O acompanhamento clínico no pré-natal é importantíssimo, mas a confirmação da boa saúde pelos exames laboratoriais logo no início e durante a gravidez, provando a inexistência de problemas relevantes, pode ser ainda mais confortante.
Logo na primeira consulta, alguns exames básicos devem ser solicitados para detectar alterações importantes que, quando diagnosticadas precocemente, fazem com que o médico tome medidas preventivas fundamentais para o futuro do bebê. A lista apresentada corresponde àquilo que é julgado ideal, mas pode ser aumentada devido aos novos avanços da medicina, ou reduzida, caso haja restrições financeiras por parte da cliente.
EXAMES REALIZADOS DURANTE O PRÉ-NATAL EM GRÁVIDAS SEM FATORES DE RISCO
1º TRIMESTRE (FASE INICIAL DA GESTAÇÃO)
Sangue
- Hemograma completo
- Glicemia de jejum
- Sorologia para Sífilis
- Sorologia para Citomegalovírus
- Sorologia para Toxoplasmose
- Tipagem Sanguínea
- Coombs indireto
- Sorologia para HIV
- Sorologia para Hepatites B e C
- Bacterioscopia de secreção vaginal
- Eletroforese de hemoglobina
- Colpocitologia oncótica (quando indicado)
- PAPP-A (proteína A plasmática associada à gestação)- entre 9 e 13 semanas de gestação.
- PIGF (fator de crescimento placentário)- entre 9 e 13 semanas de gestação.
Urina
- Urina I
- Urocultura
Fezes
Índice
Toggle- Protoparasitológico (fezes)
Ultrassom
- Ultrassonografia endovaginal obstétrica
Medicina Fetal
- Exame do Vilo Corial ou exame genético (quando indicado)
- Morfológico de primeiro trimestre (entre 11ª e 14ª semana de gestação). Quando será realizado o exame de Translucência Nucal, avaliação da presença do osso nasal e doppler do ducto venoso.
2º TRIMESTRE (FASE INTERMEDIÁRIA DA GESTAÇÃO)
- Ultrassom Morfológico (analisa a anatomia do bebê em detalhes) – entre 20 e 24 semanas de gestação.
- Ecocardiograma Fetal (idealmente realizado na 24ª semana de gestação)
- Teste Triplo (quando indicado e/ou Amniocentese para avaliação das anomalias fetais)
- Fibronectina Fetal (quando indicado, identifica precocemente a gestante com risco de parto prematuro)
- Curva glicêmica gestacional
- Sorologia de Toxoplasmose (quando o exame é negativo no primeiro trimestre).
3º TRIMESTRE (FASE FINAL DA GESTAÇÃO)
- Repetição de alguns exames de sangue e urina
- Ultrassom
- Avaliação final do bem-estar fetal
- Monitoragem Fetal – Cardiotocografia Fetal
- Ultrassom Tridimensional
- Perfil Biofísico e Dopplervelocimetria (podem ser realizados em gestação de alto risco quando a monitoragem fetal não estiver satisfatória)
- Pesquisa de Streptococcus β hemolítico do grupo B através de secreção vaginal e anal (a partir da 35ª / 36ª semana da gestação).
PRÉ-NATAL DO PARCEIRO / PARCEIRA
É muito importante a participação do segundo genitor nas consultas de pré-natal. Além disso, a gestação é uma ótima oportunidade de se realizar exames para identificação da saúde do parceiro ou da parceira. Segue abaixo alguns exemplos dos exames laboratoriais e clínicos que podem ser realizados:
- Tipagem sanguínea e fator RH
- Sorologia de Hepatite B
- Sorologia para Sífilis
- Sorologia para HIV
- Sorologia para Hepatite C
- Hemograma
- Dosagem de colesterol, frações e triglicérides
- Glicemia
- Eletroforese de Hemoglobina
- Aferição de pressão arterial
- Verificação do peso corporal, e cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC).
EXAMES LABORATORIAIS
Sangue
Hemograma Completo: mostra se a mãe apresenta anemia, ou dá indícios de infecção bacteriana ou viral; poderá ser repetido durante o decorrer do pré-natal se houver necessidade. A grávida tem valores de hemoglobina abaixo do esperado para o encontrado fora da gestação. Porém, anemia gestacional esta relacionada a restrição de crescimento fetal, trabalho de parto prematuro e hemorragia pós-parto.
Glicemia de jejum: É um exame para o diagnóstico de diabetes. Em casos específicos deve ser repetido durante a gestação e acompanhado da glicemia pós-prandial ou curva glicêmica.
Tipagem Sanguínea e fator Rh (ABO-Rh): Necessário para detectar o tipo de sangue, principalmente quando a gestante é Rh negativo e o esposo Rh positivo. Essa combinação exige exames de controle durante a gravidez para detectar se houve isoimunização (passagem do sangue fetal Rh positivo para mãe com “fabricação” de anticorpos). O Rh negativo, hoje, não acarreta riscos desde que haja um controle periódico pelo exame de sangue Coombs Indireto. Não se deve esquecer da aplicação na 28ª semana de gestação e logo após o parto, de uma “vacina” que iniba a formação do fator anti-Rh, para as gestantes/mães com fator RH negativo.
Citomegalovírus: Sorologia que indica infecção ativa ou pregressa pelo contato com o vírus (mais detalhes no capítulo 6).
HIV, Hepatites B e C: Sorologia que determina infecção ativa ou pregressa pelo contato com o vírus. O diagnóstico precoce é de importância fundamental, pois poderemos evitar não só contaminações desnecessárias, como, também, riscos. Para as três infecções há tratamentos que podem ser usados durante a gestação diminuindo a chance de transmissão da infecção para o bebê.
Rubéola: É possível detectar infecção ativa ou pregressa pelo contato com o vírus. O conhecimento da existência de anticorpos tipo IgG tranqüiliza por saber que a paciente teve, no passado, contato com a doença ou foi vacinada e, portanto, não terá mais esse tipo de infecção; se tiver a doença será de uma maneira tão branda que não prejudicará o futuro bebê. Se for IgM positivo indica que a infecção é recente e, isso sim, será motivo de preocupação, pois a doença está em atividade.
Sífilis (VDRL, TPHA): Indica se a paciente apresenta infecção pelo Treponema pallidum ou houve infecção pregressa. A sífilis, quando não tratada na gravidez, leva a problemas gravíssimos no feto. Entretanto, se a paciente for medicada no início da gestação, o bebê tem risco minimizados. É muito importante tratar o parceiro.
Toxoplasmose: É possível detectar infecção ativa ou pregressa pelo contato com o protozoário da toxoplasmose. Este, quando existente, é responsável por alterações importantes no bebê. Quando tratada habilmente e em tempo, o feto deve nascer sem problemas.
Urina
Urina I (com urocultura, se possível): Determinará se está ou não ocorrendo infecção urinária, que deverá ser tratada na gravidez. A infecção urinária é muito comum na gestação, principalmente pelas modificações anatômicas provenientes do aumentado útero e pelas alterações hormonais próprias da gravidez. Qualquer indício de infecção acarreta tratamento ou repetição deste exame.
Fezes
Parasitológico: Detecta parasitas nas fezes que eventualmente causam anemia ou outras complicações às gestantes. Esses parasitas não causam problemas ao feto, mas devem ser diagnosticados e tratados na época adequada da gestação para evitar problemas à mãe.
Conteúdo vaginal (corrimento)
A Bacterioscopia de secreção vaginal irá identificar alguma infecção não diagnosticada no exame clínico. Se presente a infecção deverá ser tratada para evitar possível trabalho de parto prematuro (dados da literatura controversos).
Eletroforese de hemoglobina
Recomendado pelo Ministério da Saúde desde 2016 a coleta universal de eletroforese de hemoglobina propicia o diagnóstico de doenças hereditárias causadores de anemia.
Pesquisa de Streptococcus β hemolítico do grupo B através de secreção vaginal e anal.
Embora o corrimento vaginal, sem odor de cor clara seja normal, a pesquisa da bactéria Streptococus B Hemolítico na “secreção” vaginal, na 37a semana de gestação, é muito importante. A presença desta bactéria pode levar a complicações para mãe e para o bebê no pós-parto.