Navegue pelo conteúdo do Post

Técnica para rejuvenescimento de ovário é uma alternativa para mulheres com menopausa precoce que desejam engravidar

Técnica pode ser uma esperança para que essas mulheres possam ovular novamente, e até engravidar, mesmo quando não mais se visualizam folículos ovulatórios (estruturas que contêm óvulos no seu interior)

Para rejuvenescer o ovário e reverter o envelhecimento ovariano, existem algumas técnicas e todas têm o mesmo objetivo: ativar “óvulos adormecidos” que não se desenvolveram no decorrer dos anos, permanecendo no ovário em estágio inicial de desenvolvimento na região externa do ovário, chamada córtex. Mesmo com estímulos hormonais, como medicamentos específicos usados nos tratamentos de fertilização e em altas doses, continuam inertes e indiferentes. As principais são: microinjeção de mitocôndrias humanas, estimulação do crescimento de folículos dormentes pela Via AKT, rejuvenescimento do ovário pela infusão de PRP (plasma rico em plaquetas), aplicação de células-tronco na artéria ovariana e rejuvenescimento do ovário pela via Hippo. Todas poderão ser conhecidas em detalhes  no site www.rejuvario.com.br organizado pelo IPGO (Instituto Paulista de Ginecologia e Obstetrícia).

“O número de mulheres que desejam ter filhos em idade mais avançada vem crescendo nos últimos anos e, com isso, o interesse pelo efeito do envelhecimento ovariano na capacidade de ter filhos aumenta cada vez mais”, admite Arnaldo Cambiaghi, diretor do Centro de Reprodução Humana do IPGO.

Ele comenta que, segundo algumas publicações, o número de mulheres que tem seu primeiro filho ao redor dos 20 anos diminuiu em um terço desde 1970, ao passo que o número daquelas na casa dos 30 ou 40 anos quadruplicou neste mesmo período. “Na maioria das vezes, isso se deve à incorporação intensa da mulher na vida profissional, visando o sucesso da sua carreira e a busca da estabilidade financeira, ou pelo início tardio de uma vida afetiva que desperte o desejo de ter filhos, seja pela dificuldade de encontrar um parceiro, seja pelo ingresso em um novo casamento. Esta é uma realidade cada vez mais comum. Parte dessas mulheres só consegue engravidar com óvulos doados. A idade média dessas pacientes está entre 38 e 40  anos”, aponta o médico.

Os ovários podem envelhecer mais rápido?

Entretanto, principalmente nos tempos modernos, existem outros fatores que têm influência importante no processo de envelhecimento prematuro dos ovários. Cambiaghi adverte: “Hoje em dia, mais mulheres estão enfrentando elevada pressão do trabalho, bem como alguns distúrbios psicológicos. Todos os dias se sentem cansadas e cheias de tensões. Fumam, dormem mal e bebem mais. Algumas até usam drogas ilícitas, outras fazem exercícios em demasia, passam por estresse exagerado e possuem hábitos alimentares inadequados. Esses problemas podem causar o envelhecimento prematuro dos ovários e pode levar à síndrome da menopausa prematura. De acordo com uma pesquisa, 27% das mulheres, na faixa dos 30 anos, já podem ter o início dos sintomas da menopausa. O envelhecimento precoce do ovário pode ser uma razão para o envelhecimento físico prematuro da mulher”.

Como funciona?

Chamado de rejuvenescimento pela via Hippo, este tratamento consiste na retirada, por videolaparoscopia, de fragmentos dos ovários (de um deles ou dos dois) que já não têm mais funcionamento adequado. Esses fragmentos são tratados fora do corpo da mulher e depois devolvidos para o seu local de origem e reimplantados por videolaparoscopia, no mesmo ato cirúrgico. Esse processo é considerado experimental e, por isso, só é recomendado  em  pacientes que obedeçam alguns requisitos,  uma vez que um procedimento médico,  nestas condições, não deve oferecer riscos para a paciente. É também  seguro, pois, além de ser simples e rápido, o tecido ovariano implantado é o da própria paciente. Indicações:

  • Mulheres que já tenham recomendação para a videolaparoscopia, como, por exemplo, endometriose, miomas e cistos ovarianos.
  • Mulheres na menopausa ou perimenopausa, com idade inferior a 40 anos.
  • Mulheres inférteis, com baixa reserva ovariana (diminuição de folículos antrais, aumento de FSH ou níveis baixos do hormônio antimulleriano).
  • Mulheres com insuficiência ovariana prematura (POF).

Os exames básicos para esse procedimento são: clínico e ginecológico, com dosagens hormonais entre o 3º e 5º dia do FSH, LH, Estradiol e hormônio antimulleriano, além de um ultrassom vaginal para avaliar a reserva ovariana.

“Foi demonstrado que algumas destas pacientes ainda têm folículos primordiais remanescentes que não conseguem ser recrutados. Não se sabe, totalmente ao certo, as vias que determinam esse crescimento folicular inicial ainda não controlado pelo FSH. Há uma via de sinalização celular (chamada Hippo) que inibe o crescimento de órgãos e, no ovário, inibe o desenvolvimento folicular, mantendo os folículos dormentes. Isso é importante para que os folículos sejam recrutados gradualmente ao longo da vida. Estudos prévios já haviam demonstrado que cortes no ovário aumentam o recrutamento folicular (drilling ovariano), mas não se entendia o porquê. Hoje, sabe-se que isto se deve ao fato destes cortes inibirem a via Hippo, ‘liberando’ o crescimento do folículo”, afirma o médico.

Cambiaghi explica que em uma única cirurgia é realizada a remoção do tecido ovariano e, em seguida, esse pedaço é fragmentado em pequenos pedaços e imediatamente reimplantado em locais escolhidos, no próprio ovário ou próximos a eles, sem o tratamento em laboratório.

Em pesquisas foi observado que os ovários passaram a ter folículos antrais, a responder aos estímulos hormonais e a produzir óvulos maduros. Esse protocolo já foi realizado em mulheres com falência ovariana precoce e parte delas conseguiu gerar óvulos maduros e duas chegaram a engravidar. Uma condição para o sucesso do procedimento é a mulher ainda ter folículos primordiais, o que pode ser avaliado por uma biópsia, na hora de extração do ovário. Se já se esgotaram por completo, não há como recrutá-los.

Esta técnica é experimental, mas é uma esperança futura para aquelas que estão entrando em falência ovariana precoce. Foi realizado um estudo com pacientes com menopausa precoce ou nas quais os ovários não respondiam, embora não estivessem ainda em menopausa, todas com menos de 40 anos. “Foram submetidas à cirurgia laparoscópica, na qual foi retirado parte de um ovário, cortado em múltiplos e pequenos fragmentos e, então, reimplantados neste mesmo ovário e na serosa da trompa. Foram submetidas a esse procedimento 14 mulheres. Dessas, quatro (28%) engravidaram e duas já tiveram o bebê. Considerando que eram mulheres cuja única opção era receber óvulos doados, uma taxa de sucesso de 28% é muito promissora”, admite o especialista.

Esta técnica de reimplante de fragmentos de ovário  é atualmente oferecida às pacientes do IPGO como última alternativa antes de partir para o tratamento com recepção de óvulos doados.

OUTRAS TÉCNICAS

• Estimulação do crescimento de folículos dormentes pela Via AKT

Tratamento que consiste na retirada, por videolaparoscopia, de fragmentos dos ovários (de um deles ou dos dois da mesma forma que a via Hippo  – aqui descrita) que já não têm mais funcionamento adequado. Esses fragmentos são enviados para um laboratório especializado, onde são tratados e estimulados; depois, da mesma forma que a estimulação pela via Hippo, são reimplantados por videolaparoscopia.

• Rejuvenescimento do ovário pela infusão de PRP (plasma rico em plaquetas) 

O rejuvenescimento do ovário pela infusão de PRP é um procedimento médico com o objetivo de se obter novos óvulos (oócitos) dos próprios ovários de mulheres que não os produzem mais em quantidade ou com qualidade capaz de serem fertilizados.

“O plasma rico em plaquetas (PRP) é produzido a partir do sangue da própria paciente em que será utilizado (sangue autólogo). O método é notavelmente simples e fácil de executar. A amostra é processada em uma centrífuga para aumentar as plaquetas, separando vários componentes de sangue, as células brancas e vermelhas do plasma e as plaquetas”, esclarece o médico.

As plaquetas são ricas em vários fatores de crescimento diferentes que vão atrair outras células de reparação (neutrófilos, monócitos, fibroblastos), também chamadas de células “trabalhadoras”, que permitem a proliferação tecidual.

• Aplicação de células-tronco na artéria ovariana

“Técnica piloto, que consiste na aplicação de células-tronco nas artérias do ovário, tem se mostrado promissora por ter conseguido que as pacientes engravidassem naturalmente após o transplante de medula óssea. Entretanto, consideramos uma técnica extremamente agressiva”, finaliza Cambiaghi.

Compartilhe:
Share on whatsapp
Share on facebook
Share on twitter
Share on telegram
Share on linkedin

Tem alguma dúvida sobre esse assunto?

Envie a sua pergunta sobre assunto que eu responderei o mais breve possível!

Para mais informações entre em contato com o IPGO

Fale conosco por WhatsApp, e-mail ou telefone

Posts Recentes:
Newsletter
Inscreva-se na nossa newsletter e fique por dentro de tudo!