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DIAGNÓSTICO DE MIOMAS UTERINOS

EXAME FÍSICO

Nem sempre os miomas podem ser detectados por exame físico, entretanto, um exame físico cuidadoso e detalhado pode ser muito útil no diagnóstico desta patologia.

Assim, existem 3 aspetos essenciais:

  • Inspeção e palpação do abdome em que os maiores miomas podem facilmente ser detectados;
  • Exame com espéculo: permite diagnóstico de miomas cervicais e paridos (miomas submucosos que se exteriorizam pelo colo);
  • Toque bimanual: miomas subserosos e intramurais podem ser detectados por um útero aumentado de forma irregular, com massas bem delimitadas de consistência duro-elástico.

Miomas pequenos, em geral, não são percebidos ao exame físico

EXAME POR IMAGEM

Com o desenvolvimento de novas armas terapêuticas menos invasivas e mais adaptadas às necessidades da mulher, observa-se a necessidade de definir com exatidão as características, localização e mapeamento dos miomas. Para atingir este objetivo, é necessário recorrer a exames de imagem, que possam ser mais precisos para distinguir as lesões potencialmente malignas das benignas. Conhecer as alterações anatômicas produzidas por esta patologia é essencial para a conclusão do diagnóstico e a terapêutica futura quando necessária.

ULTRASSONOGRAFIA TRANSVAGINAL

É o exame gold standard (padrão-ouro) para avaliação inicial da paciente com miomas uterinos. É fácil de usar, é segura, tem baixo custo (comparativamente a outros exames de imagem) e está facilmente disponível. Contudo, a sua sensibilidade depende do aparelho de ultrassom e do médico examinador. Ecograficamente, os miomas surgem tipicamente como lesões nodulares sólidas hipoecogênicas com origem na camada miometrial. Na maioria das vezes, ultrassonografia pélvica transvaginal é suficiente na identificação e no diagnóstico diferencial entre miomas uterinos e outras patologias pélvicas. A sensibilidade, especificidade e valor preditivo positivo do uso de sonda abdominal, em associação com a sonda endovaginal no diagnóstico de miomas uterinos chega a 90-98%. A sensibilidade da ultrassonografia aumenta com o uso de sondas com maior frequência e diminui nos casos de úteros muito volumosos, nos que contêm múltiplos nódulos de mioma e também quando os miomas são pequenos ou subserosos. Não é igualmente um método preciso para a distinção entre leiomiomas, leiomiosarcomas e adenomiose.

ULTRASSOM MOSTRANDO ÚTERO COM MIOMAS E UM DESENHO ESQUEMÁTICO

HISTEROSSONOGRAFIA

Histerosonografia (HSoG) é um exame de ultrassom em que é inserido através da vagina um pequeno cateter dentro do útero para ser injetado uma solução fisiológica. Esta técnica aumenta a sensibilidade na detecção de miomas submucosos. A instilação de solução salina intrauterina, na histerossonografia, providencia contraste e uma melhor definição dos miomas submucosos, pólipos, hiperplasia endometrial ou carcinoma.

Enquanto que a sensibilidade e especificidade na detecção de lesões endometriais focais é de 70% e 96%, respectivamente, quando usamos apenas ecografia transvaginal, quando recorremos à HSoG, a sensibilidade aumenta para 90%. Atualmente, aceita-se que a HSoG é uma das técnicas mais sensíveis para avaliar e orientar as cirurgias endoscópicas dos miomas submucosos.

No caso de crescimento rápido dos miomas, a fluxometria poderá auxiliar no diagnóstico diferencial com leiomiosarcoma, embora estudos recentes não sejam unânimes nesta afirmação.

TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA (TC)

Tem um papel muito limitado no diagnóstico de miomas uterinos. Não permite o diagnóstico diferencial com segurança entre miomas uterinos e outras massas uterinas ou cervicais. O achado mais frequente é o aumento do tamanho uterino ou deformidade dos seus contornos. A presença de calcificação é o sinal mais específico, mas é encontrado em menos de 10% dos casos.

RESSONÂNCIA MAGNÉTICA

É o método de imagem mais fidedigno no diagnóstico, mapeamento e caracterização dos miomas uterinos, tendo-se tornado no complemento da ecografia em casos selecionados, ultrapassando as suas limitações. 

Trabalhos bem conduzidos afirmam que se trata de um exame menos dependente do operador, logo, mais reprodutível. 

Apesar do elevado custo, a ressonância magnética é um exame seguro, com baixa variabilidade entre observadores na interpretação de imagens, que permite uma excelente visualização de praticamente todos os miomas em úteros volumosos. Tem especial utilidade no diagnóstico diferencial com adenomiose e na distinção entre massas benignas e malignas.

RESSONÂNCIA NUCLEAR MAGNÉTICA MOSTRANDO MIOMA VOLUMOSO

Ressonância com cine-mode-display: é uma ressonância nuclear magnética com um software capaz de medir as contrações uterinas e sua direção. Recomendamos realizar durante a fase lútea (em geral entre 19º e 26º dia do ciclo), ou seja, após a ovulação, ou após reposição de progesterona, que simula a fase lútea, que tem o efeito de relaxar a musculatura uterina. Pode ser útil em pacientes em tratamento de reprodução assistida.

VÍDEO-HISTEROSCOPIA DIAGNÓSTICA

A vídeo-histeroscopia consiste na introdução de um tubo fino com fibra óptica através do colo uterino, tendo assim, uma visão do seu interior. Como permite a inspeção da cavidade uterina, é o melhor método diagnóstico para miomas submucosos, sendo possível distingui-los de pólipos. A sua grande vantagem, relativamente aos outros métodos, é a capacidade de determinar a viabilidade para a excisão.

VÍDEO-HISTEROSCOPIA MOSTRANDO MIOMA SUBMUCOSO

HISTEROSSALPINGOGRAFIA (HSG)

É um raio X após injeção de contraste dentro do útero. Com isso, consegue-se avaliar a integridade da cavidade uterina (sinéquias, miomas, pólipos, malformações uterinas), além da permeabilidade das tubas uterinas. É geralmente realizada quando o mioma está relacionado à infertilidade, por ser um exame muito útil na avaliação das trompas. Para avaliação exclusiva da cavidade uterina, histeroscopia tem melhor sensibilidade e especificidade.

HISTEROSSALPINGOGRAFIAS MOSTRANDO FALHAS DE ENCHIMENTO NA CAVIDADE UTERINA SUGESTIVAS DE MIOMAS SUBMUCOSOS.

Este texto foi extraído do e-book “Miomas Uterinos e a Infertilidade”.
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