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Gravidez

O objetivo deste capítulo é propiciar um melhor conhecimento dos sintomas e alterações orgânicas e psicológicas que ocorrem na gravidez. A compreensão destes eventos faz com que a gestação e o parto deixem de ser um total “desconhecido”, diminuindo ou eliminando o desconforto, o medo, a ansiedade e a angústia. Disto decorrem um melhor desempenho da paciente nos momentos que forem necessários, um pré-natal bem feito e um parto tranqüilo.

A gravidez é um assunto vasto, impossível de ser tratado num único capítulo, por isto são recomendáveis leituras complementares que tratam este assunto com mais detalhes. Como exemplo, Grávida Feliz, Obstetra Feliz, do mesmo autor deste livro.

Saiba como calcular o dia provável do parto

Uma das coisas que mais confundem uma gestante é a maneira de fazer o cálculo do tempo de gestação.

A duração da gestação é de aproximadamente 40 semanas, ou seja, 280 dias contados a partir do 1º dia da última menstruação. O cálculo da data provável do parto é feito, na prática, adicionando-se nove meses e sete dias ao dia em que começou a última menstruação.

É muito difícil para o leigo entender porque a contagem é feita a partir do 1º dia da menstruação, já que neste período a futura mamãe nem sabia se iria ficar grávida. A grande maioria das mulheres sabe, inclusive, o dia exato em que ficou grávida. Como então justificar a contagem do tempo de gestação antes desta data? A resposta é simples: padronização. Todo tempo de gravidez dado pelos exames de ultrassonografia, e as referências durante o pré-natal são calculados desta forma, pouco importando o dia exato da concepção.

Para aquela que conta em meses, o tempo de gestação é contado a cada 30 dias, iniciando-se a contagem 37 dias (se o ciclo for de 30 dias) após o 1º dia da última menstruação. Exemplo: se a última menstruação foi no dia 1º de janeiro, em todo dia 8 de cada mês será completado mais um mês de gestação, e no dia 8 de outubro serão completará 9 meses de gravidez.

Sintomas e modificações importantes comuns à gravidez

A gestação produz uma série de alterações no organismo materno que levam ao crescimento do volume abdominal. Temos alterações hormonais e enzimáticas.

Os sintomas dos quais a paciente se queixa são muitos e variados. A fadiga e o sono excessivo é comum, podendo as pacientes tornarem-se repentinamente exaustas. A insônia torna-se mais freqüente perto do término da gestação, quando o mal-estar físico causado pelo aumento do útero dificulta o sono da paciente. As náuseas e o vômito no princípio da gravidez são relativamente comuns, sendo que a salivação excessiva está freqüentemente associada aos mesmos. Esses sintomas, apesar de desagradáveis, traduzem indiretamente a quantidade de hormônio produzido. Sabe-se que as mulheres que têm muito enjôo e vomitam, dificilmente têm aborto. Dessa forma, esses acontecimentos não são tão ruins, pois têm um significado positivo no futuro da gestação. Também a constipação é comum, podendo agravar as hemorróidas. A azia é às vezes verificada. Vários outros tipos de mal-estar são encontrados, inclusive dor nas costas e na região inguinal (virilha). Queixas de cãibras nas pernas, que se repetem nas panturrilhas (barriga da perna) sobretudo à noite, são relativamente freqüentes (coma banana!). O aumento da freqüência urinária e nictúria (urinar muito à noite) é comum. É também freqüente, principalmente nos primeiros meses, uma maior sensibilidade olfativa, passando a gestante a sentir como intensos os cheiros que antes da gravidez não a impressionavam. Rejeição ao perfume e ao cheiro do marido são comportamentos comuns mas, felizmente, depois passam. Todos esses sintomas na verdade não são condições patológicas sérias, e parte deles pode ser tratada conservadora e sintomaticamente, como veremos mais adiante.

Atenção: sangramento vaginal, dor de cabeça grave, vômitos incoercíveis, dor abdominal aguda, calafrios ou febre
, dor na micção, perda de líquido pela vagina são sinais e sintomas que não devem deixar de ser comunicados ao médico.

Os exames mais importantes

O acompanhamento clínico no pré-natal é importantíssimo, mas a confirmação da boa saúde pelos exames laboratoriais logo no início e durante a gravidez, provando a inexistência de problemas significativos, pode ser ainda mais confortante.

Na primeira consulta, alguns exames básicos devem ser solicitados para detectar alterações consideráveis que quando diagnosticadas precocemente fazem com que o médico tome medidas preventivas fundamentais para o futuro do bebê. A lista apresentada corresponde àquilo que é julgado ideal, mas pode ser aumentada graças aos novos avanços da Medicina, ou reduzida, caso haja restrições financeiras por parte da paciente.

Exames Realizados Durante o Pré-Natal em Grávidas Sem Fatores de Risco

1º Trimestre (fase inicial da gestação)

Sangue

  • Hemograma completo; Glicemia de jejum; Sorologia para rubéola; Sorologia para lues; Sorologia para citomegalovírus; Sorologia para toxoplasmose; Tipagem sanguínea; HIV; Sorologia para hepatite B e C.

Urina

  • Urina I

Fezes

  • Proctoparasitológico (fezes)

Ultra-som

  • Ultra-sonografia endovaginal obstétrica

Medicina Fetal

  • Exame do vilo corial ou exame genético (quando indicado); Translucência nucal (13ª semana); Doppler ducto venoso; Presença do osso nasal.

2º Trimestre (fase intermediária da gestação)

  • Ultrassom morfológico (analisa a anatomia do bebê em detalhes); Ecocardiograma fetal; Teste triplo (quando indicado, e/ou Amniocentese para avaliação das anomalias fetais); Fibronectina fetal (identifica precocemente a gestante com risco de parto prematuro).

3º Trimestre (fase final da gestação)

  • Repetição de alguns exames de sangue; Ultrassonografia; Avaliação final do bem-estar fetal; Monitoragem fetal – cardiotocografia fetal; Ultrassom tridimensional; Perfil biofísico e Dopplervelocimetria (pode ser realizado em gestação de alto risco quando a monitoragem fetal não tiver sido satisfatória); Exames de toque (leve e delicado) com o objetivo de avaliar a dilatação do útero e a proximidade do parto; Pelvimetria (medidas da bacia) e outros (depende do caso).

Cuidados com a mãe e o bebê nutrição, álcool e cigarro

Uma dieta bem balanceada e saudável é essencial durante a gravidez. As orientações dietéticas saudáveis consistem em duas a três porções de derivados de leite e carne, três a cinco porções de vegetais, três a quatro porções de frutas e seis a onze porções de grãos diariamente, sem exageros de gorduras, doces e óleos.

O obstetra alertará qual será o peso necessário para se aumentar durante a gravidez. Geralmente é recomendado que a grávida não perca peso, pois isto pode acarretar uma perda de nutrientes necessários ao feto. Algumas pequenas refeições durante o dia, ao invés de fazer duas ou três grandes refeições, são recomendáveis. O Centro de Controle de Doenças aconselha às mulheres que estão pensando em ficar grávidas que comecem a tomar ácido fólico; isto é feito para diminuir o risco de defeitos no tubo neural, como espinha bífida, no bebê. Se o suplemento não começar antes da gravidez, deve começar assim que for comprovada a gravidez. A dose recomendada de ácido fólico é de 3 a 5 mg por dia. Pode ser tomado sozinho, ou com vitaminas múltiplas com minerais. O médico pode recomendar uma dose diferente para mulheres que possuem maiores riscos de ter um bebê com problemas no tubo neural. Além de uma dieta bem balanceada e do ácido fólico, a gestante deve tomar vitaminas suplementares e ferro.

Qualquer substância que a gestante ingira poderá alcançar o desenvolvimento do feto pela circulação sanguínea. Álcool, toxinas do cigarro, medicações e drogas têm o poder de prejudicar o feto. Mulheres que fumam são mais fáceis de ter um parto prematuro e ter bebês que tenham dificuldades no aprendizado ou pesos menores no nascimento. Beber álcool durante a gravidez também pode causar dificuldades no aprendizado da criança e alterações psicológicas. Não é bem conhecida qual a quantidade que irá prejudicar o feto. É melhor para a gestante não fumar, não beber além do permitido pelo seu médico, nem tomar qualquer medicamento que não tenha sido prescrito.

Infecções

As infecções durante a gravidez têm um aspecto relevante no bem-estar do bebê. Devem ser diagnosticadas nos exames pré-nupciais doenças como rubéola, citomegaluvírus e toxoplasmose.

Esta última é uma infecção bacteriana associada com a ingestão de carnes mal-passadas e contatos com animais domésticos (gatos, cães, papagaios, etc.), e pode causar defeitos no nascimento se for adquirida nas primeiras 12 semanas de gestação. Mulheres que estão grávidas devem evitar contato com esses animais. Não é necessário tirar o animal de casa, mas os cuidados são necessários.

Existem outras doenças infecciosas sexualmente que podem possibilitar riscos à saúde da mulher e do bebê, e por isto devem ser diagnosticadas logo no início da gestação, como a sífilis, o HPV e o herpes.

Atividades

Exercitar-se pode ser mais prazeroso durante a gravidez do que era antes dela. Embora algumas atividades não sejam apropriadas para mulheres grávidas, existem orientações específicas para se exercitar. Gravidez não é um bom período para aumentar seu condicionamento físico. Uma mulher com uma vida sedentária não deve começar um programa de exercícios físicos durante esta fase. Se ela estiver fisicamente bem, deve controlar o mesmo nível de exercícios durante a gravidez, com algumas modificações mínimas.

Exercícios

As seguintes normas gerais para exercícios na gravidez são recomendadas:

  • Exercícios regulares (pelo menos três vezes por semana) são preferíveis a atividades esporádicas. Atividades competitivas devem ser proibidas.
  • Exercícios que exigem um pouco mais de esforço não devem exceder a 15 minutos. Além do mais, exercícios devem ser feitos após 5 minutos de aquecimento (alongamento), mesmo que seja uma caminhada lenta ou uma bicicleta ergométrica, seguida de um período de “esfriamento” do corpo.
  • Atividades que requerem pulos ou mudanças rápidas devem ser suspensas pelo fato de causarem instabilidade. Nado e caminhadas são ideais durante a gravidez.
  • Os batimentos cardíacos de uma mulher grávida não podem exceder a 120 por minuto.
  • As mulheres devem tomar muito líquido antes, durante e após se exercitarem para evitar desidratação.
  • Atividades de grande impacto como esqui aquático, motociclismo, musculação e hipismo devem ser proibidas.
  • Atividades como sentar numa banheira quente ou sauna devem ser evitadas.
  • Mulheres que possuem uma história de aborto, parto prematuro, gravidez múltipla, sangramento vaginal ou doenças cardíacas devem consultar seus médicos para saber sobre exercícios durante a gravidez.

Viagens

Muitas mulheres perguntam se elas podem viajar enquanto estão grávidas. Geralmente não há nenhuma razão para a restrição da viagem. Se uma mulher ficar fora por um longo período, deve levar os medicamentos básicos para intercorrências simples (gripe, cólica, diarréia, enjôo) e levar consigo uma cópia de seu histórico médico e, se necessário, contatar um outro médico para algum eventual problema. Não é desaconselhado viajar de avião. Porém, deve-se andar um pouco durante as viagens aéreas para evitar a formação de coágulos nas pernas. É também muito importante o uso de cintos de segurança de três pontos. A mulher deve também carregar consigo líquidos e frutas para pequenos lanches.

Atividade Sexual

Após as primeiras semanas de gestação não há indícios de problemas para o feto devido a relações sexuais ou orgasmos. Se a mulher engravidar usando as técnicas de reprodução assistida, ela deverá ter algumas restrições sexuais nas primeiras semanas de gravidez. Mulheres com hiperestímulo ovariano se sentirão extremamente desconfortáveis durante as relações sexuais e não deverão fazer sexo até serem liberadas pelo seu médico. Algumas mulheres percebem mudanças no rendimento sexual durante a gravidez. Elas podem sentir aumento da libido, enquanto outras perceberão uma diminuição no seu desempenho sexual. Alguns casais temem que a relação sexual poderá prejudicar a gravidez. É importante que o casal discuta esse sentimento um com o outro. Se eles tiverem qualquer tipo de problema sexual, deverão comunicá-lo ao seu médico.

Apoio Psicológico

Gravidez é um acontecimento marcante, especialmente depois de alguns problemas com a fertilização. Quando a conquista da gravidez é difícil, os casais sentem necessidade de ter cuidados extras para garantir a segurança da gestação.

É normal para uma mulher ter sentimentos confusos durante este período. O primeiro semestre, em particular, pode ser desconfortável: as náuseas, o desconforto da hiperestimulação e a fadiga são comuns. É normal haver reclamações. A realidade da gravidez pode ser diferente do que era esperado. Os casais não devem hesitar em perguntar aos seus médicos sobre seus problemas.

Muitas mulheres querem dividir as novidades da sua gravidez com familiares, amigos e colegas. Algumas gestantes, mormente aquelas que passaram por um aborto, são mais cautelosas e preferem esperar que a gravidez avance um pouco mais antes de informar aos outros. Esta é uma decisão muito pessoal e cada mulher vai saber a hora certa de dividir sua novidade tão especial.

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