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A videohisteroscopia e a biópsia do endométrio melhoram os resultados dos tratamentos de infertilidade

Dr. Arnaldo Schizzi Cambiaghi

“Endometrial Scratching” – Células NK- Endometrite

Avaliação da cavidade uterina é recomendada nos tratamentos de infertilidade, principalmente antes dos programas de fertilização in vitro, pois ajuda a afastar alterações como pólipos, miomas, septos ou aderências que podem impedir a implantação dos embriões. Avaliação da cavidade uterina é fundamental nos tratamentos de infertilidade, principalmente antes dos programas de fertilização in vitro, pois ajuda a afastar alterações como, pólipos, miomas, septos, aderências que podem não ter sido identificadas pelo ultrassom transvaginal e impedem a implantação dos embriões. O melhor exame para essa investigação é a videohisteroscopia (visualização da cavidade uterina por um endoscópio), que eu recomendo antes das transferências embrionárias ou, pelo menos, antes da transferência embrionária,   pois, além de diagnosticar as alterações citadas, pode identificar, pela biópsia do endométrio, outros problemas como a endometrite e aspectos imunológicos do endométrio como endométrio hiperimune, baixa atividade e citotóxico. Todos estes diagnósticos levam a tratamentos específicos que podem aumentar a chance de sucesso da FIV. As células NK (Natural Killer) devem estar em equilíbrio e obedecer a uma certa proporcionalidade. Este assunto deve ser considerado de forma individualizada para cada paciente. Lembro que as células NK não podem estar em concentração ALTA nem em concentração BAIXA. O que importa é o equilíbrio e a avaliação dos marcadores CD56, CD16, CD163.e CD45.  Quando estão em excesso, ou quando estão muito baixas podem atrapalhar a implantação dos embriões. Entretanto, ainda é necessário a realização de outros estudos sobre este assunto para uma conclusão definitiva sobre o real valor desta avaliação.

A biópsia de endométrio é um procedimento simples minimamente invasivo, que dura cerca poucos minutos e geralmente é indicado para diagnóstico de infertilidade ou de câncer. Pode ser realizada durante a videohisteroscopia.

Muitas vezes, o próprio ato da biópsia do endométrio pode, por si, melhorar a chance de implantação bem-sucedida (como está explicado no quadro abaixo), nos casos dos endométrios com baixa ativação.

No IPGO eu realizo com uma cânula especial idealizada no IPGO que já foi apresentada em Congressos internacionais batizada TRIFUNART (Triple Function Assisted Reproductive Tecnology). Essa cânula foi construída com o objetivo de tornar o exame menos desconfortável pois evita o seu contato com o colo uterino na sua passagem por esta região, tanto na entrada como na saída. É inserida pelo interior do próprio instrumento, sem tocar a paciente, até próximo ao fundo uterino. Cria-se, então, uma sucção com um êmbolo e, em seguida, com um movimento suave, rotatório e para trás num raio de 2-3 cm dentro da cavidade, mas sem se aproximar do colo uterino, retira-se o material endometrial para ser encaminhado para análise.

Assim, a videohisteroscopia com biópsia única, que deve ser feita entre o 21° e o 26° dia do ciclo, é recomendada com mais dois objetivos:

  1. Coleta de material endometrial por pesquisa de células NK (CD56, CD163 e CD16);
  2. Coleta de material endometrial por pesquisa de endometrite (Plasmócitos – CD 138).

CÉLULAS NK NO ÚTERO PODEM CAUSAR INFERTILIDADE E ABORTOS (CD56+ E CD16+)

As células mais comuns do sistema imunológico na cavidade uterina no momento da implantação do embrião e no início da gestação são as células NK, que têm demonstrado um importante papel em problemas reprodutivos. São encontradas no sangue e no endométrio (interior do útero). Estas duas letras maiúsculas (NK) são a abreviatura em inglês de “Natural Killer”, que significa em português “Assassinas Naturais”. Essas células recebem também outra denominação, CD56 ou CD16 (Cluster of Differentiation), de acordo com o marcador de diferenciação que carregam. Muitos estudos demonstram o aumento delas em pacientes com histórico de abortos (Quenby e Cols., 1999; e Zenclussen e Cols., 2001) e falhas de implantação de embriões, tanto na gravidez natural como nos tratamentos de fertilização (Tuckerman e Cols., 2010). Esses autores pesquisaram as células NK no útero no período após a ovulação e antes da menstruação, pois é nessa fase que ocorre a gravidez.

ENDOMETRITE (PLASMÓCITOS – CD 138)

A endometrite tem sido observada em 15% das mulheres que realizam histeroscopia diagnóstica antes do tratamento de fertilização in vitro (Feghali e Cols., 2003) e até em 42% das mulheres que tiveram falhas nesse tratamento. Por isso, o diagnóstico de endometrite tem sido associado a infertilidade, abortos repetidos, parto prematuro e falhas de implantação nos tratamentos de fertilização (Devi Wold e Cols., 2006). A endometrite pode ser causada por bactérias e outros micro-organismos, mas na maioria das vezes não é possível isolar o agente causador da infecção, e o paciente sequer apresenta sintomas que apontam para essa possibilidade. A endometrite pode levar a sintomas discretos, como o corrimento vaginal, dores pélvicas leves ou sangramento vaginal irregular, mas geralmente é assintomática (Polisseni F. e Cols., 2003; DeviWold e Cols., 2006).

Ainda assim, pode produzir toxinas (endotoxinas) que causam danos ao embrião e ao processo de implantação. A biópsia do endométrio é o melhor método para que se tenha esse diagnóstico, e pode ser realizada durante a vídeo-histeroscopia indicada antes do início do tratamento de infertilidade, seguida da análise do material pelo médico patologista que identificará, pela técnica imuno-histoquímica, a presença do marcador CD 138 (ou Syndecan-1) no interior do endométrio (estroma), o que indica a presença de células inflamatórias chamadas Plasmócitos. Quando o agente causador não for identificado, o tratamento é feito de modo empírico, com antibióticos de amplo espectro.

Referências:

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