Polimorfismo 4G/5G do PAI-1
Arnaldo Schizzi Cambiaghi e Rogerio B. F. Leão
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Uma alteração genética pode estar associada a abortos, falha de implantação (portanto podendo ser causa de infertilidade), insucessos nos tratamentos de fertilização e complicações gestacionais (como insuficiência placentária, que pode levar a restrição de crescimento e alterações na circulação fetal). Além disso, esta alteração está também associada com o risco aumentado de doenças cardiovasculares, levando a uma chance de 20% de infarto do miocárdio. É o polimorfismo 4G/5G do PAI-1.
Em uma publicação na revista científica internacional American Journal of Reproductive Immunology, uma meta-análise de 18 estudos publicados demonstrou que este polimorfismo pode estar realmente associado a abortos e sua pesquisa deve fazer parte da investigação de aborto recorrente. Outro estudo sugere associação com complicações gestacionais tardias, como insuficiência placentária, que pode levar a restrição de crescimento e alterações na circulação fetal. Sugere-se ainda que poderia estar associada à falha de implantação, mas ainda não há dados conclusivos nesta área.
Esta alteração genética é mais uma das conhecidas trombofilias que estão relacionadas ao risco de trombose. A trombofilia mais frequente é a Síndrome do anticorpo antifosfolípede (SAAF), presente em 15% das mulheres com aborto de repetição. Sem tratamento, a chance de um bebê nascido-vivo nestes casos é menos de 10%.A pesquisa é feita através da coleta de sangue em laboratório especializado com a pesquisa de:
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ToggleAlém da SAAF, existem outras trombofilias que poderiam estar associadas a abortos e já fazem parte da investigação. São elas:
- fator V de Leiden – mutação G1691A;
- mutação G20210A do gene da protrombina;
- deficiência de Proteína S;
- deficiência de Proteína C;
- antitrombina III;
- mutação C677T e A1298C da Metilenotetrahidrofolatoredutase (MTHFR);
- homocisteína;
- antifosfatidilserina.
No caso do polimorfismo 4G/5G do PAI-1, o inibidor do ativador do plasminogênio tipo 1 (PAI-1) é um dos fatores que regula a coagulação do sangue. O polimorfismo 4G/5G é uma variação comum do gene do PAI-1 que está relacionado com a concentração plasmática do PAI-1. O alelo 4G leva a maiores concentrações de PAI-1, aumentando a coagulação; enquanto o alelo 5G resulta em menores níveis de PAI-1 circulantes. A presença do alelo 4G está associada ao risco aumentado de eventos tromboembolíticos e doenças cardiovasculares, com risco de 20% para o infarto do miocárdio.
Além disso, altas concentrações de PAI-1 são encontradas em mulheres com aborto precoce de origem desconhecida e a presença do alelo 4G pode explicar estes casos, principalmente se no exame de sangue for detectado o alelo 4G em homozigose (2 alelos).
Considerando que pelo menos 25% dos casos de aborto recorrente não se encontra uma causa que explique, a pesquisa do polimorfismo 4G/5G é mais um exame que pode auxiliar neste diagnóstico e permitir um tratamento para que um novo aborto seja evitado.
O tratamento se faz com AAS 100 mg/dia e heparina subcutânea em dose profilática, com excelente taxa de sucesso.
Estudo do Poliformismo 4G/5G do PAI – 1
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