflexões, o casal deverá perguntar ao médico:
a) Em quanto este tratamento vai aumentar as chances de gravidez?
b) Quais os principais riscos, complicações e efeitos colaterais?
c) Qual a duração média do tratamento para que se possa obter bons resultados?
d) Haverá outras alt
ernativas após o término deste tratamento, caso este falhe?
e) Qual o custo?
11) Os tratamentos de infertilidade aumentam as chances de aborto ou malformação?
R: Até hoje não há nenhum estudo científico que demonstre essa possibilidade. As taxas de malformação ou aborto são idênticas às da gravidez natural.
12) Existe influência do estilo de vida na fertilidade?
R: O estilo de vida influencia em muitos problemas de saúde e a infertilidade não poderia fugir dessa relação. Pessoas com maus hábitos, estresse exagerado, entre outros, têm maior dificuldade em engravidar. Isso não significa que elas não engravidarão e sim que poderão ter maior dificuldade. É muito difícil mudar um estilo de vida agitado, pois hoje em dia o cotidiano das pessoas impede um relaxamento total. Entretanto, deve-se procurar dentro do possível, melhorar, ajustando os hábitos mais convenientes para uma vida melhor.
13) Quais são as principais orientações para um estilo de vidas audável que melhore a fertilidade?
R: Alguns itens devem ser avaliados como alimentação, hábitos, local de trabalho e estresse. Esses fatores não garantem a fertilidade, mas ajudam a melhorá-la.
14) Qual a diferença entre esterilidade e infertilidade?
R: Até pouco tempo, no Brasil, fazia-se uma grande diferença entre esterilidade e infertilidade. Esterilidade era conceituada como o casal que não conseguia engravidar e infertilidade quando o casal conseguia engravidar mas não conseguia levar a gestação adiante, abortava. Hoje em dia, esse conceito vem se unificando para o termo infertilidade. O termo esterilidade dá a sensação de ser impossível ter filhos, o que contraria a evolução da ciência, que cada vez mais consegue dar filhos a quem tem dificuldades. Essa ciência proporciona alternativas que vão desde um simples tratamento clínico, passando por fertilizações sofisticadas em laboratórios, “barriga de aluguel” (ou útero de substituição), doação de óvulos, banco de sêmen etc.
15) O que é “útero infantil”?
R: É um termo antigo que significava que o útero era pequeno e incapaz de acomodar uma gestação. Com o advento do ultrassom essa terminologia deixou de ter sentido, pois as dimensões tiradas por esse exame comprovam que essa afirmação não é correta.
16) O que é útero “virado” (retrovertido)?
R: A maioria das mulheres tem o útero posicionado em direção ao abdômen; porém, algumas têm ao contrário, posicionado para trás, em direção à coluna. Essa variação não tem qualquer relação com a fertilidade. Mulheres com útero retrovertido ou virado para trás têm a mesma chance de gravidez que mulheres com útero anteversofletido, ou seja, virado para frente.
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Questões iniciais, respostas fundamentais
- dezembro 9, 2019
- 12:55 pm
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