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Cuidados com a alimentação

“… A mãe nutre seu filho mesmo antes do nascimento dele. Além disso, transfere hábitos alimentares para seu bebê em crescimento, que, por sua vez, vai passá-los para a próxima geração como herança.

A ideia deste capítulo é orientar a gestante para que ela seja saudável e esteticamente satisfeita.
Todos os cuidados em relação ao bom andamento da gestação, como controle pré-natal, exames, etc, não terão justificativa, se, em primeiro lugar, não for adotada uma alimentação saudável.

As necessidades nutricionais da mulher modificam-se nesse período, passando a gestante a requerer maior quantidade de calorias e nutrientes específicos como, por exemplo, aumento da ingestão de ferro (mineral) e vitamina A.

A prevalência de anemia (falta de ferro no sangue) é alta na gestação, e dentre as causas que se destacam estão: a baixa ingestão dietética e o não conhecimento de como esse mineral poderia ser melhor absorvido quando ingerido. A anemia por deficiência de ferro está associada à diminuição da capacidade de trabalho e de concentração, à baixa resistência, às infecções, ao aumento da incidência de hemorragias, ao parto prematuro e ao baixo peso do bebê.

A falta de vitamina A compromete a gestação, pois esta é indispensável ao crescimento fetal normal, constitui reserva no fígado do feto e contribui para o crescimento tecidual materno (placenta, mamas, etc).
Os cuidados com a nutrição no pré-natal são importantes, pois permitem identificar precocemente as gestantes com alimentação inadequada, e intervir através de orientação nutricional individualizada. No geral, as grávidas devem aumentar as calorias ingeridas progressivamente no decorrer da gestação e incluir alimentos importantes para um resultado obstétrico desejado (bom peso ao nascer, idade gestacional adequada, ausência de patologias na gestação).

Dentre eles estão os carboidratos, as proteínas e as gorduras. Seguem alguns exemplos que justificam esse aumento:

  • O feto necessita de consumo contínuo de glicose para seu crescimento, e, com isso há uma diminuição fisiológica nos níveis de glicemia materna, o que, por si só, justifica um aumento de carboidratos na dieta, a depender do IMC (Índice de Massa Corporea) inicial da gestante.
  • Para o fornecimento de glicose para o consumo do feto e para o próprio sistema nervoso materno ocorrem ajustes no metabolismo de gordura da gestante. Parte desta gordura é retirada de seus próprios depósitos para fornecer energia.
  • Os níveis sanguíneos de proteína (aminoácidos) são menores na gestação, e tanto esses aminoácidos como a energia são indispensáveis para a formação dos tecidos do feto e das estruturas maternas.

A seguir, algumas vitaminas e minerais e seu papel na gestação, bem como, os alimentos em que são encontrados.

Ácido fólico / metilfolato

É importante para o desenvolvimento perfeito e crescimento normal, na formação de anticorpos, síntese de RNA e DNA, é vital para a divisão celular e síntese proteica, e está envolvido na prevenção dos defeitos do tubo neural. Além da alimentação, é recomendável a suplementação.

Alimentos fonte:

  •  espinafre
  • gérmen de trigo
  • suco de laranja
  • feijão branco
  • levedo de cerveja
  • repolho cru
  • fígado de boi

Vitamina A

Tem papel de destaque na visão, desenvolvimento fetal, regulação da proliferação e diferenciação celular, manutenção do tecido esquelético e da placenta.

Alimentos fonte:

  • agrião
  • cenoura
  • manga
  • abóbora
  • fígado de boi
  • manteiga
  • couve
  • leite

Vitamina C

Tem múltiplas funções no organismo, entre elas, a de antioxidante, participa da síntese e manutenção do colágeno (proteína estrutural dos ossos, cartilagens, músculos e vasos sanguíneos), atua na prevenção e no tratamento da anemia ajudando na absorção do ferro e aumenta a imunidade às infecções.

Alimentos fonte:

  • acerola
  • espinafre
  • laranja
  • pimentão
  • couve
  • goiaba
  • limão
  • couve-flor
  • kiwi
  • morango

Vitamina E

É um antioxidante. A deficiência pode causar anemia hemolítica em prematuros e anormalidades neuromusculares. Alguns estudos sugerem sua ação na prevenção do aborto.

Alimentos fonte:

  • abacate
  • óleo de milho, soja, girassol
  • leite de vaca
  • salmão

Vitamina K

É necessária para a coagulação sanguínea. A especificidade da vitamina K; durante a gestação, é indeterminada, contudo, por vários fatores de imaturidade do recém-nascido, este pode desenvolver a “doença hemorrágica do recém-nascido”. Logo, pediatras recomendam uma dose profilática de vitamina K, imediatamente após o nascimento.

Alimentos fonte:

  • agrião
  • espinafre
  • manteiga
  • alface
  • ervilha verde
  • queijos
  • brócolis
  • fígado bovino
  • couve
  • repolho

Vitamina B1

Esta vitamina é necessária para o metabolismo de proteínas, gorduras e, principalmente, de carboidratos. A deficiência desta vitamina pode prejudicar o desenvolvimento cerebral.

Alimentos fonte:

  • açaí
  • farinha de aveia
  • amendoim
  • flocos de cereais
  • avelã
  • lentilha
  • carne de porco
  • macarrão com ovos
  • feijão
  • tamarindo

Vitamina B2

Dentre as várias funções destaca-se a formação de células vermelhas do sangue; é necessária durante a gestação em quantidades proporcionais ao aumento dos requerimentos energéticos.

Alimentos fonte:

  • amêndoas
  • feijão
  • queijo prato
  • castanha de caju
  • fígado
  • queijo minas
  • castanha portuguesa
  • lentilha
  • flocos de cereais
  • ovo de codorna e galinha

Vitamina B6

Esta vitamina vem sendo indicada para gestantes no tratamento da hiperêmese gravídica (vômitos). A suplementação durante a gestação está associada com a melhora do índice de apagar (notas que o bebê recebe ao nascimento e que traduzem o grau de vitalidade). Sabe-se que o aumento na ingestão de proteínas leva a um aumento na ingestão de vitamina B6.

Alimentos fonte:

  • aveia
  • cereais integrais
  • leguminosas
  • batatas
  • fígado
  • carne de porco
  • frango

Vitamina B12

As principais manifestações de carência desta vitamina são: anemia megaloblástica e distúrbios neurológicos.

Alimentos fonte:

  • produtos de origem animal como: leite e derivados, carnes em geral, vísceras, frutos do mar, embutidos e ovos.

Cálcio

Durante a gestação são transferidos de 25 a 30g de cálcio para o feto, principalmente no 3º trimestre. Sua deficiência pode afetar o crescimento fetal, seu desenvolvimento e o parto prematuro.

Alimentos fonte:

  • leite e derivados como queijos e iogurte
  • sardinha
  • ostras
  • salmão

Fósforo

Juntamente com o cálcio é um mineral essencial, encontrado, em grande proporção, nos ossos e dentes. O aparecimento de câimbras, durante a gestação, tem sido relacionada a uma diminuição do cálcio – decorrente de um desequilíbrio da relação cálcio em relação ao fósforo.

Alimentos fonte:

  • carne bovina
  • peixe
  • ovos
  • leite e derivados
  • nozes
  • leguminosas
  • cereais
  • grãos

Ferro

Na gestação, é necessário não só para repor as perdas normais, como também para a expansão da massa de hemácias. Essencial, também, para cobrir as necessidades fetais e placentárias e garantir o crescimento do feto e da placenta. As necessidades de ferro são maiores a partir do 2º trimestre e é sabido que não são atingidas somente com alimentação, por isso, é recomendada a suplementação. Alimentos ricos em ferro devem ser ingeridos em combinação com alimentos ricos em vitamina C (frutas cítricas), o que favorecerá sua absorção.

Alimentos fonte:

  • aves
  • feijões
  • melado de cana
  • banana prata
  • fígado de boi
  • ovos
  • carne bovina
  • lentilha
  • vegetais de cor verde-escura

Iodo

O iodo está presente na formação dos hormônios de tireoide. A deficiência fetal de iodo é consequência da deficiência materna, resultando em abortos espontâneos e anormalidades congênitas. A importância nutricional deve-se ao importante papel dos hormônios no desenvolvimento cerebral normal.

Alimentos fonte:

  • frutos do mar
  • peixes
  • ricota
  • ovos
  • queijos
  • sal iodado

Zinco

É um importante mineral para as gestantes, devido a sua função no crescimento e desenvolvimento normais. Atua na integridade celular e em várias reações bioquímicas.

Alimentos fonte:

  • aves
  • leite e derivados
  • ostras
  • carne bovina
  • leguminosas
  • peixes
  • cereais integrais
  • mariscos
  • queijos
  • fígado
  • nozes

Magnésio

Participa no metabolismo de carboidratos, proteínas e gorduras. É antagonista ao cálcio, que promove contração muscular normal. O magnésio, por sua vez, promove o relaxamento muscular.

Alimentos fonte:

  • grãos de cereais
  • vegetais verde-escuros
  • leguminosas
  • semente de nozes

Omega-3

Estudos recentes tem comprovado a relação entre a ingestão de Omega-3 com a diminuição da incidência de parto prematuro e de doenças respiratórias nos primeiros dois anos do bebê.

Alimentos fonte:

  • Peixes: Os peixes de águas frias são uma das principais fontes de ômega 3
  • Oleaginosas: castanhas, nozes, amêndoas, pistache
  • Óleos vegetais. Os óleos vegetais, como o azeite e o óleo de canola, também são uma ótima fonte desse ácido graxo
  • Sementes
  • Camarão
  • Folhas verde escuras
  • Leguminosas


Como se pode perceber, quanto mais variada for a alimentação, mais facilmente se
consegue adquirir todos os nutrientes necessários à gestação.

CONTROLE DE GANHO DE PESO NA GESTAÇÃO


Deve-se partir do princípio de que toda gestante deve ter um aumento em seu peso inicial, que dependerá do estado nutricional materno e do peso no início da gestação. Segue abaixo uma tabela demonstrativa:

Vale lembrar que para a gestante adolescente, em fase de crescimento e desenvolvimento, as necessidades de energia e nutrientes são ainda maiores, pois destinam-se a garantir a manutenção dos processos metabólicos e o crescimento da mãe e do feto, além do que, a dieta inadequada é comum entre elas o que, por si só, justificaria a assistência nutricional o mais precocemente possível durante a gestação. É muito comum que gestantes adolescentes, pela idade em que se encontram, comam alimentos não saudáveis (junk foods), ricas em calorias e com baixa qualidade nutricional. O ganho de peso calórico, porem de baixa qualidade, constitui risco para a mãe e para os resultados perinatais.

Para gestação gemelar (dois fetos), o ganho de peso total recomendado está em torno de 16 a 20 Kg, com ganho semanal de aproximadamente 0,750 Kg no 2º e 3º trimestres, relacionando-se com melhores resultados obstétricos.

Orientação nutricional para gestantes com ganho de peso insuficiente

  • Tentar descobrir se as causas não são sintomas digestivos (enjoo, vômitos), infecção, aumento de atividade física ou simplesmente erros alimentares;
  • No caso da alimentação estar adequada (com todos os grupos de alimentos presentes), aumente a quantidade de alimentos a ser ingerida, de acordo com preferências;
    • Aumente o fracionamento da dieta (6 refeições ao dia) alimentando-se a cada 3 horas;
  • Aumente, com orientação, a quantidade de óleo e açúcar nas preparações (aumenta-se a densidade calórica);
  • Modere o consumo de café e chá mate;
  • Aumente a ingestão de líquidos entre as refeições;
  • Evite o fumo e o uso de bebidas alcoólicas;
  • Conscientize-se do ganho de peso recomendado.

Orientação nutricional para gestantes com ganho de peso excessivo

  • Descubra as possíveis causas como enjoo, náuseas (comer em pequenas frações várias vezes ao dia para diminuir este sintoma), ansiedade, “desejos” ou simplesmente dieta inapropriada;
  • Verifique se a sua dieta é inapropriada. Se a resposta for positiva corrija erros alimentares como o consumo excessivo de alimentos muito calóricos, como fritura, doce, chocolate, etc e ou de “calorias vazias” sem valor nutricional, como o refrigerante;
  • Aumente o fracionamento da dieta (6 refeições ao dia), diminuindo a quantidade de alimentos ingeridos;
  • Busque estabelecer novos hábitos, aprendendo a se alimentar corretamente;
  • Prepare os alimentos assados, cozidos ou grelhados;
  • Use óleo com moderação, excluindo banha e toucinho nas preparações;
  • Para temperar use alho, cebola, ervas, cheiro-verde, sal (em pequena quantidade), limão ou o que mais apreciar, tomando cuidados com molhos industrializados;
  • Não consuma arroz, batata e massas em uma mesma refeição; escolha um destes alimentos;
  • Aumente a ingestão de vegetais. Dê preferência aos crus, pois são mais nutritivos e aumentam a saciedade;
  • Aumente a ingestão de frutas ao invés de sobremesas elaboradas ou doces;
  • Use leite e derivados com menor quantidade de gordura (desnatado);
  • Aumente o consumo de alimentos integrais – são mais nutritivos e têm mais fibras – isto ajudará no funcionamento intestinal;
  • Aumente a ingestão de líquidos (água) entre as refeições;
  • Utilize o açúcar para adoçar líquidos ou não adoce sucos, principalmente os de frutas. O uso de adoçantes deve ser conversado com o médico ou nutricionista que irão avaliar seu caso e, havendo necessidade, poderão indicar o uso;
  • Alimente-se adequadamente todos os dias, inclusive aos sábados, domingos e feriados;
  • Aumente atividade física, caso não seja contraindicado.

É importante salientar que o fato de estar acima do peso, não significa estar bem nutrido. Esta preocupação não visa somente à estética, mas, principalmente, a garantia de que um desejado e recomendado ganho de peso, evite certas patologias durante a gestação, como o desenvolvimento de diabetes gestacional e a hipertensão arterial, que podem acontecer pelo aumento exagerado no peso e, consequentemente, comprometer a saúde da mamãe e do bebê.

O sobrepeso e a diabetes podem ainda causar problemas no momento do parto, e dificultar a recuperação pós-parto.

Psicologia do controle de peso e modificação do comportamento

A modificação do comportamento como coadjuvante na terapia do controle de peso é usada há alguns anos, e tem sido fundamental para o sucesso do emagrecimento. Na gravidez, com a mudança natural do metabolismo, essa modificação é muito importante.

O obeso, independentemente da idade, tem, na maioria das vezes, hábitos alimentares ruins. Se os costumes anteriores causam excesso de peso, a paciente precisa, então, mudar seus hábitos.

A gestante, com tendência a obesidade, deve estar, em primeiro lugar, consciente de que precisa controlar o peso. Mas só a consciência não basta; precisa estar realmente interessada em controlar a alimentação, desejando muito realizar essa tarefa. Deve criar soluções possíveis e ficar profundamente envolvida com o planejamento da alimentação. Se no início do plano não ficar satisfeita, deverá ter paciência e entusiasmo para ajustes e satisfação completa do programa. Esse total envolvimento é fundamental para o sucesso do programa. Se isso não ocorrer, a paciente obesa se limitará a “seguir dietas” por tempo determinado, não engordando muito em um determinado mês, mas depois tornará, provavelmente, a ter um aumento de peso mensal acima do desejado, por não ter mudado seus hábitos e padrões alimentares: hábitos alimentares são adquiridos.

A mudança de qualquer comportamento, especialmente o alimentar, não é fácil nem rápida. Enquanto aprendem novos hábitos e alteram os antigos, as pessoas precisam de incentivo e reforço positivo constantes. No começo, muito disso vem de observações próprias na forma de anotações diárias que mostram o controle sobre o comportamento alimentar. Mais tarde, o reforço virá dos comentários das outras pessoas a respeito da boa aparência, do bem estar e de uma imagem física agradável. É sempre bom lembrar que a meta é a adoção de melhores hábitos, o que, consequentemente, levará a um ganho adequado de peso na gestação.

A ideia do novo hábito é essencial. A gestante deve absorver e fixar essa filosofia, fazendo com que esteja presente em todos os momentos do cotidiano.

Sugestões para iniciar mudanças do comportamento alimentar

  • Mastigue cada porção de alimento 15 vezes, antes de engolir;
  • Deixe os talheres no prato entre cada porção de alimento;
  • Espere 15 segundos entre cada porção de alimento;
  • Sente-se à mesa antes de começar a comer;
  • Coma em apenas um lugar, preferencialmente na cozinha ou na sala de jantar. Não veja TV, nem trabalhe durante as refeições. Quando não estiver comendo,
    torne-se indiferente à comida;
  • Descubra outras atividades, além da alimentação, que sejam agradáveis (sociais e esportivas), e exerça-as em vez de comer;
  • Sirva refeições em um prato menor, de modo a parecer que há mais alimento;
  • Escreva a quantidade de tudo que foi comido para não ultrapassar o número de
    calorias programado;
  • Falar muito ou discutir durante as refeições aumenta a ingestão de ar (aerofagia),
    prejudicando a secreção de enzimas digestivas;
  • Não use goma de mascar (chiclete);
  • Faça de 5 a 6 refeições por dia, mas não ultrapasse o número de calorias recomendado (5 ou 6 refeições não significa “beliscar”)
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